Translate

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A Respiração - Tudo o que É

 A Respiração - Tudo o que É 



Ficar plenamente Consciente da Respiração é abrir a porta para o Amor.


Recordo-me como se tivesse sido há meros instantes, daquele momento em agosto de 2008 em que pela primeira vez percebi que afinal nunca tinha amado.


Foi logo depois de um Workshop de Respiração Consciente, o meu primeiro, facilitado pela minha querida amiga Placídia Espinha, partilhando sábios momentos de Norma Delaney, chamada a Dra da Respiração, que viria a ser a minha Mentora de Ser, aquela para a qual olhei sempre como exemplo vivo do que é realmente Ser um Humano Divino e que mesmo agora, depois de ter partido, me acompanha na minha senda de Ser Humana em Respiração Compassiva.


Conforme fui caindo no doce embalo da sua voz, nas palavras que me ressoavam tão profundamente que pareciam vir de mim mesma, no doce colo da respiração, gradualmente algo se alterou para sempre em mim.


O meu coração batia forte, tão intensamente que me parecia querer saltar do peito, a minha Mente não sabia o que dizer, como definir aquilo, o meu corpo estremecia da cabeça aos pés. Parecia que o ar que respirava não chegava para preencher todo aquele espaço que agora se abria em mim. No meu Centro. Em Casa.


No final do Workshop, depois de ter levado um dos participantes à estação, com o carro já parado em frente à minha casa, deu-se um encontro avassalador dentro da minha barriga. De repente, todo o amor que tinha buscado lá fora brotou desde as minhas entranhas, preenchendo-me por completo. As lágrimas corriam-me pela face. Ria e chorava, sacudida pela realização de que afinal o Amor estava dentro de mim.


Sentia tudo o que tinha sentido sempre que me houvera apaixonado, mas agora em mim, comigo mesma e com uma extraordinária diferença. Este Amor era para sempre, sem sombra de qualquer dúvida. O Amor da minha Essência. E eis que se iniciou uma dança de Amor infinito que me convidava uma respiração de cada vez a receber-me mais e mais e mais, a permitir, a largar, a ficar.





Tinha iniciado a minha busca de mim mesma em 2004, tendo rapidamente concluído o Mestrado em Reiki, Magnified Healing e uma série de outras práticas, começando a facilitar cursos logo em 2005, com uma sede inefável de me descobrir, fazendo processo sobre processo sobre processo, praticante de uma disciplina inquestionável, pois o meu foco era só um: ser livre.


Ainda que tenha andado o resto da vida perdida no mundo secular do ter e do fazer, a partir do momento em que senti um chamado interior para encontrar-me, nada me poderia deter.


Foi uma viagem dolorosa, que me parecia lenta, interminável. Logo que descobria mais uma camada de ego para descascar, dezenas se lhe somavam, numa montanha que parecia impossível de assomar.


Sabia que não podia desistir. Não sabia porque tinha pressa, mas a verdade é que não podia parar nem abrandar aquele ritmo louco.


Não havia nada mais importante para mim senão transcender-me e por mais desafiante que fosse cada nova onda de emoções por transmutar, o caminho era só um: em frente.


Sempre soube que se aprende mais quando se ensina, por isso me aprimorei ao ponto de poder ensinar o que precisava de aprender, mantendo-me sempre coerente nas minhas práticas, certa de que não poderia partilhar o que não experienciava eu própria.


Onde estava Deus e quem era afinal? Onde estava Eu e quem era Eu? O que éramos nós? Para que servia a Vida? Como aconteciam as coisas que aconteciam e porquê? … Tantas perguntas para as quais buscava resposta, insaciável.


Estudei, estudei, estudei, pratiquei, aprendi, ensinei, pratiquei e pratiquei sem sequer um dia de pausa até esse momento em 2008 em que o Amor me inundou, finalmente.


Deu-se o advento da Confiança. Inquestionável. Total. E a Respiração tornou-se gradualmente o meu único ponto de Presença, de retorno ao Aqui e Agora, o meu foco para além da ilusão.


