Dia 4 – 17 de Agosto 2017
Catedrais Naturais
Como aqui em casa da Sara há wifi, aproveitei para marcar 2
sessões de Integração do Ser via Skype para hoje de manhã cedo – uma em
Portugal e outra na Dinamarca. A internet leva-nos a qualquer lugar no mundo!
Ainda achamos que o teletransporte não é possível mas afinal já existe, é tudo
uma questão de perspetiva.
Ao fim de 3h30 de mergulho na Essência de Tudo o que É com
os meus clientes, estou pronta para desfrutar da absoluta simplicidade de viver
no fluxo contínuo do Agora – é a minha escolha para o dia.
Decidimos não ir até Barcelona porque tanto o Pedro como eu
já lá estivemos noutras ocasiões. Em vez disso aceitamos a surpresa que a Sara
tem para nós. Ela quer levar-nos a um bosque que tem as árvores mais altas de
toda a Espanha e entre cidade e natureza nós não temos dúvidas sobre como
preferimos viver o dia de hoje.
O nosso carro está de folga por hoje e fica a descansar na
garagem da Sara, enquanto ela nos leva no seu novo “naranjito” – um Renault Captur que ela decidiu comprar para celebrar a sua nova vida, logo após ter começado
com as sessões de Integração do Ser.
O lugar onde vamos fica em Espinelvas, na serra catalã, e dá
pelo nome de Arboretum Masjoan. É um bosque iniciado nos finais de 1800,
inícios de 1900 pela família Masferrer, mais propriamente pelo botânico e naturalista Marià Masferrer Rierola que viajando pelo mundo decidiu trazer
espécimes de sequoias, abetos e pinheiros gigantes de volta para o seu terreno,
criando o que é hoje o bosque com a maior concentração de árvores gigantes da
Catalunha, de toda a Península Ibérica, diria. O seu filho seguiu-lhe os passos
e hoje há árvores de 50 metros e mais nesta
catedral natural herdada pela família que a mantém e permite visitas por uns
módicos 3€ por pessoa.
O silêncio impera. É uma paz que entra pelas plantas dos pés
e nos preenche até à cabeça, como se nós também fossemos árvores imponentes. A
força destas raízes é tal que nada nos pode arrancar daqui. Apetece apenas
ficar, admirar, abraçar, respirar.
Andar sobre esta terra, rica de vida, é como flutuar sobre a
lua – o peso do corpo desvanece-se no aroma a pinho que visita o olhar e canta
de galho em galho.
O aquecimento global até aqui se faz sentir, e mesmo ao
abrigo da sombra serena destes “monumentos”, o calor aperta e a humidade é
pouca. O que será deste bosque daqui a mais 100 anos? … E de tantas outras
lindas catedrais naturais como esta… Saibamos apreciar este momento, honrados e
gratos por estarmos aqui, em respeito e reverência por esta oportunidade
abençoada.
Ao cabo de uma hora e meia percorremos todo o bosque
encantado e sentimo-nos ascendidos ao céu! Nada se pode comparar a estes
santuários de pureza que a Terra, abundante e generosa, nos oferece.
Obrigada Masjuan, pela criação e Sara pela visita.
Temos agora 60 km de caminho de volta para Mataró, mas a
Sara fala-nos tão bem de um restaurante familiar com comida caseira que fica a
uns 20 km de lá, que decidimos unanimemente ir saborear os pratos tradicionais
da Catalunha como se fossemos locais.
É a nossa primeira refeição fora e merece a pena. Somos muitíssimo
bem recebidos e não posso dizer-te o que comemos porque não tomei nota mas
posso partilhar contigo a memória de aconchego e bem-estar que tenho daquele
momento.
A Sara quer-nos levar a outro sítio especial. Chama-se Fonte
do Ferro e é um recanto no meio de outro bosque, a uns 6 km de onde vive e onde
costuma vir equilibrar energias e comungar com o silêncio acolhedor das
azinheiras e sobreiros que aqui habitam.
Chegámos e adorámos. A água da Fonte do Ferro tem um sabor
peculiar – é um pouco picante, como se tivesse gás e é uma água de nascente
medicinal como elevado teor de ferro. Levamos um pouco para beber mais tarde.
De volta a casa, são já 17h30! Que dia maravilhoso…
Combinei encontro com um amigo que vive aqui perto e que já
não vejo há uns 7 anos. Vamos ter uns com os outros na praia de Arenys de Mar
(lê-se Areyns De Mar ;) ) para irmos todos ao banho e ainda desfrutar de um
pouco de praia para acabar o dia em plena harmonia com todas as forças da
natureza – montanha, floresta, campo, ribeiro, mar, sol, céu, areia, terra, ar
puro, vida plena… E depois uns bons momentos de partilha entre amigos, passados
no Chiringuito Totta Nua, enquanto o sol se põe no horizonte sereno.
Entretanto, em Barcelona, houve um atendado – um homem
decidiu investir pelas Ramblas abaixo numa carrinha, matando e ferindo dezenas
de pessoas. A Sara recebeu um monte de mensagens perguntando se estava bem, não
fosse ela ter decidido passear por ali nesse dia. Ainda esta manhã tínhamos
considerado estar em Barcelona, os 3, mas preferimos estar na floresta e é por
isso que sabemos que repetidamente a nossa escolha de ausência de drama nos
leva sempre para onde ele não está. E assim prestamos um serviço à humanidade: o de emanar uma vibração serena que contraria a tendência geral para o pânico, permitindo a criação de algum equilíbrio no meio do caos.
Pode parecer estranho mas tenho dito, digo e repito aos meus
familiares e amigos: “onde houver drama eu não estou, por isso não vale a pena
preocuparem-se”. Assim poupo a mim mesma e a todos os que se relacionam comigo,
um monte de energia. Faz parte da minha escolha de sustentabilidade. Se a
escolha de ausência de drama se tornasse habitual para a maioria em vez de excecional,
o mundo seria, com toda a certeza, um lugar pacífico e limpo. Mas não podemos
impor paz no mundo, apenas podemos escolhê-la e criá-la para nós.
Bem, voltemos para casa da Sara para nos prepararmos para
arrancar amanhã rumo a Girona e Figueres. A Sara quer preparar-nos uma refeição
de arroz de bacalhau para levarmos connosco. É um prato que adora e que faz
questão de cozinhar com todo o amor para nos deliciarmos ao almoço, com ela no
coração. Conta-nos que quando esteve em Portugal, ainda que haja muuuuuitos
pratos de bacalhau, para seu espanto não encontrou em lugar nenhum arroz de
bacalhau! Tenho a certeza que amanhã nos vai saber pela vida, este arroz de
bacalhau especial.
Já deitada na super confortável cama da Sara, respiro,
plena, grata. Como tudo é simples quando navegamos no fluxo da Vida com um
grande Sim a aconchegar-nos o sorriso.
Pendurado no corredor de entrada da casa da Sara
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