A Vida em conversa…
Há dias a minha filha, que tem 12 anos, fez-me uma pergunta.
Perguntou com muita seriedade e franco interesse, olhando-me
nos olhos: “mãe, como é que classificas a vida?”
Olhei para ela, sorri, e sem hesitar respondi: “a Vida é uma
experiência maravilhosa”.
Ela continuou a olhar para mim, como que não inteiramente
satisfeita com a resposta e prosseguiu a sua indagação: “então mas não achas
que a vida é muito difícil?”
“Não. A Vida tem os seus desafios, mas tudo depende de como
escolhemos vivê-los. É tudo uma questão de escolhas, ou falta delas”.
“Eu vejo algumas pessoas a sofrerem tanto, com desafios tão
difíceis, e dramas tão grandes nas suas vidas. A mim parece-me difícil. Eu
quero continuar a ter sempre esta idade e a viver a vida que tenho, os amigos
que adoro. Adoro a minha vida mas não quero ter que ficar adulta e ter que
enfrentar as dificuldades que vejo os adultos a viver. Até tu tens por vezes
dificuldades que eu não saberia resolver”.
Sorri de novo. “Sim, ser adulto tem as suas dificuldades,
mas se começares a fazer escolhas conscientes sobre o que queres na tua vida
já, não chegarás a viver dessa forma dramática que vês ao teu redor. Basta
escolheres com o teu coração, com a tua consciência e a vida pode ser
maravilhosa, mesmo com os desafios. Como sabes, apesar de ter desafios, desde
que mudei a minha forma de estar que não vivo dramas.”
“E como é que chegaste a essa conclusão? Como é que
aprendeste isso?”
“Eu aprendi da forma difícil. Dando cabeçadas atrás de
cabeçadas, com muita dor pelo meio até que percebi que podia ser de outra
forma, que a vida podia ser diferente. E então comecei a resolver as minhas
emoções e a mudar as minhas crenças e hábitos… e a escolher o que realmente
quero. Deixei de andar cá só por andar e assumi-me, escolhi viver em vez de
sobreviver, que era o que fazia antes. Mas não tem que ser da forma difícil. Tu
podes fazer as coisas de forma mais simples, porque tens pessoas ao teu redor
já com esta idade que tens que te dizem estas coisas e te mostram exemplos reais de
vida muito bonitos e valiosos. Basta mesmo escolheres e amares-te muito. Eu não
me amava e por isso não me respeitava, e por isso escolhia, ou não, agia sem
consciência de quem realmente sou. Mas repara, todos têm o seu tempo de
aprendizagem e experimentação. E tu gostas muito de dramas, és uma excelente atriz!
Por isso resta veres se queres interpretar dramas só no palco ou na tua vida
também”.
“Hehehe. Pois, eu sei. Mas muitos dos dramas que faço, faço
porque quero, porque quero obter um resultado e sei que aquilo vai dar aquele
resultado.”
“Pois é filha, quem brinca com o fogo às vezes queima-se. Eu
não posso impedir-te de fazeres as tuas experiências. Tu és um ser único e tens
a tua própria história para viver. Apenas te posso mostrar como se pode fazer
de outra maneira, sugerir e amar, aceitando-te como és. De resto, tu terás que
escolher para ti, sabendo que todas as escolhas têm algum tipo de resultado, e
percebendo quais são os resultados que melhor te servem, dependendo do que
queres vivenciar. Quantas vezes eu te falo nestas coisas, e na Essência, e em
Respirar e etc e tu dizes que são tretas e depois mais tarde vens-me perguntar
algo sobre isso? Quantas vezes tens dito que nunca farias algo ou nunca
mudarias de ideias sobre algo e depois mudas mesmo, porque vês que não te serve
manter a forma anterior de estar? É assim, vamos aprendendo e crescendo.”
“Pois. Mas por exemplo eu nunca vou fazer as asneiras que
tens feito ao apaixonares-te pelas pessoas erradas repetidamente e depois
sofrer com isso. Quando eu me apaixonar vai ser com a pessoa com quem vou viver
para o resto da vida.”
Grande sorriso o meu. “Se é isso que escolhes para ti que
assim seja, mas duvido que seja assim tão linear. Eu não considero que ter tido
os relacionamentos que tive até agora foi um erro da minha parte. Foram
experiências muito preciosas e todas elas me fizeram crescer e perceber mais
sobre o amor e sobre o ser humano. Não vou impedir-me nunca de me apaixonar e
de amar plenamente, não importa por quanto tempo seja e o que venha a ocorrer
de seguida.”
“O meu pai diz que já não tem idade para se apaixonar, que
só nos apaixonamos na adolescência. Que depois dos 40 não faz sentido
apaixonarmo-nos. Fica-se muito vulnerável e depois magoamo-nos.”
“Pois eu considero que a paixão não tem idade, faz parte da
vida. E viver sem nos apaixonarmos, por pessoas ou pela vida em si mesma, é
viver a medo. Sem nunca nos entregarmos completamente à experiência de estar
aqui. Quando a paixão surge há que vivê-la intensamente, com consciência e
intensamente. Afinal de contas é a paixão que incendeia a vida. Daqui a uns
tempos voltamos a falar sobre isto tudo e veremos como te sentes em relação a
isto.”
…
Que maravilhosa página vivencial de Amor sobre o que é Vida;
ResponderEliminarQue deslumbrante cumplicidade de Sabedoria e Partilhas de Vida(s);
Que Tesouro incomensurável de Amor Partilhado, nesta Mãe-Natureza da Vida;
Que testemunhos de VIDA, subtilmente doseados e cândidos, sob a plástica de Partilha;
Bem Hajam AMIGAS!!!
Com muito Amor e Gratidão
Artemis