Dia 16 – 28 de Agosto
Harmonia ao quadrado
Levantamo-nos meio estremunhados da noite pouco dormida mas
ainda assim com um sorriso nos lábios e os olhos a cintilar de gratidão.
A minha escolha para o dia de hoje é a mesma que a de ontem –
abraçar a pura bem-aventurança da harmonia e do equilíbrio, em completa rendição à
minha Essência.
A nossa primeira paragem do dia é em Toulouse e não são
ainda 8h da manhã, pelo que a cidade está a despertar.
Damos uma grande volta pela cidade, que apreciamos na usa
majestade.
As cidades são bonitas, não há dúvidas quanto a isso, mas é
mesmo a natureza o que nos apaixona e preenche.
Mais um dia com as vistas preenchidas de verde e harmonia entre
a mão humana e a força da Mãe Terra.
Não se vêem por aqui vestígios de fogos. Aliás, há árvores
por todo o lado, bem poderosas e saudáveis.
Se ao menos em Portugal a consciência de massas chegasse ao
entendimento de que não é o dinheiro fácil que leva à felicidade, que não é a
destruir este bem tão precioso que são as árvores, criadoras de oxigénio e
purificadoras do ar, que vamos conseguir criar um país estável, com uma
economia robusta e um povo sorridente! Que não é a plantar eucaliptos sem fim
que vamos repovoar as florestas e enriquecer, de todo, e que todos os nossos actos têm
consequências que experimentamos na pele, 100% das vezes.
Sabemos que não há propósito em lutar contra as circunstâncias,
mas que podemos escolher criar uma forma diferente de viver, uma consciência
diferente da vida e do mundo que nos rodeia e com isso estamos a abrir novos caminhos e possibilidades.
Por mais incrível que pareça, não é na luta que reside a
mudança, mas sim na aceitação, pois é ao cairmos nela que saímos da agitação
das circunstâncias externas e podemos discernir com clareza que caminho seguir.
É essa clareza que nos dá a força para quebrar as barreiras do que é geralmente
aceite e instituído e nos permite caminhar através da “selva” sem nos chamuscarmos
no fogo da inconsciência, levando a bom porto o nosso barco de mudança de
paradigmas, crenças e costumes. A luta mantém o sistema, alimenta-o. O desapego
e por sua vez a aceitação, permite-nos deixar de alimentar esse sistema e criar
outro que nos sirva melhor, contribuindo assim para um todo mais harmonioso.
Bem, de volta à Eco-Trip.
Hoje também gostaríamos de mergulhar num lago, por aí e
encontramos um, mas está tão seco que a água que resta não dá para banhos.
Ainda assim, ficamos ali naquele silêncio algum tempo, apenas a respirar, a
sentir a Terra, o sol, a brisa, a vida.
Seguimos. Está na hora de almoçar e numa aldeia, viramos à
direita para ver onde vamos dar. Damos de caras com um bosque de gigantes
carvalhos. O sítio ideal para um piquenique e por ali nos quedamos, debaixo das
árvores a comer ainda alguns restos de Itália e outros já de França na nossa
salada maravilha.
Pela tardinha passamos por Pau – uma cidade digna de postal e
por outras belas vilas e aldeias nos Pirinéus. Paramos em Oleron Sainte Marie e
comemos uns bolos caseirinhos de fazer crescer água na boca só de olhar.
Mais para o final da tarde chegamos a Saint-Jean-Pied-de-Port,
um vilarejo de peregrinos a caminho de Santiago de Compostela. É tão bonito!
Consideramos ficar numa estalagem ou hospedaria mas depois
decidimos arriscar um daqueles campings que se vêem tanto por aqui, à beira da
estrada, em campos verdes e com bom ar.
Acabamos por sair da estrada principal porque o parque que vimos
primeiro está muito junto à estrada e ouve-se demasiado o barulho dos carros.
Seguimos as indicações para outro camping e chegamos a um
sítio bem sossegado, com uma grande casa lá ao fundo.
Pertence a um velhote que pelos vistos aluga parcelas do seu
jardim para autocaravanas e tendas. Tem umas boas casas de banho com água
quente e é super, mas mesmo super barato! Só 14,50€ com tenda e carro.
É aqui que vamos ficar!
Depois de montarmos a tenda, vamos à vila, ao Intermarché, para lavarmos os nossos lençóis, toalhas e mais algumas peças que estão a
precisar de umas cambalhotas na máquina. Deixamos tudo a lavar e vamos dar uma
volta à vila para depois vir pôr tudo a secar e usar ainda hoje os lençóis fresquinhos
na nossa "Cama Real" super confortável.
Está a chuviscar e é uma alegria sentir também este tempo
diferente na nossa viagem que tem sido bem tórrida até agora.
Quando voltamos para a tenda está a escurecer e hoje temos a
certeza que vamos dormir como uns anjinhos, neste silêncio tão aconchegante
aqui no campo.
Hoje é dia da sessão de Respiração Consciente e vou ter que
me sentar na rua, com o chapéu de chuva, à beira de uma árvore onde estão as
tomadas, porque o router está sem bateria.
Corre muito bem 😊 e sabe-me pela vida poder ficar aqui assim
ao ar livre, à chuva, a respirar com Portugal, tirando o máximo partido das
circunstâncias, grata por tudo.
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