O Corpo: Saúde… em ABUNDÂNCIA
A Saúde é uma das 4
grandes áreas relativas à Abundância. São elas: a relação connosco mesmos, a
relação com os outros, a abundância no mundo físico e a saúde ou a nossa
relação com o corpo físico.
Não é pois de admirar
que seja este um dos temas comuns prediletos e quando se trata de desejar algo
de bom a alguém surja a Saúde como uma das prioridades. “Haja saúde” ou
“havendo saúde há tudo”, ou “muita saúde” são expressões comuns do dia a dia.
Dei com um artigo há
dias que dizia que na generalidade, passamos 5 anos da nossa vida, em média, a
preocuparmo-nos! Veja-se quanto tempo (que é energia) gastamos com algo que não
leva a nenhum lugar! Preocupação. E a maioria das nossas preocupações são
acerca do corpo (forma, peso, saúde), logo seguidas das preocupações
financeiras. Sobre o dinheiro falamos a seguir. Agora falemos sobre o corpo e
respetiva saúde.
Tudo na nossa vida
está interligado. Não pode por isso haver saúde se não houver equilíbrio. E
quando falo de equilíbrio refiro-me acima de tudo ao equilíbrio interno,
emocional, mental e espiritual. A falta de equilíbrio interno leva por sua vez
a comportamentos que põem em risco a saúde. Aliás, a falta de escolha
consciente em relação à nossa realidade, que deriva da falta de uso ativo da
nossa consciência expandida, leva à aleatoriedade da nossa vida em todas as
áreas, incluindo a saúde física.
Quando menciono aqui
Saúde, refiro-me à Saúde em geral, física ou mental, pois qualquer
desequilíbrio considerado doença tem um reflexo no nosso corpo físico, e é esse
o assunto que aqui se expõe.
Não sendo médica, não
irei aqui fazer diagnósticos nem dar soluções de cura a nível médico. Sou no
entanto profissional de Exercício e Saúde e nesta ótica, pretendo proporcionar
aqui uma perspetiva mais ampla da Saúde.
Várias são as
questões pertinentes a abordar.
A primeira será a
relação que tens com o teu corpo. Neste capítulo coloco agora algumas questões
para tua reflexão.
Por
favor responde às perguntas sem refletir sobre elas, escreve simplesmente a
primeira resposta que te ocorrer, sem pensar sobre o sentido das perguntas e
das respostas:
1. De
0 a 100% como consideras a tua relação com o teu corpo?
2. Há
partes do teu corpo com as quais não te sentes inteiramente satisfeito/a?
Responde apenas SIM ou NÃO.
3. De
0 a 100% qual é o teu grau de conforto com o teu corpo?
4. O
que os outros pensam sobre o teu corpo é importante para ti?
Responde
apenas SIM ou NÃO.
Escreve
algumas frases ou palavras chave /notas sobre as seguintes perguntas:
1.
O que fazes para cuidar do teu
corpo?
2.
O que fazes para cuidar do teu
corpo, deriva do medo de não ter saúde ou do prazer de estar são?
3.
Costumas respeitar os ritmos
naturais do teu corpo (por exemplo descansar quando estás cansado/a, dormir
quando tens sono, dar tempo ao corpo para se regenerar quando estás doente,
parar quando sentes dor e cuidar dessa dor, etc…)?
4.
Ouves o teu corpo (sentes o que
ele te diz)?
5.
O teu corpo é a forma / o espaço
físico com que te apresentas ao mundo, ou é a forma / espaço físico que
habitas?
6.
Alguma vez te deste conta de que
as emoções afetam a forma como sentes o teu corpo? E se sim, permites-te
senti-las no teu corpo ou procuras “adormece-las” (com comida, exercício,
agitação, televisão ou qualquer outro tipo de distração)?
Como usar as tuas
respostas de forma produtiva? Em primeiro lugar estas perguntas deram-te
oportunidade para te situares em relação ao teu corpo e saberes como realmente
te relacionas com ele. Das tuas respostas deve ter-se tornado claro para ti se
a tua relação com o teu corpo é simples e fluida ou se é uma área de
“conflito”. Se há partes do teu corpo que rejeitas, se não te sentes
confortável com ele, se não respeitas inteiramente os seus ritmos naturais, se
não te dás conta de que as tuas emoções e pensamentos afetam o teu bem estar
físico, ou dás mas usas sempre algum tipo de distração para não sentires os
chamamentos do corpo, então é natural que por vezes a saúde falhe.
