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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O Poder da Escolha Consciente - Eco Trip/ Take 5

Dia 4 – 17 de Agosto 2017


Catedrais Naturais


Como aqui em casa da Sara há wifi, aproveitei para marcar 2 sessões de Integração do Ser via Skype para hoje de manhã cedo – uma em Portugal e outra na Dinamarca. A internet leva-nos a qualquer lugar no mundo! Ainda achamos que o teletransporte não é possível mas afinal já existe, é tudo uma questão de perspetiva.

Ao fim de 3h30 de mergulho na Essência de Tudo o que É com os meus clientes, estou pronta para desfrutar da absoluta simplicidade de viver no fluxo contínuo do Agora – é a minha escolha para o dia.

Decidimos não ir até Barcelona porque tanto o Pedro como eu já lá estivemos noutras ocasiões. Em vez disso aceitamos a surpresa que a Sara tem para nós. Ela quer levar-nos a um bosque que tem as árvores mais altas de toda a Espanha e entre cidade e natureza nós não temos dúvidas sobre como preferimos viver o dia de hoje.

O nosso carro está de folga por hoje e fica a descansar na garagem da Sara, enquanto ela nos leva no seu novo “naranjito” – um Renault Captur que ela decidiu comprar para celebrar a sua nova vida, logo após ter começado com as sessões de Integração do Ser.

O lugar onde vamos fica em Espinelvas, na serra catalã, e dá pelo nome de Arboretum Masjoan. É um bosque iniciado nos finais de 1800, inícios de 1900 pela família Masferrer, mais propriamente pelo botânico e naturalista Marià Masferrer Rierola que viajando pelo mundo decidiu trazer espécimes de sequoias, abetos e pinheiros gigantes de volta para o seu terreno, criando o que é hoje o bosque com a maior concentração de árvores gigantes da Catalunha, de toda a Península Ibérica, diria. O seu filho seguiu-lhe os passos e hoje há árvores de 50 metros  e mais nesta catedral natural herdada pela família que a mantém e permite visitas por uns módicos 3€ por pessoa.

O silêncio impera. É uma paz que entra pelas plantas dos pés e nos preenche até à cabeça, como se nós também fossemos árvores imponentes. A força destas raízes é tal que nada nos pode arrancar daqui. Apetece apenas ficar, admirar, abraçar, respirar.



Andar sobre esta terra, rica de vida, é como flutuar sobre a lua – o peso do corpo desvanece-se no aroma a pinho que visita o olhar e canta de galho em galho.



O aquecimento global até aqui se faz sentir, e mesmo ao abrigo da sombra serena destes “monumentos”, o calor aperta e a humidade é pouca. O que será deste bosque daqui a mais 100 anos? … E de tantas outras lindas catedrais naturais como esta… Saibamos apreciar este momento, honrados e gratos por estarmos aqui, em respeito e reverência por esta oportunidade abençoada.



Ao cabo de uma hora e meia percorremos todo o bosque encantado e sentimo-nos ascendidos ao céu! Nada se pode comparar a estes santuários de pureza que a Terra, abundante e generosa, nos oferece.

Obrigada Masjuan, pela criação e Sara pela visita.

Temos agora 60 km de caminho de volta para Mataró, mas a Sara fala-nos tão bem de um restaurante familiar com comida caseira que fica a uns 20 km de lá, que decidimos unanimemente ir saborear os pratos tradicionais da Catalunha como se fossemos locais.

É a nossa primeira refeição fora e merece a pena. Somos muitíssimo bem recebidos e não posso dizer-te o que comemos porque não tomei nota mas posso partilhar contigo a memória de aconchego e bem-estar que tenho daquele momento.

A Sara quer-nos levar a outro sítio especial. Chama-se Fonte do Ferro e é um recanto no meio de outro bosque, a uns 6 km de onde vive e onde costuma vir equilibrar energias e comungar com o silêncio acolhedor das azinheiras e sobreiros que aqui habitam.

Chegámos e adorámos. A água da Fonte do Ferro tem um sabor peculiar – é um pouco picante, como se tivesse gás e é uma água de nascente medicinal como elevado teor de ferro. Levamos um pouco para beber mais tarde.

De volta a casa, são já 17h30! Que dia maravilhoso…

Combinei encontro com um amigo que vive aqui perto e que já não vejo há uns 7 anos. Vamos ter uns com os outros na praia de Arenys de Mar (lê-se Areyns De Mar ;) ) para irmos todos ao banho e ainda desfrutar de um pouco de praia para acabar o dia em plena harmonia com todas as forças da natureza – montanha, floresta, campo, ribeiro, mar, sol, céu, areia, terra, ar puro, vida plena… E depois uns bons momentos de partilha entre amigos, passados no Chiringuito Totta Nua, enquanto o sol se põe no horizonte sereno.



