Dia 15 – 27 de Agosto
Harmonia
Hoje é mais um daqueles dias em que tenho uma “banheira” natural
mesmo à porta de “casa”, e ainda que não haja esquentador, a água fresquinha
espevita-me os poros e faz com que o sangue brinque ás estafetas por todo o meu
corpo. Hum! Que revigorante!
Não há nada como um bom banho de água cristalina e gelada para
me encher de Paixão pela vida!
E assim escolho para o dia de hoje abraçar a bem-aventurança
de viver em harmonia e equilíbrio, completamente entregue à minha Essência.
Depois de reconvertermos a super-viatura em veículo de
ligeiros pomo-nos a caminho.
Passamos por Pontaix e muitas outras aldeias rupestres, com
casas típicas dos Alpes e verdes campos a perder de vista, quebrados apenas
pelos cumes gigantes que ora se erguem ora se despenham em vales abundantes.
A dado momento avistamos uma praia fluvial lindíssima e
cortamos por uma estradinha que não parece levar a lado nenhum, pelo que
voltamos para trás e desistimos da ideia de mergulhar nessas águas límpidas que
vimos ao longe.
Mais à frente, numa aldeia pitoresca, decidimos ir à procura
de poiso para tomarmos o pequeno almoço e vamos dar a um campo de futebol e
parque de autocaravanas, onde há uns bancos de madeira para descansar.
Há também ali um miradouro. Decidimos ir ver a vista. Sabes
o que é que encontramos??? O tal lugar lindo mesmo lá em baixo – chama-se Pont
du Diable e fica em Thueyts. Daqui dá para ver como se vai para lá e concluímos
que íamos no caminho certo, naquela estradinha de há bocado.
Comemos e voltamos para trás porque aquela praia fluvial é
mesmo muuuuito linda!
Tomamos um belo banho – o meu segundo do
dia, com água igualmente fresquinha.
Começam a chegar famílias e mais famílias, com chapéus de
sol e farnel para todo o dia. Realmente é um bom lugar para passar o dia de domingo.
Mas nós não vamos ficar. Hoje temos ainda um bom par de quilómetros pela frente.
Estamos felizes até ao tutano, até ao cerne das nossas
células, até à mais ínfima molécula! Que liberdade boa, esta!
Aí vamos nós como borboletas ligeiras, esvoaçando pelos
prados.
Por volta das 14h decidimos parar para o almoço, uma vez que
nem na ida nem na volta ainda almoçámos um repasto típico de França.
A vila chama-se Les Pradelles e escolhemos um restaurante no
centro histórico cuja ementa nos parece bem.
Bebemos um vinho com especiarias típico daqui para aperitivo
e cerveja com frutos vermelhos para provar algo diferente. Pedimos os dois
pratos diferentes do dia e quando chegam ficamos um pouco perplexos a olhar
para aquilo.
O meu tem umas fatias de presunto com alguma salada e umas batatas
no forno ás camadas e o do Pedro é uma salsicha cujo recheio não lhe agrada
muito pois sabe bastante a porco, também com umas batatas mas mais para o cozido.
Com o meu, vem um copinho com uma coisa branca, um creme que sabe a iogurte e
que deduzo ser como uma maionese ou assim. Bem, começamos a comer e vou molhando
o presunto e ás vezes também as batatas no copinho. As pessoas à nossa volta
olham para nós de forma estranha, mas deve ser por não sermos daqui.
Mais para o final da refeição começamos a aperceber-nos de
que na verdade o dito copinho com o creme branco era a sobremesa!!!!!! Por isso é
que o empregado tinha trazido um frasco com açúcar!!!! Quando nos damos conta
do nosso disparate, principalmente o meu, começamos a rir a bandeiras
despregadas. Era por isso que nos fitavam como aliens. Heheheheheheehe… mas
valeu a pena a tolice para agora nos podermos rir de nós próprios. É sempre uma
maravilha podermos fazê-lo!
Quando se viaja por outras paragens com diferentes costumes
estes episódios ocorrem sempre, com maior ou menor frequência e são momentos
únicos que apimentam qualquer viagem.
Vamos!
Paramos em Mende, uma linda cidade histórica e passamos por
Les Salelles e Laissac. Fazemos muito quilómetros e estamos com vontade de mais
um banho para refrescar.
Seguimos umas tabuletas que nos parecem ir dar a um lago mas…
damos com um rio onde não se pode ir ao banho e onde só se pesca. Ainda
assim aproveitamos para comer umas amoras doces e suculentas.
Retomamos o caminho sempre com a intenção de encontrar uma
aguinha para nos banharmos, o que a esta altura parece bastante impossível porque
no mapa não há rios, lagos ou ribeiros.
Estamos, no entanto, determinados.
A dado momento vemos umas placas a indicar uma coisa chamada
Cap Découverte e a imagem mostra uma pessoa a fazer windsurf. Será possível?
Saimos da estrada principal e vamos à descoberta do Cap
Découverte. Está bem indicado, deve ser um lugar importante.
Quando chegamos vemos que é um parque com diversões várias,
onde se praticam desportos radicais e imagina o que encontramos: lá no fundo há
uma praia artificial!!!! Com montes de gente a fazer ski aquático e há um
teleférico para chegar lá abaixo.
Como já é final da tarde, são cerca das 18h30
e isto fecha ás 19h30 perguntamos ao rapaz que está junto do teleférico se
ainda dá para ir ao banho e ele acena afirmativamente. Perguntamos se se paga
para descer e ele diz que não. Nem dá para acreditar! Vamos não só ao banho,
como de teleférico e sem pagar um tostão!
Foi sem dúvida a descoberta do dia este Cap Découverte.
A praia tem areia como uma praia verdadeira, há balneários,
chuveiros, tudo.
Divertimo-nos por ali um tempo e chega a hora de termos que
voltar a subir no teleférico. Felizes! Muito felizes 😊
Como ainda é de dia vamos até Albi, que é mesmo ali ao lado
e encontramos uma cidade que respira harmonia. Tem a maior catedral de tijolo
do mundo e toda a construção da cidade foi criada de acordo com isso, sem destoar. Adoro
os vasos floridos nos parapeitos da janelas, as ruas limpas, o sossego. Enfim,
estou nas sete quintas.
Como já é final de tarde comemos um farnel que tínhamos no
carro, junto ao estacionamento. Vou ao parquímetro e sai-me um tiquet que dá até
ao dia seguinte de manhã! Entretanto apercebemo-nos que a esta hora já não se
paga por isso o tiquet só começou a contar a partir da primeira hora paga de amanhã.
Bem, não faz mal, este euro é o nosso contributo para o Município, tão bem
cuidado que encontramos.
Passeamos bastante, tranquilos, num estado de verdadeiro
contentamento.
Já noite decidimos ir à procura de lugar para dormir – na carvan.
Depois de algumas tentativas paramos numa área de repouso e
o giro é que o Pedro queria um sítio com uma tomada para carregar um pouco o
telefone e a casa de banho aqui tem essa tomada!
Parece-nos em princípio que vamos dormir bem aqui.
Mas enganamo-nos. Toda a noite é um corrupio de camiões a
chegar e a partir e carros e gente a fazer barulho na rua.
Nem eu nem o Pedro conseguimos pregar olho, mas pelo menos
descansamos.
Dormir ou não pouco importa, depois de um dia tão bonito
como o de hoje. Aceitamos cada momento.
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