Desígnios Fortuitos
Há momentos em que todos os cometas parecem romper o espaço e unir-se de conluio contra ou a favor de forças desconhecidas. Forças que ultrapassam quaisquer desígnios de etiologia suprema e alteram o curso da vida terrena.
Foi algures no seio de um tal convénio que nasceu a história que se segue.
No céu havia estrelas, no mar ondas e o vento soprava leve sobre as colinas.
Nada fazia adivinhar que no mundo das fadas os sonhos se transformariam, através de metamorfoses sucessivas, em realidades impensadas.
Mas, assim foi.
Nos céus os anjos agitavam-se na sua busca, pois eis que um dos seus companheiros querubins se havia eclipsado. Sim, eclipsado: desaparecido sem deixar rasto.
As tarefas diárias sofreram um desarranjo momentâneo e o maior temor dos pequenos seres era que algum dos seus protegidos tivesse ficado irremediavelmente privado do seu anjo da guarda.
O que eles não sabiam era que o referido anjo havia partido em busca do AMOR. Pois, o AMOR. Não sabeis o que isso significa?
Pois bem, trata-se de um sentimento difícil de exprimir por meras palavras. Mas vejamos. Bem, o AMOR, o AMOR é algo que toca levemente a alma qual beijo doce e se alastra por toda a aura circundante do ser tocado.
Algo? Mas algo o quê? Perguntais vós.
Mmmmm, um poder supremo, uma força sublime que corre nas veias junto com o sangue e o inflama, até que o coração transborda, as suas comportas impotentes contra tal dilúvio.
Esse tal sentimento, o AMOR, consegue transformar a alma mais vil, nem que por momentos apenas. Consegue alimentar o espírito mais pobre e elevá-lo até um paraíso de cores intangíveis. Consegue arrebatar até os mais incautos e faze-los sobrevoar as planícies da alegria, nem que por instantes efémeros.
E muito já se falou sobre o AMOR. Mas o seu encanto é tão grandioso que rios de tinta ainda correrão e aguaceiros de palavras ainda inundarão todos os cantos do universo, em busca de uma descrição capaz de abarcar a sua grandeza,
E foi a grandeza de um sorriso imenso que alterou para sempre o mundo das fadas.
Como? Quereis saber como?
Ora é simples. O querubim, aquele que havia desaparecido do céu… Esse mesmo.
Bem, esse querubim dispersou-se pelos caminhos do universo após algum tempo de busca e encontrou um lugar encantador. Um lugar mágico, cheio de brilhos e cintilantes recantos, onde a beleza impregnava as sensações e os lugares.
Enfim, aí viviam as fadas, e tal como a sua, a tarefa que lhes cabia era a de encher a vida dos demais de ternos agrados.
Nesse mundo havia uma fada… Não nos dispersaremos na sua descrição… Diremos apenas que havia uma fada, que por um qualquer desígnio fortuito se cruzou no seu caminho e o anjo… É isso mesmo, o anjo foi invadido por aquele sentimento: o AMOR.
A fada, que por sinal era a rainha de todas as outras, não o viu nesse momento, tal era a sua azáfama. Mas, após alguns instantes (instantes porque a vida no mundo das fadas desenrola-se noutra dimensão mais alucinante) deparou-se com o anjo. Há quem diga que faiscam estrelas de calor nesse primeiro encontro.
O facto é que algures lá longe, no outro lado do Universo, os cometas explodiram de regozijo imenso.
E o que passou depois ?
Isso…fica para outra história.
Diremos apenas que o mundo e o restante Universo, as estrelas, os cometas, todos se envolveram em mantos etéreos de satisfação no aconchego do AMOR que nasceu entre o anjo e a fada.
Melissa O'Neill /2003