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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O Poder da Escolha Consciente - Eco Trip/ Take 4

Dia 3 – 16 de Agosto 2017

 Viajantes

                                                


Acordamos ao amanhecer por percebermos que não vamos mesmo conseguir adormecer como de costume. Com um sorriso no olhar e a cara lavada na casa de banho da bomba de gasolina, o carro reconvertido e os tarecos prontos, aí vamos nós até Tarragona.

Hoje a minha escolha é vivenciar a Graça de Ser… E não importa o que o mundo lá fora me traga assim será o meu sentir interno que, no entanto, inevitavelmente salpica o meu mundo externo também.

Sabes, tenho o privilégio de ter um “chauffeur” para toda a viagem J O Pedro é exímio na poupança de combustível e com ele a conduzir os depósitos vão render pelo menos mais um do que o normal. Ele flui com a estrada e deixa o carro deslizar sem o forçar, levando-o a consumir muito menos. Estou a aprender como se pratica esta arte nova de condução. Observo, grata e segura, livre para observar tudo à minha volta. Poderia entreter-me a ler ou a escrever mas fico nauseada se assim o fizer com o carro em movimento, por isso não há outra opção senão permitir-me o deleite do “dolce far niente” absorvendo a graciosa abundância que nos envolve a cada metro do caminho.

Não somos turistas, somos viajantes num caminho de planos parcos e coração aberto, onde todos os lugares se abrem para nos dar as boas vindas conforme descobrimos tesouros como o silêncio, a descontraída permissão de ter 21 dias que se preencherão por si mesmos, a certeza de que o próprio caminho se nos mostra e a alegria de saber que a vida nos assiste sempre grata por servir quem com ela coopera.

Outro skill precioso do Pedro é o sentido de orientação. Quando se viaja com ele sabe-se que se chega sempre a bom porto, por mais complexo que o caminho pareça por vezes. Deve ser porque ele ama os mapas – tanto que passei a chamar-lhe ternamente “Mapinhas” ;) E tenho aprendido a navegar melhor também, por isso é como se estivesse numa escola de “viagens perfeitas”.

A nossa despensa ainda tem muito para render mas mesmo assim paramos num Lidl. Gostamos de lá passar para comprar os frescos que não podemos armazenar. Já vimos tantos pelo caminho que poderia escreve uma “Crónica Ibérica do Lidl”. É sempre um bom sítio para ir à casa de banho e tem a grande vantagem de ter uma lógica simples e equiparada em todo o lado, o que nos poupa o esforço de ter que desbravar caminho por entre fileiras e fileiras de produtos de todos os feitios. Uma das coisas que me faz não ter uma predileção por ir ao super mercado é o facto de haver demasiada escolha de cada produto. É como que uma praga da era consumista em que ir ás compras e escolher conscientemente se torna um verdadeiro teste à nossa Presença e discernimento. É tão fácil perder o foco nestes sítios! E quando se quer ser o mais sustentável possível ainda se aumenta o desafio mais uns graus. É que o excesso de embalagens de plástico é assombroso! Procurar entre os melhores preços, os alimentos mais equilibrados, os alimentos que não vêm embalados em plástico (tanto quanto possível) e não trazer coisas de que não precisamos, é uma prova hercúlea. Mas enfim, nós somos capazes! J

Lá vai um folhado ou dois, um iogurte líquido para a granola que comprámos no mercado das Caldas antes de vir e por agora é só.

Decidimos não parar em Tarragona e seguir direto para Barcelona. A dado momento, temos que escolher entre a A7, paga, ou a C32, também paga ou ainda a nacional. Atendendo ao facto de que nos estamos a aproximar duma grande cidade decidimos ir pela C32. Parece-nos que a nacional estará talvez mais lotada e a A7, por ser mais conhecida, também. 

A C32 revela-se bastante cara! Mais de 4 euros para uns meros 30 km. Por isso decidimos sair e aí vamos nós num autêntico carrocel! Trata-se de uma estrada que orla a costa escarpada, com curvas e contra curvas sucessivas, cada uma mais apertada que a outra. Começamos a questionar-nos porque teremos tomado este caminho. É lindo, sim, isso é inegável. Mas cansativo! Concluímos que deve ser porque a entrada em Barcelona por aqui, sendo a menos provável, tem muito menos trânsito.

