Completude Incompleta
Eternamente bem-aventurado, uma miragem. Algo a dissolver-se no horizonte como as ondas de calor transpirando a sua névoa sobre o espelho da consciência.
Nada pode ser permanente na impermanência da forma. Abençoados somos, conforme a vida inspira para logo depois se desvanecer na expiração antes de elevar-se uma vez mais.
Não é suposto permanecermos intocados. Figuras de cera a fingir-se verdadeiras. Não. Não somos. Poderia ser uma canção, uma torrente de alegria? Eventualmente uma lágrima, uma tristeza passageira… Adeus, dirás, a tudo isto. Conforme a transparência cristalina de ser nada permeia a tua consciência. Contentamento infindável.
Um desenrolar generoso tem sido, este meu descobrir de mim mesma existindo em cada dia, de cada forma.
Nunca sei o que está para vir, quem experienciarei ser hoje. Apenas conheço a vitalidade no aconchego de cada respiração. A minha fisicalidade uma dádiva abençoada que consolida a infinitude que Sou em gotículas de alquimia.
Não há lugar que me contenha. Nem espaço que me retenha. Com o Tempo danço, na minha exploração multidimensional. A sabedoria espirala adiante a partir do oceano invisível que gentilmente acaricia as suas ondas na margem arenosa dos meus momentos… vem e vai irrestrita pela necessidade e a liberdade é o perfume delicado da minha vivência desconhecida.
Humano ou Divino, deixaram de ser um enigma… uma demanda. Pois ao cabo de ambos reside o Um e nesta inteireza tudo reside. Tudo o que Sou.
Amados amigos, venho diante de vós hoje, provinda de um reino de profunda gratidão. Esta mesma que permeia o meu coração desde a alvorada até ao crepúsculo, desde o crepúsculo até à alvorada.
Amor… Amor é o meu bastão de Sabedoria, a minha varinha mágica, e ainda que não o comande ele pertence-me como me pertencem as células do meu corpo, os ossos que me sustentam, o sangue que me corre nas veias. Não me pertence e ainda assim é meu para ser saboreado. E eis que me curvo em grato contentamento. Curvo-me diante de ninguém em particular. Diante de nada que se defina. Curvo-me diante daquilo que me infunde, sem nome, sem forma. Aquilo que é, ainda assim, tão tangível como estar aqui agora, a escrever estas expressões de sentir numa página em branco.
O que proveio desde meu mês com a abundante Mãe - a Natureza, a Terra, a Doadora Quintessencial da Vida - foi, é e continuará a ser um novo agora com um sabor profundamente basilar, desenrolando-se de formas que não consigo ainda definir como completas, ainda que a completude seja neste mundo da forma simultaneamente o meu estado intrínseco e ainda assim nunca alcançável. E sorrio um sorriso do coração que me ilumina o rosto e brilha nos meus olhos, pois sei que esta é a dádiva mais especial de estar aqui - a completude incompleta. Tal como cada respiração. E celebro! Celebro-me a mim, a ti, a nós, a tudo.
Continuaremos a brincar, tu e eu, conforme cada um de nós descobre o que se nos apresenta no caminho. Imensamente belo. Continuaremos a celebrar.
Amo-te, Cada reflexo do eu que é eternidade impermanente. Obrigada por estares aqui. Estejas onde estiveres. Seja quem for que te reconheces sendo.
Com Amor,
T. C. Aeelah
31 Agosto 2022
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