Texto escrito em 2009 e publicado na revista Zen Energy em 2010... Hoje dei com esta Doce Fragrância da Compaixão e sorri. Sorri porque as palavras que escoam do Fluxo da Essência são sempre actuais, sempre simples, sempre sábias. Partilho este doce abraço contigo.
A Doce Fragrância da Compaixão
É certo e sabido que todos nós,
enquanto seres humanos, temos pensado, dito e feito coisas de que não nos
orgulhamos. Também assim é em
relação ao que têm feito os outros para connosco.
Desde que nascemos, e ainda até
como pequenos bebés, começamos a receber estímulos de toda a espécie ,
alguns mais e outros
menos aprazíveis. Falando dos menos aprazíveis, os sentimentos de falta de
afecto, abandono, solidão, inadequação, falta de auto-estima, e um pouco mais tarde mas ainda na
tenra infância a raiva, a revolta, o ciúme, a inveja…enfim, o vasto
caleidoscópio de mágoas guardadas fica cristalizado em pequenos “nódulos” de
energia distorcida, presa e congelada no tempo. São como fósseis inertes. Estes
fósseis criam capas à sua volta, para ficarem bem armazenados e manterem a sua
forma original, protegendo-nos dos seus efeitos. E eis que nós desenvolvemos
padrões de
pensamento e comportamento completamente acondicionados
dentro destas bolsas protectoras, gerando respostas fixas para estímulos
diversos que passamos a classificar por categorias, todas elas de teor
defensivo ou ofensivo. É como se vivêssemos dentro de milhares de camisas de
forças, cada uma fabricada ao jeito de cada condicionamento. E neste marasmo de
barreiras internas a nossa energia não consegue fluir livremente e encontrar
novas formas de ver, sentir, perceber e viver. Cada vez que se move encontra
uma parede e anda
assim de parede em parede a
deambular cá dentro, sem ar para respirar, sem luz para ver, sem espaço para
expandir, sem tempo para desfrutar. Parece-lhe familiar?
Fruto de todas estas barreiras, e
como a matéria tem tendência a recriar padrões iguais a si mesma, geramos ainda um
tremendo acervo de auto-punições, críticas e culpas, vergonhas e restrições, na
vã tentativa de impedir novas investidas do mesmo tipo de
pensamentos ou comportamentos que consideramos inadequados para com os outros, pois que os
considerámos anteriormente inadequados dos outros para connosco. Não há-de o
corpo andar dilacerado entre dores e
doenças mil, espelhando todas estas dinâmicas que ainda assim são tão fugidias para
a nossa compreensão?!
Mas, felizmente é possível diluir
essas bolsas protectoras, desfazer essas capas, desenterrar esses fósseis e
reconhecer os seus tesouros – qualquer fóssil é um achado que encerra em si
jóias de sabedoria e nos impele mais além na cadeia evolutiva. Porque haveria
de ser diferente com os fósseis internos?
Paremos um pouco para observar o entusiasmo
dos arqueólogos. Estes compensam o trabalho árduo de escavar sob a insensível
surdina de climas agrestes – faça sol ou chuva e sempre com determinação
inabalável e destemor louvável - com os preciosos achados de tempos idos, que
revelam segredos ímpares, trazendo para a claridade o
que residia esquecido no escuro. Ah e que Alegria
essas “descobertas” proporcionam. Pois é. Como o próprio nome indica,
“des-cobrir” é nada mais que remover a coberta e ver o que estava escondido. O
medo desvanece-se totalmente e o
que se mostra é bem mais belo do que imaginávamos possível,
pois que o essencial de seja o que for não está distorcido, apenas contém o
âmago de qualquer experiência, o doce néctar que nos impele mais além.
É aqui que entra em acção a Compaixão.
Ela traz-nos o suco
da aceitação, para podermos beber cada sabor redescoberto com o mesmo
entusiasmo – sem pôr de parte os sabores amargos, apenas sentindo cada um por si, cada um único.
A Compaixão – corolário do tão
aclamado Amor Incondicional – empresta-nos os seus olhos quando assim o pedimos
e através desses olhos podemos ver um mundo realmente muito diferente. O mundo
visto desde os olhos da Compaixão não é dual, é Uno e como tal todas as coisas simplesmente são – nem
boas nem más, nem tortas nem direitas, nem vis ou santificadas…tudo é o que é,
sem grau de
julgamento. São esses olhos que nos permitem observar sem
dramas e ver que tudo, absolutamente tudo tem um propósito. São esses olhos que
nos permitem ver que ninguém é dono da Verdade de ninguém, por isso nem eu nem
tu podemos dizer a nenhum
outro que está certo ou errado na sua conduta, que é melhor ou pior que eu ou
tu. Podemos, isso sim, se essa conduta estiver ligada a nós, discernir se
queremos envolver-nos nela e escolher se ela nos serve ou não, sem condenação.
Aliás, a fronteira entre julgamento e discernimento é bem ténue, mas se pedires à Compaixão que te
empreste os seus olhos para poderes discernir em vez de julgar perceberás
claramente a diferença.
Mais além, a Compaixão ajuda-nos
a sentir uma profunda gratidão por
todas as experiências vividas, não importa o grau com que as classificamos.
Aliás, são as que classificamos com maior grau de dor, sofrimento ou mágoa que
em última instância nos levaram a descobrir a Compaixão, a senti-la e
a saboreá-la. Foi precisamente o facto de
termos percebido que não era possível perdoar o passado sem largar o julgamento
que fazíamos dele (de nós e
dos outros) que nos levou a poder perceber que a Compaixão é
o caminho para a Liberdade …Benditas
experiências!!!
E assim é que podemos enfim olhar
com o maior Respeito, Gratidão e Tolerância
todos os que nos rodeiam também.
A Compaixão não é uma meta mas sim um caminho. E
este caminho és tu que escolhes se o queres trilhar ou não, tal como todos os
outros caminhos.
O caminho da Compaixão é muito
doce e delicado, totalmente transparente e não contempla fugas ou subterfúgios
pois em última instância a
Liberdade – que nós enquanto humanos nem podemos sequer
conceber na sua total amplitude – a Liberdade é a pura clareza de Tudo o Que É.
A Respiração Consciente é uma ferramenta maravilhosa de prática de Compaixão que nos leva pela mão, ajudando-nos a largar o
passado, a assumirmos quem realmente somos e a
vermos mais além do que os olhos limitados do Pequeno Eu Humano nos
deixavam ver. Ao permitirmo-nos unir o nosso Eu Divino em harmonia com o nosso Eu Humano , podemos descobrir
que não somos realmente as nossas histórias, nem os nossos dramas, não somos
limitados, nem incapazes e não somos incompletos. A integração de tudo o que é nosso é a
verdadeira Compaixão, condição essencial para recriarmos uma nova realidade,
querendo.
Cada humano que assume a sua Mestria, emanando Compaixão por si e por tudo o que é,
deixa uma pegada indelével que cria uma trilha nova, abrindo as portas para
quem queira encontrar também esse rico tesouro.
Respiração e Compaixão…Libertação – e eis que a Vida floresce.
Com Amor
T. C. Aeelah
www.inpassioncoaching.com
AH Fada-Compaixão, como as pérolas mágicas da tua Alma [A Compaixão não é uma meta mas um caminho] suavizam o “bater humano/divino do meu coração”, e iluminam (inarrável!!!) os “olhos dilatados” do meu “mar interior” [ ainda com bolsas lagunares], numa harmoniosa cantata de Compaixão “por si e por tudo o que é” (Aeelah)!!!!!
ResponderEliminarCom AMOR e GRATIDÃO
Artemis
<3
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