Poder
A linha entre o Poder da Sedução e o Poder do Amor e muito
fina.
O Poder da Sedução faz-nos sentir fortes, bonitos e
brilhantes, cheios de energia, eufóricos e… claro, PODEROSOS – mas,
temporariamente. Este Poder que manipula diz-nos que nos vai dar tudo o que
precisamos, que nos vai abrir todos os caminhos, que nos vai fazer triunfar,
que é o verdadeiro poder, que o sucesso é nosso e é garantido, que não há
obstáculos que não consigamos ultrapassar, que só nós importamos, que somos o
máximo, que somos invencíveis… Mas afasta-nos de estar em silêncio, faz de tudo
para nos manter ocupados e distraídos, faz de tudo para obter aprovação,
bajulação, idolatria. É a própria luxúria que não olha a meios para usar a
energia de quem se atravessa no caminho para o nosso melhor propósito, que é,
neste caso, continuarmos fortes. É egoísta. É embriagante. Alucinante. Leva-nos
a abusar das emoções alheias e a usá-las em nosso próprio proveito. Leva-nos a
correr em frente como touros destravados, sem olhar a meios para atingir o
nosso fim, que é, sempre e invariavelmente – sentirmo-nos no topo do mundo,
invencíveis. Este é o poder do Desequilíbrio primordial entre o Feminino e
Masculino dentro e fora. É o poder que pôs o mundo da forma como está e que
leva as pessoas a cometer as maiores atrocidades. E flutua entre altos de
intenso êxtase e adrenalina, que nos atordoam de poder, e baixos de vazio, de
necessidade de busca de algo que preencha esse vazio, de distração permanente,
de stress e correria, de melancolia e um sentimento difuso de culpa, de
angústia inexplicável, de sufoco e até, em momentos, de desespero e total
confusão. Este não é o Poder do Amor – isto é, o Poder da Essência. Mas às
vezes parece. E parece-se muito mesmo, de tal forma que nos confunde
completamente e nos emaranha numa teia que normalmente só vemos quando estamos
muito enrolados e sofridos – perdidos. É o nosso lado obscuro. E é muito
subtil. Muito hábil. Tão subtil que nos faz acreditar que estamos ótimos, ainda
que aos altos e baixos. Tudo o que for preciso para que não nos aproximemos da
nossa Essência, porque ela é a morte de todo esse jogo do Poder da Sedução.
Este jogo está presente em muitas áreas da vida comum – nas figuras do
desporto, da moda, do cinema, da música, da televisão, na política, nas
organizações maiores e menores, nos nosso locais de trabalho, em casa, nos
grupos de amigos e clientes (para quem tem clientes) e espelha-se sempre como a
necessidade de ficar sempre na mó de cima, sempre na ribalta, sempre a lutar
por mais, mais e mais, dinheiro, sexo, coisas, aprovação… e mais e mais e mais.
E mantém-nos em constante dúvida se é para ir por aqui ou por ali, para ir ou
para ficar, assim ou assado. Sempre a balançar e a pender para todos os lados
menos para o centro.
Em que é que difere então do Poder do Amor, perguntas tu?
O Poder do Amor é suave ainda que mais intenso que tudo o
resto. É sereno e simples. É arrebatador sem no entanto nos remover de nós,
muito pelo contrário – traz-nos de volta a nós. Não procura provar nada, não
procura sucesso, não procura aprovação, não procura luxúria, não seduz nem
manipula. O Poder do Amor é Compaixão. Não tem altos e baixos. É neutro – nem
aqui nem ali – É. Não confunde. Não complica. Não duvida. Não empurra nem
força. Não usa os sentimentos alheios para obter o que quer porque na verdade
não quer nada. Já é inteiro em si mesmo. O Poder do Amor é Gratidão permanente
que não ignora mas abraça, que não esconde mas expressa e transborda. O Poder
do Amor não mente, não subjuga, não engana, não confunde. Mas como não obriga
nem clama por atenção muitas vezes não se ouve. Está escondido por detrás do
maior medo de todos. O MEDO DO AMOR. E porquê? Porque AMAR, amar a sério,
significa perder tudo. Perder as ilusões acerca do que pensávamos ser e querer.
Perdermo-nos por completo para encontrar afinal TUDO. Este perder tudo pode não
ser literal, na vida física, mas por vezes também o é. É o medo do desconhecido
porque só se pode conhecer amando, vivendo em amor o amor. A nossa Essência é
isto. É isto que ela tem para nos dar. Absolutamente TUDO.
E uma das maiores trapaças do Medo do Amor é: será que estou
preparado/a?
Se o tens à tua frente certo é que estás preparado/a, senão
não se teria manifestado claramente neste aqui e agora. Não é para amanhã nem
para daqui a uma semana. É para JÁ! A força da tua Essência é tão, mas tão
grande que te assusta, por vezes. É tão intensa, tão transparente, tão pura,
tão verdadeira que nada pode ficar escondido, não há mais espaço para
brincadeiras ilusórias de ser quem não és e ainda assim achares que estás a ser
quem és. Não há mais espaço para manipulação e sedução. Não há mais espaço para
subjugar, para remover a energia seja de quem for só para nos sentirmos
temporariamente fortes e não sentirmos a dor da vítima No Poder do Amor não há
vítimas. Mas no Poder da Sedução há, e a vítima é a mesma que o abusador. O Poder
da Sedução está em ambos os polos. As vítimas em nós são, aliás, altamente
sedutoras.
O Poder do Amor é algo que nos preenche por completo. É
plenitude. É alegria transbordante – não euforia. É amar-se a si mesmo tanto,
com tanto respeito, com tanta dedicação, que só pode mesmo amar-se o outro, os
outros, com pleno respeito e dedicação. E nisto é a antítese do egoísmo, ainda
que seja amar-se a si mesmo completamente. E quem se ama completamente não
gasta a sua energia de forma vã, não remove a energia do outro de forma alguma.
O Poder do Amor é um colo confortável e terno que nos aconchega e mima sem nos
agitar. O Poder do Amor não nos faz correr e stressar, não cria ansiedade – mas
o medo do amor cria, e muita.
Muitos de nós já cá andamos há algum tempo. E chegou a hora.
Esgotou-se o tempo do recreio. As nossas Essências já não querem mais brincar
ao não Ser. Já sabem como é. Já viram de tudo. Já viram o resultado disso
também. Repetidamente.
A tua Essência quer voltar para CASA. Quer-te. Agora.
Bem vindos meus amigos, à vossa Zona não Cartografada ;)
(deixa do InPassion Un-Limited Editions). O jogo agora é outro, mas não dá para
jogá-lo só às vezes, só a prestações. Requer-te PRESENTE em ti, atento às tuas
flutuações e nuances, consciente da diferença entre quem és e quem pareces ser.
E por isso vos desafio: respirem conscientemente. Não
só às vezes. Só alguns dias. Só quando dá jeito. Só quando conseguem encaixar
isso na vossa atribulada agenda. Fiquem presentes e observem-se. Em vez de irem
atrás da mente, observem-na. Em vez de se perderem nos seus questionamentos e
argumentações, fiquem presentes, em silêncio interno. Apenas respirando e
observando, aprendendo a SER o que já são e sempre foram… mas que entretanto
esqueceram J
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