Repara, se não
tivesses corpo, não poderias caminhar sobre a Terra. Não poderias saborear,
cheirar, ver, ouvir, sentir tudo o que te rodeia, e mesmo que alguma destas
faculdades te seja vedada devido a algo que te falte em termos físicos, há
sempre muita abundância disponível para desfrutar neste magnífico planeta.
Ok. Algumas pessoas
nascem com doenças congénitas e/ou hereditárias, outras com deficiências
físicas. Todos trazemos a nossa história connosco, impressa no nosso padrão
genético, em todas as nossas células, moléculas e eletrões.
A questão é que o
potencial de transformação seja do que for no nosso corpo físico, existe. E
existe de igual forma para todos. Alguns poderão não estar a escolher
transformar o que trouxeram consigo para esta vida, pois serve-lhes uma
infinidade de propósitos que ninguém pode abarcar. E assim é. Mas haverá outros
que quererão transformar-se, e ainda que por vezes as deficiências físicas externas
não sejam facilmente alteráveis, a forma como escolhemos viver no corpo que
temos é completamente alterável.
Vou colocar agora
alguns desafios aos sistemas de crenças instituídos acerca da saúde física:
·
Simplesmente não existem doenças
crónicas, hereditárias ou congénitas incuráveis.
·
Não existem aliás, doenças incuráveis.
·
O corpo tem os seus próprios processos
de autocura.
· O ADN está em constante mutação
conforme mudamos os nossos hábitos, sistemas de crenças, comportamentos,
pensamentos. Podemos por isso anular doenças hereditárias quer na nossa vida,
quer na dos nossos filhos se tiverem sido concebidos após esta transformação.
Na saúde física, tal
como em todas as outras áreas da tua vida, aquilo em que acreditas é aquilo que
vês, compreendes e aceitas, logo, é aquilo que ocorre.
Em todos estes anos
como instrutora de Fitness e Personal Trainer, tenho assistido a inúmeras
transformações de pontos de vista, avanços e retrocessos. Em cada formação
obtemos pontos de vista diferentes e o que é excelente na ótica de uns, é
terrível na de outros. É necessário então usarmos o nosso próprio discernimento
para definirmos como nós vamos lidar com toda a informação cruzada.
O mesmo se passa nas
áreas da medicina e da nutrição. Uns dizem que faz bem isto, outros que isto
faz mal e que aquilo é que é apropriado, outros “não comas isso, isso é
péssimo” e depois vem o anterior e diz que afinal aquilo é que é saudável, uns
dizem que é preciso ser vegetariano, outros crudívoro, outros que uma dieta
híper proteica é a melhor… Fórmulas e mais fórmulas para um mesmo objetivo.
No meio disto tudo, o
que serve verdadeiramente para ti?
A questão é que à
medida que te amas e cuidas fazes as escolhas que te fazem sentir bem com o teu
corpo e no teu corpo, quer a nível de exercício físico, quer a nível
nutricional e mesmo a nível de cura. Se estiveres em sintonia com o teu corpo
sentes quando é necessário ir ao médico, quando é necessário tomar medicação,
que por sua vez funciona de forma muito mais eficaz porque a tomas com consciência
e em respeito pelos teus mecanismos naturais de cura, sabendo que os
medicamentos apenas auxiliam a inteligência biológica existente no teu corpo.
Um ponto a salientar
é o de que o teu corpo físico apenas reflete dor, desconforto, mal estar ou doença
quando há um desequilíbrio em ti. Esse desequilíbrio nasce nos campos emocional
e mental (ou até espiritual, ainda que o campo espiritual tenha sempre reflexo
no campo mental, emocional e físico). Existem inúmeros livros que podes
consultar sobre a metafísica dos desequilíbrios físicos, que te ajudarão a
perceber qual é a causa interna daquilo que te incomoda no teu corpo. O teu
corpo fala contigo constantemente. A questão é, será que lhe dás ouvidos? Se
não dás, certo é que falará cada vez mais alto até que lhe prestes atenção. Mas
na verdade podes viver a vida inteira sem lhe prestar atenção, acreditando que
as doenças te acontecem e que não há nada a fazer a não ser colocares-te na mão
dos profissionais de saúde, sem saberes que tu és o teu próprio Assistente
Pessoal de Saúde e que os profissionais da área servem apenas para ajudar-te
caso necessites de ajuda, mas quem se cura és tu! No fim do capítulo sobre “As
Dinâmicas do Abuso no Dia-a-Dia” estão alguns livros sugeridos, sobre
Metafísica da Saúde. São fáceis de consultar e qualquer pessoa pode ganhar uma
nova perspetiva sobre o que quer que seja que lhe esteja a causar mal estar
físico e assim tratar de resolver a causa, e não apenas mascarar os
efeitos/sintomas. O corpo é teu, por isso a culpa não é de ninguém, a causa
está sempre em ti, o que de certa forma torna as coisas bem mais fáceis de
equilibrar.
