Dívida ou Dádiva
Observando as
dinâmicas relacionais entre os seres humanos eis que me dei conta que uma das
coisas que nos mantém presos àquilo a que chamamos de “destino” é a constante
dívida. Ambos, destino e dívida, são em última instância ilusórios, mas
mantêm-nos agarrados à suposta “fatalidade do destino” inalterável.
Muitas coisas nos
seduzem no plano terreno. As mais básicas são a comida e o sexo. O prazer de
ambos mantém-nos numa espécie de hipnose viciada que dita as nossas escolhas
uma e outra vez. São como que as seduções primordiais e delas deriva a primeira
sensação de dívida permanente. No primeiro caso, dívida para connosco, para com
a nossa saúde, imagem, prazer e no segundo caso dívida entre uns e outros.
Aliás, um dos grandes palcos da luta ancestral pelo suposto Poder, ilusório
também, é a relação sexual em que em vez de existir uma troca energética
equilibrada, geralmente existe sempre um que domina de alguma forma o outro e
que cria, em última instância o padrão da “dívida”. Como um dá ao outro o que
ele entende precisar, esse outro mantém-se preso a essa necessidade e para
obter os favores sexuais dos quais não pode prescindir, está permanentemente em
dívida.
Para além deste
panorama mais pessoal e íntimo temos depois o reflexo social, nos
relacionamentos de toda a espécie – em que há sempre determinada dose de
sentimento de “dívida”.
Surge em relação à
imagem pré-concebida de Deus também – em que se criou o conceito de que se deve
sempre algo em troca da sua clemência e perdão, compreensão e aceitação.
Veja-se por exemplo a
forma como os bancos funcionam nas sociedades modernas. Utilizam a dívida para
manter os seus clientes presos, para enfim auferirem os seus lucros que
investem da forma que entendem mais proveitosa.
Temos, mais adiante o
conceito de “dívida cármica”. Ou seja, quer nos lembremos ou não, estamos
sempre em dívida permanente com este ou com aquele, e isso determina a
qualidade das nossas interações e escolhas.
Estamos pois sempre
em dívida para connosco, para com os outros, para com a sociedade em geral,
para com Deus...dívida, dívida, dívida.
E qual o sentimento
que ressalta permanentemente da dívida? A culpa!!!
A culpa mantém-nos
presos à roda repetitiva e sedutora do “Pequeno Eu Humano”! A culpa gera de
alguma forma a necessidade de castigo ou redenção – que é em si o que significa
“Karma”, mas noutra língua – e por sua vez tudo se reduz à DÍVIDA.
Estar em dívida
permanente é estar a esvair-se por todos os poros, a usar a nossa energia de
forma ineficiente e caótica, e por isso a ter que ir buscá-la aos outros em vez
de gerá-la por nós próprios.
E se nos tornássemos
eficientes no nosso uso de energia?
Sim, é possível sair
da roda repetitiva de dívida permanente – a dita roda do Karma.
E como?
Por escolha.
É assim tão simples,
sim.
Mas requer assumir a
responsabilidade pela nossa humanidade, aceitar que tudo está em perfeita
ordem, convidar a nossa Essência a integrar-se enfim connosco e confiar sem
limites. Confiar que não há nem nunca houve escolhas erradas, simplesmente
experiências diversas. Confiar que a nossa soberania é e sempre será,
independentemente das nossas experiências. Confiar que tu és Deus também, e que
embora te tenhas esquecido, foi essa a motivação básica de todas as tuas
experiências. Confiar que não importa. Não importa o que digas e o que faças
porque tarde ou cedo, de uma forma ou de outra, todos encontram o caminho de
volta para casa – ou por outras palavras, a casa mostra-se sempre a quem a
aceita em si.
Sei que isto te
preocupa. Se largares a dívida podes tornar-te “mau”, “incorreto”, “vil”... É preciso
pois entrar em profunda Compaixão. Um Amor tão grande, tão vasto, tão
incondicional que finalmente aceitas tudo em ti, tudo o que foste e és, tudo o
que fizeste e disseste, sem julgamento algum. Aí percebes a ilusão do jogo do
Poder, do jogo da dívida e deixas de o jogar. Por isso não andas para aí a
“matar” ninguém, nem a abusar de ninguém, nem a roubar de ninguém. Quando
descobres quem és e aceitas plenamente que És o que És, e inicias uma
verdadeira relação de Amor com a tua Essência, quando largas a busca, a luta, a
necessidade de ser algo que já És e sempre foste- tudo muda.
Sente agora para ti. O
que seria da tua vida sem a dívida (de todas as espécies)? Que possibilidades
se abrem? Que novos caminhos se mostram?
Esta é a dádiva de
Ser, e quando És, esse Amor que emanas é tão intenso que impregna tudo por onde
passas. Dádiva permanente. Simples. Sem esforço.
E já agora, se não
precisasses de te esforçar para gerar dinheiro para poder pagar as tuas
contas...etc...etc...o que farias com a tua vida? O que manterias e o que
eliminarias se fosses totalmente abundante em todos os sentidos, livre de
dívida?
Já olhaste para as
duas palavras dívida e dádiva?
A dívida divide
a vida e dádiva dá à diva – a Deusa, energia criadora em ti – que, com
as letras trocadas é VIDA. Quando dás à Diva (e por sua vez à Vida) abres-te
para receber o que a Vida tem para te dar também, enches-te dessa abundância e
dás essa qualidade de Ser abundante de volta à Vida. Assim, és o SIM
permanente, aberto para receber, aberto para criar, aberto para dar... só
porque SIM.
Pssst...Já olhaste
para os teus nãos?
Lembra-te, ainda que
não te pareça, tudo está perfeito em toda a criação, pois tudo o que É... simplesmente
É.
Exercícios de Reflexão
O que seria da tua
vida sem a dívida (de todas as espécies)? Que possibilidades se abrem? Que
novos caminhos se mostram?
Se não precisasses de
te esforçar para gerar dinheiro para poder pagar as tuas contas...etc...etc...o
que farias com a tua vida?
O que manterias e o
que eliminarias se fosses totalmente abundante em todos os sentidos, livre de
dívida?
Já olhaste para os
teus nãos? Quais são?
A SEGUIR:
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