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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Não deu certo!?

 Não deu certo?


Esta afirmação sempre me intrigou… Sabes, é aquilo que se diz quando uma relação termina ou terminou.

A questão é muito simples: o que é que seria “dar certo”?

É que parece-me que raramente se reflete sobre o que se considera uma relação válida por oposição a uma supostamente não válida.

Então quer dizer que todas as relações que terminam são erros? Nunca deviam sequer ter existido?

E se não tivessem existido os parceiros seriam mutuamente mais felizes por nunca se terem aventurado pelos caminhos do que se diz ser “amor”?

E depois há mais uma questão: e o que era “amor” para cada um e para ambos?

Vamos assumindo ideias pre-feitas sobre o que é e não é ideal e quando algo não se encaixa no rótulo é estampado como um engano ou uma série de tropeços que levaram a um trambolhão que eventualmente poderia ter sido evitado. É isso?

Pois bem, e falo por experiência própria: não há um único relacionamento que seja dispensável no nosso caminho. Se escolhemos explorá-los - os relacionamentos - é porque vemos neles algo que nos espelha. Só que muitas vezes não estamos cientes que porventura possam estar a espelhar mais da nossa sombra do que do nosso lado mais solar. 

“O lado lunar” como diz o nosso bem amado Rui Veloso, é aquele que mais importa descobrirmos sobre nós mesmos, pois só ele nos revela o que precisa ser amado em nós. Não pelos outros, mas por nós próprios. O que precisa de ser reconhecido. Aceite. Abraçado. Integrado. E isso acontece de forma muito mais rápida, produtiva e contundente quando temos um espelho humano diante de nós, especialmente se for bem próximo do nosso coração.

São precisamente os relacionamentos que “não deram certo” que reúnem as cartas mais valiosas do nosso baralho interno. Só que é preciso coragem para parar de culpar o outro por aquilo que “nos fez”, parar e virar o binóculo para dentro de nós mesmos e perguntarmo-nos: “mas afinal porque é que eu me interessei sequer por esta pessoa? E porque é que me envolvi com ela?” E se tiver sido daquelas relações bem difíceis “porque é que eu não consegui ver o que estava a acontecer?” Ou “porque é que eu permiti…?” (Preenche of espaço conforme te servir melhor no teu caso em particular). 

E estas perguntas não serão como forma de auto-julgamento ou punição a nós mesmos, mas sim como forma de abrirmos as portas a um discernimento mais alargado sobre o que nos impele a envolvermo-nos com certos perfis de pessoa e o que nos leva a agir de certas formas com essas mesmas pessoas. Tudo isto para depois podermos perceber o que realmente queremos e não queremos, quem realmente somos. O que nos adiciona e o que nos subtrai e qual é a origem real do buraco que sentimos e que nenhum relacionamento, por mais idílico que seja, pode preencher até que nós o preenchamos com o amor que sempre esperou por ser recebido de dentro para fora.

Essa história do “felizes para sempre” simplesmente não existe!!!!!! Há casais, sim, que ficam juntos toda a vida. Mas garantidamente enfrentam inúmeras tempestades no seu relacionamento. Só que navegam-nas e alguns transcendem-nas e crescem com elas - e quando ambos crescem no mesmo sentido e proporção, conseguem permanecer juntos uma e outra vez. Noutros casos, deixam-se ir ficando por comodismo, medo da solidão ou falta de confiança em si mesmos mascarada de “estar sempre lá para os outros”, “não fazer ninguém sofrer”, “ficar pelos filhos” e afins.

E o “dar certo” é um mero conceito vão de sentido. Se acaso fosse válido, quereria dizer que tudo o que muda está de alguma forma “errado”, quando a maior certeza desta vida é mesmo a mudança. 

Acreditar neste “deu certo” ou “não deu certo” é o mesmo que acreditar que “os outros morrem mas eu não”! Absurdo, não é?

E tudo isto para dizer que não é preciso ter medo dos relacionamentos, de abrir o coração e de sentir ampla e completamente. De ficar vulnerável. Sem chão. E outras coisas mais que se sentem quando bate aquele borbulhar de paixão, mais ou menos intenso. Quando surge aquela chama que impele o relacionar. Desde que não seja com a mulher ou com o marido da ou do vizinho 😂 e mesmo nesses casos, é questão de nos perguntarmos em primeiro lugar porquê o interesse no parceiro ou parceira de outra pessoa quando estamos num relacionamento. Se estamos preparados para as consequências. E ou se há algo de mais importante a mostrar-se em nós e no nosso relacionamento que precisa de ser abordado antes de qualquer outra enxa(queca) adicional😜. 

Enfim. Tenho dito. E mais, em jeito de conclusão: estou muito, mas mesmo muito grata por todos os relacionamentos que tive até agora e por incrível que possa parecer não dispensaria nenhum, mesmo os mais dolorosos, que foram aliás os meus maiores Mestres. 

E viva o Amor 💖 - aquele que vive cá dentro! O único que cresce e floresce constantemente e que não tem validade nem precisa de “dar certo” ou “errado”😉. Puro, pleno, incondicionalmente compassivo, aquele que recebe todas as nossas sombras com um abraço carinhoso e nos mostra que afinal nada em nós está fora do alcance da aceitação plena. Que não depende de ninguém e que não busca ser reciprocado ou compreendido. O Amor real. Verdadeiro. Esse que nos pode sim, permitir amar não só a nós mesmos como aos outros de forma livre. 

Ah pois, e já agora uma última coisinha: o amor não dói!!!! O que dói são as ilusões que vamos criando em torno dele. O Amor, esse, vive intocado, inteiro, leve e infinito no âmago do nosso Ser. Sempre. 



😍Mais sobre o tema dos relacionamentos no meu livro Ser!... Amor: Para Além da Ilusão 😍


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