Foi com o auxílio
deste mergulho interno rumo às causas dos meus achaques físicos que eliminei
algumas condições crónicas que tinha: vesícula preguiçosa, sinusite, rinite
alérgica, lombalgia crónica, gripes, constipações, amigdalites, faringites e
laringites constantemente recorrentes e até algumas alergias. Escusado será
dizer que tenho o testemunho de muitas outras pessoas que também eliminaram doenças
como hipertensão e hipotensão, asma, híper e hipotiroidismo, problemas
digestivos intestinais vários, fibromialgia, tumores benignos e malignos, dores
de várias espécies etc, etc, etc.
O mais peculiar é que
até os problemas físicos aparentemente acidentais derivam de algo em ti. Por
exemplo, partimos ossos quando há em nós, nesse momento das nossas vidas,
alguma rigidez perante algum assunto fundamental. Sendo assim, as entorses, as
luxações, os cortes, as queimaduras e outros achaques acidentais, têm também
causas internas que podes rever, ganhando consciência sobre o que o teu corpo
te quer dizer. Esta tomada de consciência acelera radicalmente o processo de
cura.
Vou dar-te agora o
meu exemplo pessoal da evolução da minha relação com o corpo, para ilustrar
melhor esta temática e torna-la mais próxima da vida prática.
Quando entrei para o mundo do fitness
foi porque adoro movimento, adoro música, mas talvez e acima de tudo para
formatar o meu corpo. Olhando para isto mais de perto, parece-me que a maioria
das pessoas procura ter controlo sobre o seu corpo, de forma a inserir-se no
padrão geralmente aceite, por outras palavras, para ser aceite, reconhecido,
amado, apreciado, querido, útil e assim por diante.
Embora a desculpa básica possa ser a saúde e o bem estar geral, ou mesmo
o divertimento e a socialização, diria que o motivo básico verdadeiro é a
necessidade de aceitação, de nos encaixarmos naquilo que é esperado de nós,
naquilo que se diz que nos faz bem, não necessariamente no que nos faz bem.
Aliás, geralmente não temos ideia do que o nosso corpo gosta e nos faz sentir
mesmo bem porque não paramos para perguntar-nos, em sintonia com o nosso corpo.
Fui durante muitos anos hiperativa e workaólica. Agora vejo que era
assim para não sentir, porque sentir trazia-me alguma dor, fruto do que tinha
para resolver internamente, ainda que não soubesse na altura que se me abrisse
para sentir também teria tudo o que jamais sonhara!
Este é o motivo principal para a hiperatividade em geral. É um estado
constante de não presença, de estar fora do corpo, fora do momento presente,
fora da vida. O que significa que é uma forma de auto-abuso, um ato de desamor
para connosco próprios.
Controlar a quantidade de calorias ingeridas e consumidas, a forma certa
para cada parte do corpo, o ritmo cardíaco certo, a pressão sanguínea certa, a
capacidade pulmonar certa, a capacidade de resistência certa, a força certa, e
por aí adiante. Tudo isto são formas de controlo nas quais colocamos imensa
energia, pois que a energia usada tem tudo a ver com o foco da nossa atenção. Direcionas
a tua energia para onde colocas a tua atenção e vice versa.
Aliada a tudo isto está a eterna busca de uma perfeição utópica (que não
ocorre aliás, apenas em relação ao corpo físico), sempre tentando chegar mais
longe, fazer melhor, parecer melhor. Na forma física a noção de perfeição é
inatingível porque é em si mesma uma falácia. Sustenta a noção de que há algo
que é perfeito que nunca atingiremos mas que no entanto continuamos sempre a
tentar atingir. Daí que a noção de perfeição perca totalmente o seu fundamento,
pois tudo já é perfeito em si mesmo, quando visto fora da caixa da perfeição.
Bem, de volta ao corpo. Eu fazia exercício em excesso. No entanto
consegui o corpo quase perfeito. Era sempre apenas quase perfeito, porque nunca
se está satisfeito com o que se tem quando se tem esta postura perante o corpo.
Perante tudo, aliás. Por fora, como disse, o corpo era “quase” perfeito, mas
por dentro estava a deteriorar-se a um ritmo estonteante por excesso de uso.