Entramos em Barcelona um pouco antes das 9h e encontramos parque, pago, a uns 300 metros da Sagrada Família. Vamos ao parquímetro para pagar – são 3€ à hora! Ufa! Mas a máquina recusa as nossas moedas. Só fica no máximo com 0,50€. Tentamos duas ou 3 vezes e não conseguimos pagar. Percebemos que o propósito é mesmo não pagar e em confiança seguimos até à entrada da Catedral.

Não tem fila! A esta hora?! Passa-se algo de estranho. Quando perguntamos a um segurança, ou melhor a uma segurança, ela explica-nos que já só há bilhetes para daí a dois dias porque a maioria das pessoas agora compra-os online antes de vir. Hum, ok. Logo à noite vemos se há alguma coisa até 6ª de manhã.

Está percebido porque não foi necessário pagar o parque. Passados uns 10 minutos já estamos no carro.

Decidimos procurar um jardim para tomar o pequeno almoço – a tal granola com iogurte. Quando chegamos perto de um sítio que tem um parque encontramos lugar grátis num sítio inusitado. É um pedaço de terra batida com estrada de um lado e do outro, no meio dos prédios onde diz “Solo Turismos”. Não sabemos bem o que quer dizer, mas uma coisa é certa, não somos de cá – logo devemos ser “Turismos”. E há lá um lugarzinho mesmo à nossa espera.

Depois de um delicioso pequeno almoço gourmet vamos até à praia que é um pouco mais à frente e sentamo-nos num "chiringuito" (bar de praia) com muito bom ar. Bebo um chá e o Pedro um copo de vinho e ali ficamos, meio azamboados por não termos dormido o suficiente, mas felizes por tudo na mesma.

Depois de uma hora ou mais, voltamos para o carro e seguimos rumo a Mataró. É uma cidade costeira acima de Barcelona, a uns 20 km de onde estamos. É que hoje vamos ter com a Sara, uma amiga que conhecemos recentemente. 

Através de uma feliz coincidência, uma amiga que conheci na Women Economic Forum na Índia, Lynn Hope Thomas, apresentou-me a Sara online porque lhe pareceu que o meu trabalho era o ideal para ela. Ficámos logo encantadas uma com a outra quando falámos e marcámos uma sessão de Integração do Ser logo depois. A sara gostou tanto que duas semanas volvidas, estava aqui em Portugal para vir fazer a Experiência Vivencial InPassion Masters, que seria no dia seguinte em Dornes. Depois ficou mais uns dias em minha casa e passou por uma transformação tão mas tão grande que nem ela própria sabia bem o que dizer de si mesma. A única coisa que passou a importar mesmo foi o facto de ela passar a amar estar viva, a sentir-se grata e feliz por estar aqui, por tudo o que é e tem e por poder vir a partilhar isso mais adiante de alguma forma que a preencha de paixão sempre.

A Sara vai receber-nos em sua casa e vamos lá dormir uma noite ou duas. Mas só combinámos para as 17h30 por isso paramos num sítio sossegado junto a uns prédio que tem um banco de jardim e água ali perto para lavarmos “a loiça” – com limão e água, claro. Fazemos a bela saladinha e depois seguimos para a beira mar, desfrutando de mais uns lânguidos momentos sem nada para fazer. Rimos, conversamos, serenamos, enfim - a vida é bela. Ah e esqueci-me de dizer – aqui o parque também é grátis.








Quando chega a hora ligo para a Sara e ela explica-nos como chegar e não é que é mesmo onde estivemos a almoçar?!

Após os alegres e sentidos abraços, somos acolhidos na sua casa como rei e rainha. Quão grata estou! A Sara faz questão que durmamos na cama dela porque a outra que há é individual e prepara-nos um gostoso jantar com tanto amor que só pode ser delicioso.

Vemos o site da Sagrada Família mas só há bilhetes para o fim de semana por isso a ida a Barcelona amanhã fica descartada. Veremos o que vamos fazer. A Sara quer levar-nos a uns sítios especiais.

Hoje é dia de sessão de Respiração Consciente por isso ás 21h de cá, 22h de lá, conectamos via Skype, eu e o pessoal que frequenta estas sessões semanais. A internet é mesmo um advento belíssimo, quando a usamos conscientemente. Não há fronteiras e os limites são muito vastos. Hum Respirar no vazio pleno de Ser.

Finalmente chegou a merecida hora de dormir… numa cama. E que cama, e que almofadas. Super, mas mesmo super confortáveis. Ahhhhh que bênção.

Até amanhã! Sonhos doces de maresia e serenidade. 


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