Integração
Vou partilhar contigo um pouco do que ocorre nas minhas
sessões de Integração com Respiração Consciente, porque na verdade é docemente
mágico J
Como sabes faço parte de um grupo chamado ReamaHara, através
do qual fazemos CDs e Concertos Meditativos Intuitivos de Respiração Consciente.
Há dias fizemos um dos nossos concertos subordinados ao tema
do nosso CD Simbiose, que gira em torno da Integração e Reunião do Feminino e
Masculino dentro de cada um de nós.
Um jovem que assistiu ao concerto, e que por sinal nunca tinha
sequer meditado na vida, sentiu-se profundamente movido durante este concerto.
Deu-se pela primeira vez conta de que dentro dele havia muita coisa guardada
que lhe causava desconforto, dor e desgaste e percebeu que talvez houvesse uma
forma de resolver tudo isso e finalmente sentir o sabor da felicidade.
Ficou no entanto com muito medo do que viu e sentiu em si.
Mesmo assim ligou-me pois sabia que faço sessões de Integração com Respiração
Consciente. Perguntou-me se seria mais suave que o que sentiu no concerto.
Disse-lhe que confiasse e experimentasse, pois no trabalho individual tudo se
passa ao ritmo de cada um, com muita simplicidade.
Ganhou coragem e marcou. No início expliquei-lhe que o que
sentiu no concerto foi uma tomada de consciência muito forte e repentina de
coisas que há muito lá estavam mas das quais não se dava realmente conta. Ele,
por sua vez, afirmou que se não fosse o concerto não se teria dado conta e não
estaria agora disponível para procurar uma nova forma de viver.
Expliquei-lhe que de início apenas iriamos respirar e tomar
contacto com o corpo, perceber onde ele próprio se encontrava em relação ao seu
corpo físico, sentir-se internamente, e se possível mergulhar no espaço interno
onde reside a serenidade. Primeiro voltar ao corpo, sentir-se seguro nele, sair
da mente e ganhar perspetiva, perceber a sua amplitude interna, a sua
sabedoria, o seu amor, a sua real essência. Só depois será possível virarmo-nos
para os pedaços perdidos, as partes doridas, os aspetos magoados, as culpas, as
raivas… etc… etc… Todas estas partes precisam de saber que há uma casa para
onde podem voltar e que nós estamos em casa à sua espera para assumirmos as
nossas novas escolhas, finalmente. Aí essas partes extremamente competentes,
ainda que incómodas poderão enfim diluir-se no lago sereno da Essência,
deixando apenas os tesouros das experiências vividas, sem réstia de dor ou
emoção.
Na primeira sessão este jovem deu-se conta de que andava por
aí a pairar, a sua consciência desenraizada do corpo. Permitiu-se pôr um pé
dentro, mas ficou com um de fora na mesma, pelo sim pelo não! Quando vivemos
muitos eventos traumáticos, especialmente na infância, tendemos a alienar-nos
do corpo, pois ele representa dor. E nisto fechamos as sensações, para atenuar
essa mesma dor. É como se andássemos literalmente a pairar, dormentes. Só que
quando começamos a respirar de forma profunda e consciente abre-se a porta do
sentir e começamos gradualmente a dar-nos conta da nossa ausência. Também nos
começamos a dar conta de que há muito mais dentro de nós do que parecia. E lá
no fundo da barriga, no centro do nosso corpo, há um lugar amplo e sereno, onde
reside a essência da vida que somos. Esse é o nosso espaço seguro. Sempre lá
esteve, mesmo que não nos dessemos conta. Sempre lá estará, quer escolhamos
estar conscientes dele ou não.
O jovem moço sentiu esse lugar, mas ficou do lado de fora,
como se o lugar estivesse coberto por uma redoma que não conseguia transpor.
Quando tentava aproximar-se parecia que o lugar se afastava. Pedi-lhe que
ficasse apenas ali, do lado de fora, respirando, sentido esse lugar pois seria
impossível entrar com luta ou esforço. Tudo que houvera aprendido até então
sobre a vida ser difícil e necessitar de agitação e luta não servia para entrar
no seu espaço seguro. A princípio ele sentia-se muito agitado, ansioso, com
dificuldade em sossegar, mas conforme respirava e escolhia ficar quieto em si,
começou a sentir como era bom ficar assim, simplesmente respirando. Começou a
largar a necessidade de agitação, a sentir um novo gosto em ficar tranquilo.