Quanto melhor parecia por fora, pior me sentia por dentro. Que jogo! Mesmo após
ter desenvolvido uma lombalgia crónica, continuei com o meu ritmo normalmente
acelerado, por força de medicação para as dores. Quando por fim tirei um raio-x
e o médico me disse que a minha coluna (vértebras e discos intervertebrais)
estava num estado de desgaste similar ao
de uma pessoa de 60 anos (tendo eu 30), é que parei e olhei para a minha vida!
Foi aí que decidi mudar o tipo de atividades físicas que praticava, e reduzir
drasticamente o número de horas de prática também. Foi mais ou menos por essa
altura que também comecei a meditar, em busca de algo mais que apenas o corpo
físico.
Continuava, no entanto, insatisfeita. O meu corpo já não tinha a forma
ou peso que eu queria, e houvera encontrado em mim tanto para rever e
transformar que parecia impossível que algum dia viesse a chegar a algum lado!
Mal sabia eu que não tinha que ir a lado algum, aliás, que não havia nenhum
outro lugar onde ir, senão ficar onde já estava! Continuava a ir para fora de
mim em busca do meu Ser, para não permanecer no corpo que ainda não aceitava.
Fazia-o com as minhas diversas práticas espirituais, alienando-me do estar aqui
e agora, e procurando algo melhor algures no universo.
Havia também muito abuso energético na minha vida, conforme eu permitia
que os outros abusassem de mim de muitas e diversas formas, quer no trabalho,
quer em casa, o que levava a que eu perpetuasse esse mesmo ciclo de abuso
energético, fazendo-o também de variadas formas.
O que é o abuso energético, perguntas tu? É o simples ato de removermos
energia uns dos outros, através da atenção, do jogo da vítima e do abusador,
que são por sua vez uma e a mesma coisa. Este jogo pressupõe que os outros têm
algo que nós não temos mas que necessitamos, o que ocorre também na proporção
inversa. Desta forma chamamos à atenção uns dos outros das formas mais
criativas que se possa imaginar, sempre buscando apreço e aceitação. Da mesma
forma que damos o que aos outros parece faltar-lhes, apenas para obter a sua
aprovação, eles obtêm da nossa parte atenção. Isto passa-se de inúmeras formas.
A seguir a este capítulo, e como seguimento a este, coloco um pequeno capítulo
sobre “As Dinâmicas do Abuso no Dia-a-Dia” para que fique mais claro este tema,
bem fundamental quando se fala em abundância, ou falta dela.
Continuando…
Continuei o meu caminho de busca, pois que queria saber mesmo e saberia
com toda a certeza, quem eu realmente era!
Um dia disseram-me que tinha que amar-me. Claro que já me havia sido
dito muitas vezes antes, mas existe uma diferença bem grande entre dizerem-nos
algo que compreendemos claramente, ou dizerem-nos algo de que ficamos apenas
com uma noção vaga. Desta vez eu entendera. Este entendimento nasceu da prática
da Respiração Consciente.
Foi um grande salto para fora do conceito geral de que tomarmos conta de
nós é egoísmo, e fez muito sentido para mim. Dei-me conta do quanto rejeitava o
meu corpo, de quanto o houvera feito toda a minha vida, mesmo quando estava em
“perfeita” forma. Sempre houvera partes a corrigir, partes que não aceitava no
meu corpo.
Quando comecei este processo de amar-me e aceitar-me verdadeiramente
tudo mudou. A forma como faço exercício, a forma como como, a forma como me
sinto e a forma como me vejo. Percebi finalmente que não há um peso certo, uma
forma corporal certa, um tipo de corpo certo, um tamanho certo, uma percentagem
de gordura certa, um tipo de condição física certo, uma comida certa…
Quando começamos a amar-nos o corpo corresponde em uníssono com esse
amor. O nosso estado de saúde melhora naturalmente, escolhemos comidas com as
quais nos sentimos saudáveis, e não há duas pessoas iguais neste processo.
Escolhemos atividades que fazem o nosso corpo sentir-se amado e apreciado por
nós, que nos fazem sentir bem. Isto é bem estar!
Qualquer pessoa que sinta que está com excesso de peso e que comece
realmente a amar-se e a cuidar-se com todo o carinho começará a perder o peso
extra de forma natural e sem esforço. Não quer isto dizer que atingirá o peso
recomendado em qualquer tabela. Atingirá o peso que for confortável para o seu
corpo, e se ele cabe ou não nas tabelas não importa.
Quando nos amamos verdadeiramente, não fazemos escolhas em desamor, por
isso o que fazemos é completamente saudável para nós, e apenas para nós. Não
podemos caber em nenhum molde, pois não há duas pessoas iguais. Somos todos
únicos. Também não permitimos que abusem de nós, energeticamente nem o fazemos
aos outros porque passamos a usar a nossa energia de forma eficiente e
descobrimos como produzir e multiplicar a nossa própria energia a cada momento,
com natural graciosidade.
