Translate

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

A folha que voa...

A folha voa no respirar sereno da aurora, salpicando um rasto leve pela brisa das planícies. Detém-se, suave, num ninho de pétalas secas, absorvendo os seus murmúrios de silêncio campestre.

E eis que o vento a puxa "vem, vem, vem mais além...", e ela entrega-se, livre e solta sem pensamento que a detenha de ser uma folha ao sabor do Agora.

Encosta-se a uma janela e espreita. Estranho este transparente que separa este lugar daquele, sem no entanto parecer que algo ali haja. Para ela o transparente é amplo, um contínuo onde nada a separa do aqui onde se sente. Porém, o ali por detrás deste transparente mostra um mundo à parte. Protegido. Fechado. Confortável. Agradável?

Talvez.

Alguém abre a janela e a folha incontida esvoaça, caindo num tapete macio, morto. Nem brisa, nem vento, aqui nada a embala para fora do macio e confortável tapete de sala. Deixa de ter propósito ser uma folha solta ao sabor do nada em todos os momentos únicos do eterno agora. E a folha esquece, esquece perdida de si, perdida de tudo.



Sem comentários:

Enviar um comentário