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sexta-feira, 1 de julho de 2022

Epifania

Epifania


Demorou apenas um segundo para decidir. Saltou. Sem rede. Sem cordas. Nada. Apenas ele e o vazio. A beira desvanecera-se, lá longe.

É sabido há tempos imemoriais, que as asas nascem a quem ousa saltar no desconhecido.


O Mestre na montanha dissera-lhe. E ele não só acreditara nele, mas sabia que era precisamente assim.


E mesmo que as asas não se revelassem não importaria.


Tão fugaz era esta passagem pela fiscalidade, como a própria ilusão da morte. Num mero instante deixaria de ser seja o que for. Transição.


E qualquer transição encerra em si alguma trepidação. Um momento está-se aqui. No momento seguinte não mais. Porém existindo algures.


O salto havia sido dado. A queda fora inesperada.


Ele sempre soubera que estaria bem. Fora a leveza das suas asas que o havia surpreendido…


Sim. Elas apareceram. E quando ele aterrou no novo aqui que antes fora nenhures, o chão era macio no seu pousar.


O seu coração estava preenchido. Não havia mais necessidade de sussurrar “Salta. Eu seguro-te.”


Estava feito. Tal como houvera sido muitas vezes antes e seria com toda a certeza muitas outras ainda por vir.


Cada vez era inteiramente a primeira pela singularidade de cada metamorfose.


A beleza desta vez era talvez mais deslumbrante devido à sua determinação. Sem inquietação à beira do precipício. Deixara de ser necessária - a inquietação. Ele sabia que nada mais havia a fazer senão saltar de cada vez que chegasse à fronteira da mudança.



💖💗💖



Caro amigo/a, sempre que a epifania te convidar a saltar para a fenda das suas profundezas por descobrir, que possas sentir-te inspirado/a a mergulhar, saltar, voar… O que melhor te aprouver no momento. 


Não há nada a ponderar. Nada a agarrar. Nada a temer. O teu coração nunca te convida para nada menos do que a gloriosa liberdade. Um salto de cada vez. 



Texto por T. C. Aeelah

Foto por Daniel Coello


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