Aliás, o excesso de peso é uma forma de proteção em relação mundo
exterior, de proteção do abuso generalizado, o que nos leva a criar uma
armadura/casca. O mais engraçado é que é esta mesma armadura/casca que chama à
atenção dos outros e nos coloca sob o foco dos outros, quando o que realmente
queríamos era escondermo-nos do mundo. É isto mesmo, a dualidade – a luta
constante entre o que é e o que parece ser, entre o que pensamos que queremos e
o que obtemos.
Agora, mesmo não tendo abdominais e pernas de atleta, amo-me muito mais
que quando os tinha! E pouco me importa que peso tenho ou que medida de roupa
visto. O que importa é que estou verdadeiramente saudável e livre de dor. E
quando porventura fico doente, o que é raro, percebo que é hora de parar e
permitir que o corpo se regenere a si mesmo. E claro, aproveito para rever o
que me levou a essa doença ou dor. Quando sinto que o corpo me pede medicação
para auxiliar o processo, também respeito esse pedido, mantendo-a no entanto o
mais natural possível. O corpo tem os seus processos naturais de desintoxicação,
quer de toxinas físicas, quer de toxinas emocionais e mentais. A diarreia, os
vómitos, as gripes, as infeções, são formas naturais de desintoxicação que nos
libertam da energia estagnada no nosso corpo e nos permitem revitalizar. Há que
aceitar a sabedoria natural do corpo e respeitá-lo, com muita gratidão.
Permitir que a cura ocorra, e aceitar que o corpo sabe curar-se é sem dúvida
uma fórmula simples e eficaz para viver com saúde.
Quanto a mim, agora posso deliciar-me por estar no corpo pelo simples
prazer de move-lo da forma que melhor me faça sentir, e posso comer pelo puro
prazer de estar no corpo, posso beijar e abraçar e fazer amor e dançar e correr
e saltar pelo puro prazer de estar no corpo. Posso SER pelo puro prazer de
ESTAR AQUI no CORPO!!!
Não poderia deixar de referir neste capítulo sobre o corpo que é
possível até viver inteiramente da energia, do ar, do sol, da vida, sem ingerir
quaisquer alimentos ou bebidas. Existem hoje milhares de pessoal no mundo que
vivem desta forma. São eles os respiratorianos, solarianos, aquarianos ou
pranarianos e o que têm em comum é que vivem uma vida livre de alimentos,
gerando a sua energia vital a partir da energia da natureza propriamente dita –
do ar, do sol, da terra, das plantas e do amor em si mesmo.
Viver sem alimentos não é um requisito para a iluminação, é simplesmente
mais uma forma de viver, mas uma forma muito livre, diga-se. Estas pessoas não
são esqueléticas, têm imensa energia, praticam exercício físico regular, dormem
muito pouco pois não precisam, uma vez que é a combustão e processamento dos
alimentos que nos faz dormir mais. Acima de tudo são pessoas que não têm em si
qualquer dúvida sobre a capacidade do seu corpo de se suster a si mesmo e estão
totalmente livres da crença de que são os alimentos que nos nutrem e até de que
os líquidos são indispensáveis à sobrevivência. Estas pessoas não estão, aliás,
de todo, em modo de sobrevivência. A sua reverência pela vida é total. A sua
entrega à sua divindade interna é total. A sua confiança é total.
É pois possível viver sem comer ou beber. Quero com isto dizer que é
possível eliminar a fome no mundo?
Não.
E porque não? O motivo é muito simples. Para se poder depender
inteiramente do “prana” ou energia vital para viver, há que estar inteiramente
consciente e desperto. Há que meditar, respirar conscientemente, amar
completamente a si mesmo, louvar absolutamente a vida, respeitar totalmente o
corpo, aceitar e confiar incondicionalmente na divindade em nós mesmo e em
todas as “coisas”. Caso haja a mais ligeira crença de que é necessário comer
para viver, se deixarmos de o fazer acabaremos por morrer. Ora, as sociedades
no mundo que padecem de fome e escassez generalizada vivem em modo de
sobrevivência, não sendo por isso concebível para eles que poderiam viver sem
comida. É tudo uma questão de consciência.
Estou com isto a dizer que é aconselhável deixar de comer e beber? Nada
disso. Aliás, não o faças sem te informares aprofundadamente sobre o assunto e
caso o decidas fazer, sem te fazeres acompanhar por quem te possa guiar com
responsabilidade e consciência nesta senda.
A SEGUIR:
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