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domingo, 15 de dezembro de 2019

About gifts and hidden agendas /sobre presentes e agendas escondidas


I am at home. A good friend of mine arrives. I have invited her for tea in front of the fireplace. We are happy.

She has a bag in her hand. It has 3 gifts another good friend of ours has sent for me.

I smile, grateful. I look inside. I smile again. 

Last time this good friend of ours was in town, she offered me 3 gifts. All in plastic containers. Before I could say anything she said it herself: “I know you avoid buying things in plastic bags but this is what I had so here it is”. I smiled, said thank you and replied: “Thank you for the gifts. This time I will accept and enjoy…” Leaving it unsaid but understood that I did not really appreciate the plastic containers but was very thankful for the purpose behind the gifts, which is, I believe, showing our love for the other.

This time only one of the 3 gifts was in a plastic container and curiously it was the same as one of the three I had received the other time. I smiled… again. Now what to do?

The only thing to do is be honest with myself, and my friend. So I kept the other two gifts and asked my other friend to take the third gift back. I then explained to the friend who had sent the gifts that I was very appreciative of her loving intention and thanked her. I also asked her to please respect my choice of not buying things in plastic containers for me, as I do not either, whenever I can avoid it. The gift, however, remains given… it is the intention behind the physical gift that counts here.

But then again, this lead me to reflect further.

For some reason I still attracted 1/3 of lack of respect for my choice. This means two things to me. Firstly, I need to always express what I have to say without assuming it is understood and secondly, I must keep on showing life I do not consent to be disrespected or to disrespect. It has been such a deeply ingrained human habit for so many eons of time, that it takes its time to wash off and requires us to be extremely coherent…

And it ties into something as simple as the everlasting need for recognition. By affirming my position, risking not being understood, I choose respect over recognition. After all last time I did not say what I had to say and it wasn’t understood anyway so the only alternative is to explain my position clearly, lovingly and thankfully. 

But what of my friend’s behaviour? Which is none of my business actually but which I realised as being nothing more, nothing less than: the need for recognition.

Funny thing that we might consider giving someone a gift that we know this person doesn’t particularly appreciate just for the sake of being recognised as a nice person. Who does this serve? The person whom we are offering the gift to or ourselves?

I would definitely say: ourselves. After all, does it not make sense to offer someone a gift we know the other person will really appreciate, respecting his/her choices? All in all, why are we offering a gift in the first place?

All of this to say that most of the time the gift giving protocol that goes on, and especially during this Christmas season when it is traditional to exchange/give presents, only serves one purpose: looking good in the overall picture others have of us and thus feeling good about ourselves because we have been good.

What the heck for?

When we give our best treasures all the time, which we are overflowing with because we nurture them always, we don’t need to serve the agenda of gifting protocol. The most precious jewels we can offer are our Balanced Presence, our Love, our Joy, our Gratitude, our Peace, our Wisdom, our Compassionate Acceptance and even so, never imposing them on anyone who does not want them. These gifts, require us to of course do our part in achieving them for ourselves, because we cannot give what we don’t have. I suppose that’s why it is much easier to go to a shop and buy something already made…

So am I saying I am totally against buying gifts for our friends… family… etc?

Of course not. I am neither for or against. I am just inviting each one of us to have a look at our hidden agenda before buying and offering the gift. 

But actually all is well in all of creation and whatever comes our way is part of us too, otherwise it wouldn’t call for our attention. Observing this is also a very fruitful opportunity.

As I feel it, the principle behind making an offering is honouring the other as a sacred vessel of God also. May our gifts (be they material or immaterial) always be filled with this honour and void of hidden agendas. 




Estou em casa. Uma boa amiga minha chega. Convidei-a para tomar um chá à lareira. Estamos felizes.

Ela traz um saco na mão. Dentro do saco estão três presentes que uma outra amiga enviou para mim.

Sorrio, grata. Olho para dentro do saco. Sorrio de novo. 

Da última vez que esta boa amiga esteve cá na cidade, ofereceu-me três presentes também. Todos em embalagens de plástico. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa ela própria o disse: “sei que evitas comprar coisas embaladas em plástico mas era isto que tinha e por isso trouxe.” Sorri, agradeci e respondi: “Obrigada pelos presentes. Desta vez vou aceitar e desfrutar…” Deixando por dizer mas implicitamente compreendido que receber presentes embalados em plástico não era realmente a coisa que mais apreciava, mas que me sentia muito grata com a intenção por detrás dos presentes, que é, acredito, mostrarmos o nosso amor pelo outro. 

