🌟 O Eterno
Existe um lugar algures para lá do espaço e do tempo — poderás tentar imaginá-lo, mas o seu conceito escapa à compreensão.
Este lugar não tem nome nem forma. Não está dentro nem fora. É tudo, e ao mesmo tempo, nada.
Vou dar-lhe um nome e preenchê-lo com algumas cores e traços difusos, para que tu e eu possamos encontrar o início desta fantástica aventura. Mas lembra-te: este lugar não pode ser entendido.
Não há caixa que o abarque, nem explicação que o disseque.
Por isso deixa-o livre. Completamente livre. Mesmo livre.
Assim poderás sempre baloiçar no seu encanto sem o esquartejar em pensamentos.
Chamar-lhe-ei Paradisia.
Não tem países, nem fronteiras, nem cidades, vilas, casas, florestas, rios ou mares. Mas há água. E chão.
E há quem por lá habite.
Há céu e há um fogo de cores. Aliás — é estranho, mas é esse próprio fogo de cores que cria o que é necessário a cada agora.
E logo se dissolve no nada, quando já não tem propósito.
Essa chama criativa não queima nem destrói — pois destruição é algo que simplesmente não existe aí.
Assim como algo aparece, logo se descria e se recria noutra forma, ao sabor da vontade do criador.
O chão pode ser cá em baixo… ou lá em cima, de pernas para o ar, por assim dizer.
E o ar banha tudo.
Há muito de intangível nesse lugar — e como disse, as coisas podem ser tangíveis agora… e desaparecer no instante seguinte.
A água? Ah, a água…
Não é constante como no oceano, mas brota aqui e ali.
Aparece e desaparece sem nunca secar — apenas brincando nuns e noutros espaços de chão ou ar.
Bizarro…
Mas leve. E livre.
Pedes-me para descrever quem por lá habita…
Hmmmm… nem sei como lhes chamar.
Se seres, se Anjos, se fogos de vida… sei lá.
São transparentes, mas visíveis.
Não precisam de falar, pois tudo o que pensam se sente de um para outro — e nada escondem.
Por isso não precisam de casas, nem de roupas.
Não há intempéries, nem frio, nem calor.
E ninguém compete por coisa alguma.
De certa forma, não há muitos — há apenas Um.
E esse Um tem muitas partes, mas todas são do mesmo Um.
Como as gotas do oceano.
Começas a perceber porque te pedi que não tentasses compreender este lugar, não é?
Essas partes seguem experiências distintas, mas em simbiose perfeita.
Em equilíbrio absoluto.
Sabendo sempre de onde vêm e para onde vão.
Em constante êxtase criativo.
Saboreiam o entusiasmo alegre de Ser.
Não têm qualquer noção de expectativa ou julgamento.
Tudo o que os move é o Amor de Ser.
(Nem vamos começar a falar de Amor agora…
Este é um Amor que só se pode sentir na harmonia da Verdade.
É Amor do mais puro que possas conceber — e por agora, basta saber isso.)
Talvez um lugar assim te pareça difícil de imaginar…
Ou até, quem sabe, aborrecido de tão perfeito que é.
Mas queria apenas dar-te uma espreitadela.
Só para sentires um pouco da sua magia.