Nessa primeira sessão não se sentiu totalmente dentro do
corpo, nem conseguiu sentir-se no seu espaço seguro interno, mas conseguiu
ficar quieto e sereno, pela primeira vez na vida. Nos dias seguintes, todos os
dias respirava um pouco de manhã e à noite, apenas ficando quieto, sem forçar
nada, tendo paciência consigo mesmo. Tendo a paciência que ninguém antes tinha
tido consigo, e muito menos ele próprio. Paciência e aceitação – aceitar receber-se
de volta à sua casa interna, foram as suas lições de prática. Estas “lições”
surgem para cada um no momento da sessão, vão-se mostrando e é o próprio que se
dá conta delas.
Ao cabo de uma semana ligou-me para marcar a sua segunda
sessão. Não há prazos nem limites e são as próprias pessoas que sentem quando é
o momento de prosseguir.
Contou-me que se dera conta que muito do que o enervava nos
outros era afinal dele e queria ver-se livre dessas raivas e culpas que
carregava. Não lhe estavam a servir para nada agora.
Começámos a respirar. Imediatamente envolveu-o uma leveza
imensa. Sentiu uma tranquilidade no coração que nunca tinha sentido.
Perguntei-lhe onde estava – dentro ou fora do corpo? Dentro! Pedi-lhe que
sentisse esse espaço lá no centro do seu corpo. Sentiu-se lá instantaneamente.
Livre e solto. E o espaço era imenso. Viu-se. Que grandeza! Sem possibilidade
de explicação. Pela primeira vez sentiu a abundância interna. Não necessitava
de nada. E não se sentia só. Conforme se via ali e olhava em seu redor tudo era
o que era. Pela primeira vez sentiu o que era não julgar – o doce fluxo da
Compaixão. E depois um calor suave, singelo, algo que nunca sentira – amor.
Amor verdadeiro. Não tinha nada a ver com o que sentira até então e que
qualificara de amor. Aquilo era algo diferente, novo, muito mais completo e era
seu! De si para si! E o silêncio. Silêncio. Só podia estar em silêncio.
Sentindo todo este mar de tesouros em silêncio. Desfrutando de algo
inexplicavelmente belo e pleno.
Silêncio foi a sua lição do dia. Continuar a respirar
silêncio para poder conhecer melhor o seu espaço interno, sereno e seguro, onde
pode enfim estar tranquilo, sem medos, sem dúvidas, sem nada para além daquela
amplitude inexplicável que é plena e vazia ao mesmo tempo.
E assim ficará respirando estas maravilhas internas, até que
sinta que chegou o momento em que se sente forte e firme para começarmos a
convidar aqueles medos, aquelas dores, aquelas raivas e culpas, aquelas mágoas
e afins a voltarem gradualmente para casa. Sem julgamentos ou recriminações.
Sem argumentações ou justificações. Simplesmente tomando consciência, convidando,
integrando, diluindo, transmutando, sendo, momento a momento, uma respiração de
cada vez.
Para a próxima conto-te mais um pouco sobre como este
processo maravilhosamente simples funciona.
Bloguistas: esta maravilhosa Partilha (Aeelah) não deixa de ser reveladora e muito pertinente, de quão valiosos são os “primeiros passos” de Respiração Consciente, para _ em Consciência Plena_ enxergarmos os primeiros reflexos do Âmago_Essência, que há em cada um de nós!!!Fluimos exponencionalmente no “útero” do nosso Eu, em plena Alegria, em Amor e Compaixão, contagiando-nos e transfigurando-nos divinalmente em SER_VIDA!!!Simplesmente___
ResponderEliminarArtemis
É giro porque o que para muitos poderia parecer o fim da viagem, o reencontro com a nossa Essência, é sim o início da viagem de Ser completo a todos os níveis. Ao contrário de outros processos, neste começamos por aceder ao que é incorruptível, ao que está e sempre esteve inteiro e intacto e depois então vamos reunindo o rebanho do que se desviou desta integridade em nós, sabendo que por mais obscura que seja, qualquer parte nossa contém em si o âmago da Essência para onde mais tarde ou mais cedo retorna.
ResponderEliminarAssim É,Amiga!!!
ResponderEliminarNuma dimensão impar de partilha!!!
Mais_ A Respiração Consciente, em mim, É Balsamo, porquê?Permite-me, nesta viagem sem fim, saborear a magnitude do reflexo da Luz, no âmago da minha Essência!!!
Artemis