Desta vez apenas uma das três prendas estava embalada em plástico e curiosamente era igual a uma das três que havia recebido da outra vez. Sorri… de novo. E agora, o que fazer?

A única coisa a fazer é ser honesta comigo mesma e com a minha amiga. Por isso fiquei com as outras duas prendas e pedi à minha amiga que me visitava para levar a outra de volta consigo. Depois, comuniquei à amiga que havia enviado os presentes que apreciava e agradecia muito o seu gesto amoroso. Pedi também que respeitasse a minha escolha de não comprar coisas embaladas em plástico para mim, pois eu também não o faço se puder evitar. A dádiva fica feita na mesma… É a intenção por detrás do presente físico que conta aqui. 

Ainda assim, isto levou-me a refletir. 

Por algum motivo ainda atraí 1/3 de falta de respeito pela minha escolha. Isto significa para mim duas coisas: a primeira é que não posso assumir que o que eu não disse ficou dito e compreendido e a  segunda é que tenho que continuar a mostrar à vida que não consinto ser desrespeitada ou desrespeitar. É algo que tem estado tão profundamente enraizado na minha humanidade há tantos eons de tempo que leva também o seu tempo a diluir-se e requer da minha parte extrema coerência… 

Toda esta dinâmica está intrinsecamente ligada a algo tão simples como a necessidade permanente de reconhecimento. Ao afirmar a minha posição, arriscando-me a não ser entendida, escolho o respeito em detrimento do reconhecimento. Afinal de contas quando não disse, assumindo que havia ficado compreendido, também não o ficara, por isso a alternativa que resta é mesmo explicar claramente a minha posição, com carinho e gratidão. 

E quanto ao comportamento da minha amiga? Que não é da minha conta mas que dei conta ser nada mais, nada menos que a necessidade de reconhecimento. 

É engraçado que consideremos dar um presente a alguém quando sabemos que esta pessoa não aprecia algo nesse presente, apenas para sermos reconhecidos como boas pessoas. A quem é que isto serve? À pessoa a quem estamos a oferecer o presente ou a nós próprios?

Diria, definitivamente, a nós próprios. Faz ou não faz sentido oferecermos um presente a alguém porque sabemos que essa pessoa realmente gosta desse presente, respeitando as suas escolhas? Porque é que estamos a oferecer um presente, afinal?

Tudo isto para dizer que a maioria das vezes o protocolo de dar prendas que ocorre por aí, especialmente nesta época de Natal em que é tradição dar presentes, serve apenas um propósito: ficarmos bem na imagem que o outro tem de nós e sentirmo-nos consequentemente bem acerca de nós mesmos porque fomos bonzinhos. 

E para que “porra#” serve isto?

Quando oferecemos os nossos maiores tesouros o tempo todo, simplesmente porque transbordam por serem o que nutrimos sempre, não precisamos de servir a agenda de presentear por protocolo. As jóias mais preciosas que podemos oferecer são a nossa Presença Equilibrada, o nosso Amor, a nossa Alegria, a nossa Gratidão, a nossa Sabedoria, a nossa Aceitação Compassiva e ainda assim, nunca impondo estas dádivas a ninguém que não esteja recetivo a elas. Estes presentes requerem, claro, que façamos a nossa parte para os realizarmos para nós mesmos. Não podemos dar o que não temos. Suponho que deve ser por isso que é tão mais fácil chegar à loja e comprar uma coisa já feita…

Estou com tudo a isto a dizer que sou totalmente contra comprar prendas para os amigos… família… etc?

Claro que não! Não sou contra nem a favor. Estou apenas a convidar-nos, a cada um de nós, a observarmos as nossas agendas escondidas antes de comprarmos e oferecermos o dito presente. 

Mas no fundo tudo está bem em toda a criação e seja o que for que venha ao nosso encontro, faz parte de nós também, senão não nos chamaria a atenção. Olharmos para isto é em si mesma uma oportunidade muito profícua. 

No meu sentir, o princípio por detrás de fazer uma oferta é honrarmos o outro como um cálice sagrado de Deus também. Que as nossas dádivas (materiais ou imateriais) estejam sempre preenchidas com esta honra e despojadas de agendas escondidas. 

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