Entretanto, em Barcelona, houve um atendado – um homem decidiu investir pelas Ramblas abaixo numa carrinha, matando e ferindo dezenas de pessoas. A Sara recebeu um monte de mensagens perguntando se estava bem, não fosse ela ter decidido passear por ali nesse dia. Ainda esta manhã tínhamos considerado estar em Barcelona, os 3, mas preferimos estar na floresta e é por isso que sabemos que repetidamente a nossa escolha de ausência de drama nos leva sempre para onde ele não está. E assim prestamos um serviço à humanidade: o de emanar uma vibração serena que contraria a tendência geral para o pânico, permitindo a criação de algum equilíbrio no meio do caos. 

Pode parecer estranho mas tenho dito, digo e repito aos meus familiares e amigos: “onde houver drama eu não estou, por isso não vale a pena preocuparem-se”. Assim poupo a mim mesma e a todos os que se relacionam comigo, um monte de energia. Faz parte da minha escolha de sustentabilidade. Se a escolha de ausência de drama se tornasse habitual para a maioria em vez de excecional, o mundo seria, com toda a certeza, um lugar pacífico e limpo. Mas não podemos impor paz no mundo, apenas podemos escolhê-la e criá-la para nós.

Bem, voltemos para casa da Sara para nos prepararmos para arrancar amanhã rumo a Girona e Figueres. A Sara quer preparar-nos uma refeição de arroz de bacalhau para levarmos connosco. É um prato que adora e que faz questão de cozinhar com todo o amor para nos deliciarmos ao almoço, com ela no coração. Conta-nos que quando esteve em Portugal, ainda que haja muuuuuitos pratos de bacalhau, para seu espanto não encontrou em lugar nenhum arroz de bacalhau! Tenho a certeza que amanhã nos vai saber pela vida, este arroz de bacalhau especial.

Já deitada na super confortável cama da Sara, respiro, plena, grata. Como tudo é simples quando navegamos no fluxo da Vida com um grande Sim a aconchegar-nos o sorriso.


Pendurado no corredor de entrada da casa da Sara



sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O Poder da Escolha Consciente - Eco Trip/ Take 4

Dia 3 – 16 de Agosto 2017

 Viajantes

                                                


Acordamos ao amanhecer por percebermos que não vamos mesmo conseguir adormecer como de costume. Com um sorriso no olhar e a cara lavada na casa de banho da bomba de gasolina, o carro reconvertido e os tarecos prontos, aí vamos nós até Tarragona.

Hoje a minha escolha é vivenciar a Graça de Ser… E não importa o que o mundo lá fora me traga assim será o meu sentir interno que, no entanto, inevitavelmente salpica o meu mundo externo também.

Sabes, tenho o privilégio de ter um “chauffeur” para toda a viagem J O Pedro é exímio na poupança de combustível e com ele a conduzir os depósitos vão render pelo menos mais um do que o normal. Ele flui com a estrada e deixa o carro deslizar sem o forçar, levando-o a consumir muito menos. Estou a aprender como se pratica esta arte nova de condução. Observo, grata e segura, livre para observar tudo à minha volta. Poderia entreter-me a ler ou a escrever mas fico nauseada se assim o fizer com o carro em movimento, por isso não há outra opção senão permitir-me o deleite do “dolce far niente” absorvendo a graciosa abundância que nos envolve a cada metro do caminho.

Não somos turistas, somos viajantes num caminho de planos parcos e coração aberto, onde todos os lugares se abrem para nos dar as boas vindas conforme descobrimos tesouros como o silêncio, a descontraída permissão de ter 21 dias que se preencherão por si mesmos, a certeza de que o próprio caminho se nos mostra e a alegria de saber que a vida nos assiste sempre grata por servir quem com ela coopera.

Outro skill precioso do Pedro é o sentido de orientação. Quando se viaja com ele sabe-se que se chega sempre a bom porto, por mais complexo que o caminho pareça por vezes. Deve ser porque ele ama os mapas – tanto que passei a chamar-lhe ternamente “Mapinhas” ;) E tenho aprendido a navegar melhor também, por isso é como se estivesse numa escola de “viagens perfeitas”.

A nossa despensa ainda tem muito para render mas mesmo assim paramos num Lidl. Gostamos de lá passar para comprar os frescos que não podemos armazenar. Já vimos tantos pelo caminho que poderia escreve uma “Crónica Ibérica do Lidl”. É sempre um bom sítio para ir à casa de banho e tem a grande vantagem de ter uma lógica simples e equiparada em todo o lado, o que nos poupa o esforço de ter que desbravar caminho por entre fileiras e fileiras de produtos de todos os feitios. Uma das coisas que me faz não ter uma predileção por ir ao super mercado é o facto de haver demasiada escolha de cada produto. É como que uma praga da era consumista em que ir ás compras e escolher conscientemente se torna um verdadeiro teste à nossa Presença e discernimento. É tão fácil perder o foco nestes sítios! E quando se quer ser o mais sustentável possível ainda se aumenta o desafio mais uns graus. É que o excesso de embalagens de plástico é assombroso! Procurar entre os melhores preços, os alimentos mais equilibrados, os alimentos que não vêm embalados em plástico (tanto quanto possível) e não trazer coisas de que não precisamos, é uma prova hercúlea. Mas enfim, nós somos capazes! J

Lá vai um folhado ou dois, um iogurte líquido para a granola que comprámos no mercado das Caldas antes de vir e por agora é só.

