Dia 1 - 14 de Agosto 2017
O Início - Parte II
Tudo a postos. São horas de arrancar.
Esqueci-me de te dizer que também temos uma tendinha para
dois, caso decidamos ficar num camping aqui ou ali.
Por onde passamos não nos cruzamos com o fogo, ou melhor os
fogos que ainda assim enegrecem o céu como se de um assombroso pesadelo se
tratasse. À medida que adentramos Espanha e deixamos Portugal, os horizontes
contrastam – breu atrás e azul à frente – uma parábola real sobre o efeito
prático de fazer escolhas conscientes. A nossa é claramente a ausência de Drama
e nisso estamos a servir a consciência global com a Paz que nos assiste.
Por falar em escolhas, a minha eleição para este dia é a de
receber a magia que ficar entregue à minha Essência sempre proporciona.
Chegados a Cáceres há que procurar parque no centro
histórico, gratuito, de preferência.
Quase deixamos a o carro num lugar de cargas e descargas mas
damo-nos conta a tempo e seguimos em busca de outro melhor. Damos a volta ao
quarteirão sem saber exatamente onde estamos e acabamos por seguir as
indicações de Parque Coberto. Quando chegamos à entrada, olhamos para a frente,
mesmo ao lado da entrada e… um lugar vago, gratuito, de onde basta descer para
chegar ao centro histórico diretamente.
Felizes apreciamos o magnífico estado de conservação do
casco histórico em que a harmonia entre edifícios antigos e novos coloridos de
ocre recria o ambiente intemporal de épocas em que o Clero e a Nobreza
comandavam a fé e os destinos dos povos.
Rapidamente percebemos que muito raramente escolheremos
pagar ingressos em monumentos e museus por dois motivos:
· - Porque requereria muitos mais dias do que os que
escolhemos para esta viagem, pois as nossas visitas a cada local seriam muito
mais longas.
· - Porque não caberia no nosso orçamento escolhido.
Uma experiência como esta que decidimos empreender tem muito
mais a ver com sentir os sítios por onde passamos, conhecendo-os pela natureza
da consciência aí presente, absorvendo-os através dos nossos poros, deixando-os
mostrar-nos o que realmente são por detrás dos contornos da forma, do que com ver a fundo com os olhos físicos.
Começamos a dar-nos conta da expansão do tempo. De cada vez
que olhamos para as horas a Mente diz que é impossível que o número seja aquele
– não pode ter passado só uma hora depois de tudo o que andámos, vimos,
sentimos e observámos. Mas sim, a hora está certa.
A caminho de Toledo passamos por Trujillo onde paramos
apenas para verificar o mapa no tablet.
Paramos para almoçar num parque à beira da estrada. Uma das nossas saladas bio: com
courgette e cenoura ralada, tomate, ovo cozido, cebola e um pouco de azeite,
limão e flor de sal, com sementes de sésamo, chia e abóbora à mistura. Tudo
enrolado nos wraps de trigo e espinafres que a Joana nos ofereceu para a
viagem. Hum! À altura de um qualquer bom snack natura. Para a sobremesa temos
uvas colhidas hoje de manhã. Descobrimos que nos esquecemos do detergente da
loiça, mas a necessidade cria o engenho e descobrimos igualmente que com um
pouco de limão e depois um pouco de água conseguimos “lavar” a loiça!
A dada altura o carro também precisa de alimento. O Pedro decide sair da autovia (gratuita) para seguir pela nacional por ser mais direto e porque a probabilidade de encontrar combustível a preços mais acessíveis é maior. Logo na
primeira localidade por onde passamos há uma bomba de gasolina de uma marca que
ainda não tínhamos visto com o diesel a 1,02€! O mais baixo que já vimos até
agora – aliás, o mais baixo que viemos a ver nesse dia.
Chegados a Toledo quase paramos num local mas decidimos dar
a volta ao quarteirão e mais uma vez a magia acompanha-nos. O parque é pago mas
entre as 14h e as 17h não, pelo que a primeira meia hora é gratuita e pagamos
1€ entre as 17h e as 18h30. O mais caricato, no entanto, é o facto de termos
parado mesmo diante de uma indicação de escada rolante que é do outro lado da
rua e que nos leva até ao cimo do monte onde se concentra o núcleo histórico. E
ainda para mais o carro fica à sombra, o que protege a nossa “despensa” -
sorrimos, gratos.
Damos voltas e mais voltas – há tanto para apreciar.
Sentamos, respiramos, desfrutamos de cada instante. Sem pressa, sorvendo a arte
das janelas, portas, pórticos, arcos, torres, ruas, frisos, varandas, estátuas.
Tanto engenho criativo!
Depois de um delicioso gelado e de uma sandes de presunto à
boa maneira espanhola, decidimos regressar ao carro. Quando olhamos para as
horas só passou 1 hora e meia! Chegamos ao carro 30 minutos antes do fim do
ticket!
O sol já está a baixar e a aproximar-se a nossa primeira
noite por paragens desconhecidas. Decidimos fazer como os camionistas e
procurar uma estação de serviço com espaço e bom ar para montar a “caravana”.
Após uma ou duas tentativas encontramos a ideal. Tem um café
24 horas, com casas de banho e até tem hospedaria mas temos o nosso próprio
“hotel”.
O parque de estacionamento é enorme e lá ao fundo não há
carros, nem luzes fortes pelo que estacionamos no meio de dois abetos e
montamos o “estaminé”.
O meu entusiasmo é como o de uma criança que vai dormir
dentro da sua casa de bonecas, aconchegada e fofinha.
Bebemos um chá no café e como a saqueta de chá de mirtilo
ainda tem muito para dar, embrulho-a num guardanapo para experimentar colocá-la
dentro de uma das garrafas de água e eis que temos mais de um litro de
delicioso chá frio.
Reparo antes de me deitar na nossa cama super confortável
que o nome do café/restaurante/hospedaria é DILAMOR – o que me lembra de
Deal Amor (meio inglês e meio português – um bom pacote de Amor).
Bons Sonhos!
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