Dia 2 – 15 de Agosto 2017
“Hoy es Festivo”
Hum! Que noite tão bem dormida! Adoro acordar com a luz do
sol a despontar e sentir-me revigorada e inspirada para mais um belíssimo dia.
E sabes uma coisa fantástica? As casas de banho nesta estação
de serviço têm um chuveiro! De água quente! Grátis!!! Sinto-me acarinhada e
abençoada pelo sorriso da vida.
Hoje seguimos para Valência e quando chegamos, a calmaria
das ruas nesta grande cidade recorda-nos que é feriado – dia da Assunção de Nª
Senhora, como aqui em Portugal. Curiosamente a minha escolha para o dia de hoje
foi celebrar alegremente a beleza da Vida na Terra – a nossa grande mãe.
Feriado significa parque grátis, nada de trânsito, pouca
gente, ar mais limpo… enfim, uma tranquilidade generalizada que espelha
perfeitamente o nosso estado de espírito.
Preciso de carregar o telemóvel, por isso decidimos ir à
procura de um café agradável onde podemos ficar algum tempo, tomar um pequeno-almoço
aconchegante, ver o “mapinhas”, absorver Valência.
Com esta escolha em mente,
seguimos adiante até que nos deparamos com um edifício lindo – é o mercado de
Colon – um mercado reabilitado como área de lazer, com muitos cafés à escolha,
onde o moderno e o antigo se fundem numa harmonia ampla e airosa. E as casas de
banho estão brilhantes de limpo! Sempre com papel higiénico! Pode parecer
irrelevante, mas quando se viaja assim sem poiso fixo e sem planos, encontrar
casas de banho limpas e com papel é precioso (até agora têm sido todas!).
Esqueci-me de trazer o “Pee Safe” – um spray que me deram na Women Economic
Forum na Índia que serve para desinfetar a sanita e o tampo – mas na verdade
ainda não lhe senti a falta.
Após um pequeno-almoço simples mas agradável (tosta com doce
e manteiga e um café) e um pedaço de tempo a desfrutar de fazer nada, damos
corda aos sapatos, determinados a dar a volta ao centro histórico. Ai quão
grata estou por ter comprado os meus sapatos Rockland (com 50% de desconto
ainda por cima!) expressamente para esta viagem, com as suas palmilhas super
macias e confortáveis!
O feriado traz-nos inúmeras benesses, incluindo entradas
livres em locais que normalmente são pagos – oferta do Município. Reparamos que
há aqui muita consciência ambiental e vêm-se muitos outdoors apelando ao uso
consciente das embalagens de plástico, ao consumo preferencial de alimentos ecológicos e por aí adiante. Que bom!
Andamos, e andamos e andamos mais um pouco até que decidimos
que já vimos o suficiente. Na verdade, demos mesmo a volta ao centro histórico
numas 2 horas e tal a pé.
Para o almoço…. Salada! Adivinhaste J Desta vez com courgette e
chuchu ralado, milho doce, atum e tomate, cebola, azeite, limão e umas batatas
fritas gourmet para aprimorar o palato ;) Tudo embrulhado nos wraps de trigo e
espinafres de que te falei ontem.
E onde? Num parque verde e sossegado, em cima da nossa manta
de piqueniques, debaixo de uma palmeira. Há momentos a que nenhum restaurante se
pode equiparar e não é por serem super económicos que são menos abundantes –
muito pelo contrário. Aqui posso descalçar-me e deitar-me em cima da “mesa”!!!
Respirar e apreciar o céu azul por entre as folhas da palmeira que me protege
do sol e simplesmente ficar vagarosamente rendida a vazio pleno de Ser.
Quando sentimos que é hora de seguirmos o nosso rumo, aí
vamos nós, de novo para a estrada, em direção ao Delta do Ebre, a caminho de
Tarragona.
Vamos parando de vez em quando até que o sol começa a querer
deitar-se no seu leito de estrelas e consideramos ficar num parque de
estacionamento junto a uma marina linda e sossegada… mas as melgas fazem-nos mudar de
ideias e após um “não sei quê” (fruta, bolachas e tal) para o jantar, decidimos
avançar. Lição número 1, 2, 3 e seguintes: "nem tudo é o que parece".
Lindo o verde dos campos de arroz, mais claro que o dos
montes lá ao fundo e o azul de mar e ria, diferentes tons de rosa, laranja e
cinza carregado pintalgando o céu até que o breu da noite cobre por fim os horizontes
de Leste a Oeste, de Norte a Sul sem que se veja mais do que a luz dos carros e
das casas espalhadas ao longo do caminho.
Paramos numa estação de serviço antes de chegar a Tarragona
e há um caminho que dá lá para trás, onde se entra para uma hospedaria. Parece
ser sossegado e não tem muita luz. Como estamos cansados, rendemo-nos a este
lugar e procedemos de novo à metamorfose de carro para “car-van” nuns meros 10
minutos. Hoje fica ainda melhor que ontem.
Estamos nós tranquilos e prontos para adormecer, e eis que
alguém do outro lado do muro se lembra de pôr música pimba a tocar, alto e bom
som, como se fosse uma festa da aldeia daquelas que duram até de manhã. Por um
lado alegra-me saber que esta pessoa está feliz (o tipo de música aponta nesse
sentido), por outro escolho silêncio para poder dormir tranquila.
Respiro, respiramos, ficamos, aceitamos… e passado não sei
quanto tempo o senhor (era um senhor) lá desliga a música. A questão é que
agora ouvem-se ainda mais os carros que passam na estrada um pouco mais à
frente. Por entre um e outro eventualmente vamos caindo num sono não muito
profundo mas igualmente bem vindo.
Até amnhã ;)
Sem comentários:
Enviar um comentário