Daí em diante a viagem não ficou mais fácil. De todo. Intensificou-se exponencialmente. Na exata proporção deste Amor infinito, assim se me mostrou Sombra após Sombra, após Sombra, todos os meus medos faziam fila para me visitar e questionar. Os meus piores defeitos, as minhas mais temidas incongruências… Tudo gradualmente a nu. Sem filtros. Sem escondidas. Mais e mais de mim.


E eu respirava.


Tudo que me incomodava lá fora era revisto cá dentro, pois depressa percebi que o mundo era apenas o reflexo dos meus óculos.


Muitos mais Cursos trepei, mergulhei, transpus. Através do Crimson Circle, também introduzido pela sábia Placídia, descobri a Aspectologia - a dança dos Aspetos da Personalidade, e num curso ao vivo, em Frankfurt, com mais de 250 pessoas vi de frente a Sombra mais negra que havia em mim. Em todos nós. E percebi que o Diabo afinal não estava lá fora. Estava e sempre estivera cá dentro. 


Por um lado foi um alívio - já não precisava de me proteger de algo desconhecido que poderia assaltar-me a qualquer instante e vindo de qualquer lugar. Por outro, esta Sombra era aquela mais temida. A que é capaz de matar. A que é capaz das maiores atrocidades imagináveis e que habita no íntimo inexplorado de cada um… à espera… sempre a comandar, a querer tornar-se a nossa própria Alma.


E eu respirava.


A Respiração Compassiva tem sido sempre o meu colo, suave e gentil, trazendo-me pela mão de retorno à unidade do Humano com o Divino, que fundidos criam uma realidade verdadeiramente amorosa, serena e simples.


Com a prática consistente de Respiração Consciente, ou Compassiva como gosto de chamar-lhe, pode conseguir-se absolutamente tudo o que realmente importa, por outras palavras tudo o que a humanidade em geral diz querer: felicidade, paz, amor, harmonia, abundância, saúde …





Mas como pode ser tão simples? Bem, o como torna-se irrelevante porque a experiência prática e real do que ocorre respirando conscientemente comprova-se a si mesma.


A Respiração Consciente nem sequer é uma prática propriamente dita, de tão simples que é. 


Basta apenas respirar profunda e suavemente pelo nariz (a não ser que esteja entupido… e aí respira-se como se pode ;) ), permitindo que o diafragma relaxe, para que abdómen possa expandir quando se inspira e repousar quando se expira. De início pode ser desafiante para quem carrega muita tensão no peito, pois pode parecer que não se consegue chegar ao fundo da barriga, mas basta continuar a respirar sem tentar forçar ou controlar o fluxo, permitindo que a própria respiração abra o seu caminho e encontre o seu ritmo.


Chama-se consciente esta respiração, porque se trata de tornarmo-nos conscientes dela, trazendo toda a atenção para ela, sentindo-a entrar no corpo e preenche-lo, acompanhando-a conforme entra e conforme sai, trazendo-nos completamente para o aqui em nós e para o agora. Largando tudo o resto. Deixando os pensamentos flutuar à superfície como se fossem folhas num ribeiro, sem ter que agarrar nenhum deles e sem ter que os controlar tão pouco. Deixando ir e ficando. Mais e mais ficando. Permitindo que a respiração nos aconchegue, abrace, preencha e expanda.


Imediatamente a tensão começa a dissipar-se, e começa a abrir-se um espaço de silêncio interno que nos convida a ficar, aterrando no nosso Centro, o centro de gravidade, ligeiramente abaixo do umbigo. Um espaço que se abre para nos receber, conforme nos abrimos para estar apenas aqui, neste momento pleno.


Neste espaço em nós conseguimos sentir-nos acolhidos. É, afinal, a nossa Casa, o nosso Lugar Seguro.


E é a partir deste ponto de Presença, no fundo de cada Respiração Consciente, que podemos observar-nos compassivamente, sem o ruído dos julgamentos, sem as distrações do ter que fazer, pensar, fugir… sem apego às nossas histórias. Tornamo-nos o observador ausente de espaço e de tempo. Apenas Presentes para o que surge na nossa consciência. 


