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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Dias Especiais


Dias Especiais
 

Hoje foi um dia especial. Sim, é verdade que tenho dito que todos os dias são especiais. São como as pessoas, todas são especiais. Só que há uns dias que nos tocam mais que outros, e todos de forma especial, como as pessoas. Hoje foi um desses dias.
Reunião da escola. 14h00. Sala de convívio da Escola Santa Maria do Olival –antiga Escola Santa Maria do Olival – agora é Escola Nuno de Santa Maria. Primeira curiosidade, nesta época de profunda transformação social e pessoal até os agrupamentos de escolas da cidade de Tomar se juntaram, Feminino e Masculino finalmente unidos sob a mesma jurisdição, que se pretende que seja mais eficiente, tal como ocorre quando Feminino e Masculino se reúnem dentro de cada um de nós. O outro agrupamento é Santa Iria e Jácome Ratton – mais uma vez Feminino e Masculino. Enfim, uma mera curiosidade que despertou a minha atenção.
Naquele salão de convívio onde partilhei tantas brincadeiras, conversas, tristezas e alegrias, namoros e desamoros, cumplicidades e dualidades, estudo e recreio, encontros e desencontros… onde vivi 6 anos da minha vida escolar, hoje levei a minha filha, que escolheu ingressar este ano nesta mesma escola por opção própria. Olhando ao meu redor muitos eram os rostos conhecidos. Rostos de antigos colegas de escola, amigos de convívio e companheiros de turma, meus contemporâneos, todos nós levando os nossos filhos para o primeiro dia de escola do 3º ciclo do ensino básico. Havia muito entusiasmo no ar, a sensação de acolhimento era tão envolvente que se assemelhava a um aroma intenso mas suave ao mesmo tempo.
Mudei tanto nestes últimos mais de 20 anos que ainda que sinta aquela escola como o meu liceu, não consigo rever-me com saudosismo dos tempos vividos, os bons e os menos bons. Tudo não passa de experiências do meu passado, que neste momento parece uma outra vida, a vida de um outro alguém, sem sombra de qualquer apego emocional de espécie alguma. Estranhissima esta sensação, mas ao mesmo tempo completamente leve e livre. Receio nem sequer estar a ser capaz de exprimir este sentir com clareza suficiente. Seja como for aqui fica o que me apraz partilhar.
Os tempos agora são outros. O lugar é o mesmo, o mesmo chão azul, as largas vidraças, aqueles degraus para o refeitório, o degrau ao redor, as paredes brancas… o salão é o mesmo, mas tudo mudou. Os putos assustados que ali chegavam vindos do antigo ciclo, agora 2º ciclo, vêm confiantes, acompanhados dos seus pais. Os grandes do secundário que se punham à margem dos miúdos do 7º agora são seus padrinhos e madrinhas, ajudando-os no que for preciso para se sentirem confortáveis e plenamente integrados no dia a dia escolar. Entra-se com cartão e não se pode sair a não ser à hora do almoço com autorização dos pais, que têm uma senha de acesso à internet que lhes permite saber grande parte dos afazeres e movimentos dos seus filhos dentro do perímetro escolar. Dantes entrávamos e saíamos a nosso bel prazer. Enfim, outros tempos em que isso era simples. Novos tempos, novas necessidades, novos costumes. Há agora meios tecnológicos, atividades criativas diversas, uma verdadeira preocupação pelo bem estar dos alunos, proporcionando-lhes um ambiente estável e seguro para que possam desenvolver as suas competências da melhor forma.
Muitos dos meus antigos professores ainda por ali andam, recebendo agora com um sorriso os nossos filhos e alguns quem sabe receberão ainda os filhos dos nossos filhos…
Esta foi a escola onde conheci e fui colega de turma do pai da minha filha, a mesma em que fiz parte de uma das melhores turmas de secundário que até à data haviam passado por aquela escola. A mesma em que foi instaurado um processo disciplinar à minha turma de 8º ano por mau comportamento generalizado. A mesma em que escolhi o curso superior que depois descobri não ser o que idealizara, tendo sido no entanto capaz de reconhecer a sua utilidade, mais tarde ou mais cedo no quotidiano prático. A mesma em que fiz grandes descobertas, tive triunfais sucessos e angustiantes fracassos… A mesma que visitei todos os anos por um motivo ou por outro, após ter terminado o meu 12º ano.
Esta é a agora a escola onde a minha filha se vai sentar nas mesmas salas, com alguns dos mesmos professores, algumas das mesmas disciplinas, e onde na verdade tudo será diferente.
Gabo-lhe constantemente a sorte – a magia, digamos – porque ano após ano consegue sempre manifestar um rol de professores brilhantes, inovadores e entusiásticos que lhe proporcionam experiências únicas, muitas delas completamente fora dos moldes comuns do ensino instituído, professores que ousam fazer diferente por amor à sua profissão e aos seus alunos e que nunca param de aprender e de se apaixonar por aquilo que fazem, apesar de todas as contrariedades do sistema, apesar da burocracia, dos horários estranhos, das exigências de educandos e encarregados de educação… apesar de tudo, continuam a criar e a viver com orgulho o seu ofício letivo. Este ano não fugiu à regra e mais uma vez a minha filha, que se chama Diva, conseguiu a proeza do costume. Assim saiba ela aproveitar a sua sorte – magia, repito.
Hoje foi como se fechasse um capítulo, muitos aliás, do meu passado, completamente limpo de emoções dissonantes, e em PAZ iniciasse uma nova vida, com memórias, sim, mas sem conflito interno algum. Especial, sem dúvida, este dia. Obrigada Diva, por me trazeres pela mão a este novo entendimento, assim como te levei pela mão através daquela porta de entrada para o grande átrio da tua nova escola/vida.
Saibamos pois voar, juntas e separadas... cada uma abrindo as suas próprias asas para SER.


2 comentários:

  1. AH, Amiga Aeelah,
    Que poema à VIDA!!!
    Quanta Paixão, quanta Harmonia e quanta Ternura, em cumplicicidade partilhada, desta Mãe Sublime para com a sua Diva!!!
    As nossas Vidas assumem uma intensidade de Luz - tal, que extravasa os nossos Seres, Celebrando, com Gratidão, a Paz "Interior" de Espírito.
    Bem Hajas
    Artemis

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    1. Obrigada amada amiga do coração :) Um xi com muito Amor

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