Hoje pela manhã, conforme respirava serenamente no silêncio
compassivo do meu centro, dei-me conta de como cada dia representa em suma a
vida inteira. Cada dia reserva a oportunidade de ser vivido de forma clara,
simples, consciente, com cuidado nos pensamentos, palavras e atos, com gratidão
por cada tudo que no todo de momentos unos nos abraça com o mesmo cuidado que
lhe oferecemos, com atenção, leve no doce respirar do ar que nutre e embala.
Cada dia tem ciclos, como as estações que naturalmente se
sucedem no contínuo mutável da Natureza. Tem momentos de ação e momentos de
quietude, momentos para fazer e momentos para ficar. Tem momentos de interação
e momentos de solitude, momentos criativos e outros habituais, momentos de
cuidarmos de nós e momentos de cuidarmos dos outros. Tem picos e vales em que
nem uns nem outros são necessariamente opostos.
Cada dia é especial por tudo o que permite, por tudo o que
mostra e convida, por tudo o que é. E mesmo os dias que parecem nunca dever ter
existido são dias úteis em algum sentido, que fazem parte do tecido completo
que dia após dia se tece.
Cada dia oferece vias para novas escolhas, revisão,
reciclagem e reutilização. Cada dia é, quando vivido plenamente, um completo
bouquet de pétalas orvalhadas pelo encanto transparente do Agora.
Percebi que no seio da relatividade do tempo, o mais curto é um mero reflexo do mais longo... e ainda assim o oposto também, sem que nenhum deles possa ser mais importante que a atenção com que o vivo. Não é, pois, na quantidade de tempo que reside a sua dimensão, mas sim na consciência com que o permeio... vivendo inteira em cada sopro.
Onde escolho ficar... é o que define para onde vou, sem que de todo importe...
Se agora, de repente, escolhesses viver cada dia com a mesma
total importância que dás eventualmente à vida inteira, algo mudaria no teu
pensar, no teu falar, no teu fazer?
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