A aceitação torna-se uma dádiva, recebida com profunda gratidão pois apenas com ela podemos escolher de novo, sem luta contra nós mesmos. Em cooperação com a nossa sabedoria expandida, privilegiando o sentir para que o pensar nos possa servir, enraizando-nos no nosso corpo, na nossa vida, com plena responsabilidade. 


Isto tem um efeito prático e tangível a nível da nossa saúde, pois os desequilíbrios tornam-se claros e podemos assim vislumbrar, acolher e transformar o que estava a causar eventuais doenças ou maleitas físicas de qualquer espécie. E até mesmo aceitar o curso natural da vida e da morte, caso seja esse o convite interno. 


O sistema imunitário torna-se forte, pois o medo vai sendo reconhecido e transmutado, o stress reduzido e eliminado, os hábitos alimentares e as restantes práticas do dia-a-dia tornam-se mais coerentes com o nosso bem-estar físico, mental, emocional e espiritual sem terem no entanto que ser impostas. Torna-se natural e simples respeitarmo-nos e cuidarmo-nos com amor.


Conseguimos ver o mundo sem estarmos em luta constante contra isto ou aquilo, percebendo um todo maior que tem o seu próprio ritmo e para o qual podemos contribuir de forma extremamente preciosa com a nossa serena presença, se quisermos que assim seja.


Temos acesso, através da Respiração Compassiva, a todas as respostas que tanto procuramos e até mesmo a possibilidade de largar muitas das perguntas por deixarem de ser relevantes, pois a clareza contínua anula-as. As nossas capacidades extra-sensoriais expandem-se, dando-nos acesso a muito mais do que víamos até então, largando as limitações que conseguirmos libertar, à medida que vamos evoluindo, amadurecendo emocionalmente, espiritualmente, integralmente.


Conseguimos tomar decisões sábias e coerentes, largar o vício da procrastinação que tem servido para desacelerar o nosso processo evolutivo e aceder a uma criatividade extraordinária, que nos permite criar vidas realmente valiosas, com propósito e plenas de tudo o que sonhávamos mas não acreditávamos verdadeiramente possível.


É isso mesmo. A Respiração Consciente, Compassiva é o campo fértil de onde nascem os impossíveis. Tudo o que a Mente negava por não conseguir alcançar ou compreender torna-se visível e simples e o que não se mostra exequível não é de todo necessário. 


O esforço, a necessidade de ser-se perfeito e de ter tudo sob controlo, as ilusões de não sermos suficientemente bons, capazes, úteis, etc desvanecem-se, tal como a culpa, a vergonha, o ressentimento e tantas tantas outras prisões.


O Pequeno Eu Humano sente-se finalmente acolhido, pois é no colo da Respiração, no Centro de nós, em Casa, que reside a Essência de Tudo o que Somos, o Amor cristalino que alquimiza todas as dores.


Ainda que comece por ser uma prática meditativa - sem ser meditação propriamente dita, pois não contém visualizações e outros componentes da meditação clássica - aos poucos e com consistência, com a nossa escolha de nos tornarmos atentos e focados na Respiração em qualquer momento, em qualquer lugar, torna-se um modo de vida, a forma de estar permanentemente aqui e agora, neste corpo, nesta vida.


E é tão infinitamente simples.





Parece-me que é aqui mesmo, nesta simplicidade, que reside a maior resistência a permitir que a Respiração seja o guia, o guru interno permanente. Mas apesar de todas as resistências ela permanece disponível para ser recebida e aceite como tal.


E eu respiro. Respiro-me completa. Viva. Presente e grata. Recebo-me e dou-me a cada instante contínuo. Sendo tudo o que Sou. Nunca me falta nada nem ninguém pois tenho todo o amor em mim. Descobri que afinal a abundância sou eu! E o mais incrível é que o amor vem ao meu encontro de tudo, de todos e de todas as formas, num fluxo irrestrito de uma magnitude que nunca poderia ter imaginado. Mágico. Realmente mágico.


É este o convite InPassion - Inspiring Passion, inspirando paixão. Respirarmo-nos completos. Vivos. Presentes e gratos. Sem separação entre a inspiração e a expiração. O dar e o receber. O ser e o ter. O saber e o fazer. O simplesmente Ser Humano, Divino, tudo. 






Sem comentários:

Enviar um comentário