(Versão Portuguesa)
Enquanto a primavera se encanta nas melodias das aves, uma brisa suave e morna acaricia-me o rosto, sussurrando — não em palavras, mas em sensação. Conta-me sobre os lugares por onde passou no seu percurso até aqui, até mim, e, embora me saiba a paraíso no coração e sobre a pele, diz-me que não pode permanecer. A sua natureza é fluida, um ondular constante que cresce e se dissipa conforme necessário.
Não permanece em nenhum lugar e chega a todos eles. E ainda assim, deixa-me um beijo terno, um toque de leveza que se infiltra pelos meus poros e põe as minhas células a dançar, a rodopiar no convite alegre da sua brincadeira.
Ah, mas espera! A brisa é infinita neste momento de êxtase! Vai mas no seu rastro mais brisa chega até mim.
E eu inspiro-a. Pura rendição enquanto me deito, de braços abertos, pernas relaxadas na relva macia que me acolhe com ternura, o aroma da terra a encher-me as papilas gustativas com o deslumbre da vida. O meu olhar enche-se do azul do céu, deixando as nuvens deslizarem na sua arte de metamorfose, contemplando a riqueza de toda esta paisagem.
Nada a acrescentar. Nada a corrigir. Nada a controlar, eventualmente.
Ah! Sim! Nunca nada esteve em falta! Jamais.
Um permitir doce e absoluto na quietude da minha respiração. Cada inspiração como a brisa suave e morna que me toca. Um fluxo e refluxo constante. Ondulações de sabedoria que se expandem no tecido da existência. Possibilidades infinitas. Inteireza incarnada em cada partícula.
E assim se canta a minha canção. A minha suave e morna brisa.
Ahyeen.