Decidimos não parar em Tarragona e seguir direto para Barcelona. A dado momento, temos que escolher entre a A7, paga, ou a C32, também paga ou ainda a nacional. Atendendo ao facto de que nos estamos a aproximar duma grande cidade decidimos ir pela C32. Parece-nos que a nacional estará talvez mais lotada e a A7, por ser mais conhecida, também. 

A C32 revela-se bastante cara! Mais de 4 euros para uns meros 30 km. Por isso decidimos sair e aí vamos nós num autêntico carrocel! Trata-se de uma estrada que orla a costa escarpada, com curvas e contra curvas sucessivas, cada uma mais apertada que a outra. Começamos a questionar-nos porque teremos tomado este caminho. É lindo, sim, isso é inegável. Mas cansativo! Concluímos que deve ser porque a entrada em Barcelona por aqui, sendo a menos provável, tem muito menos trânsito.

Entramos em Barcelona um pouco antes das 9h e encontramos parque, pago, a uns 300 metros da Sagrada Família. Vamos ao parquímetro para pagar – são 3€ à hora! Ufa! Mas a máquina recusa as nossas moedas. Só fica no máximo com 0,50€. Tentamos duas ou 3 vezes e não conseguimos pagar. Percebemos que o propósito é mesmo não pagar e em confiança seguimos até à entrada da Catedral.

Não tem fila! A esta hora?! Passa-se algo de estranho. Quando perguntamos a um segurança, ou melhor a uma segurança, ela explica-nos que já só há bilhetes para daí a dois dias porque a maioria das pessoas agora compra-os online antes de vir. Hum, ok. Logo à noite vemos se há alguma coisa até 6ª de manhã.

Está percebido porque não foi necessário pagar o parque. Passados uns 10 minutos já estamos no carro.

Decidimos procurar um jardim para tomar o pequeno almoço – a tal granola com iogurte. Quando chegamos perto de um sítio que tem um parque encontramos lugar grátis num sítio inusitado. É um pedaço de terra batida com estrada de um lado e do outro, no meio dos prédios onde diz “Solo Turismos”. Não sabemos bem o que quer dizer, mas uma coisa é certa, não somos de cá – logo devemos ser “Turismos”. E há lá um lugarzinho mesmo à nossa espera.

Depois de um delicioso pequeno almoço gourmet vamos até à praia que é um pouco mais à frente e sentamo-nos num "chiringuito" (bar de praia) com muito bom ar. Bebo um chá e o Pedro um copo de vinho e ali ficamos, meio azamboados por não termos dormido o suficiente, mas felizes por tudo na mesma.

Depois de uma hora ou mais, voltamos para o carro e seguimos rumo a Mataró. É uma cidade costeira acima de Barcelona, a uns 20 km de onde estamos. É que hoje vamos ter com a Sara, uma amiga que conhecemos recentemente. 

Através de uma feliz coincidência, uma amiga que conheci na Women Economic Forum na Índia, Lynn Hope Thomas, apresentou-me a Sara online porque lhe pareceu que o meu trabalho era o ideal para ela. Ficámos logo encantadas uma com a outra quando falámos e marcámos uma sessão de Integração do Ser logo depois. A sara gostou tanto que duas semanas volvidas, estava aqui em Portugal para vir fazer a Experiência Vivencial InPassion Masters, que seria no dia seguinte em Dornes. Depois ficou mais uns dias em minha casa e passou por uma transformação tão mas tão grande que nem ela própria sabia bem o que dizer de si mesma. A única coisa que passou a importar mesmo foi o facto de ela passar a amar estar viva, a sentir-se grata e feliz por estar aqui, por tudo o que é e tem e por poder vir a partilhar isso mais adiante de alguma forma que a preencha de paixão sempre.

A Sara vai receber-nos em sua casa e vamos lá dormir uma noite ou duas. Mas só combinámos para as 17h30 por isso paramos num sítio sossegado junto a uns prédio que tem um banco de jardim e água ali perto para lavarmos “a loiça” – com limão e água, claro. Fazemos a bela saladinha e depois seguimos para a beira mar, desfrutando de mais uns lânguidos momentos sem nada para fazer. Rimos, conversamos, serenamos, enfim - a vida é bela. Ah e esqueci-me de dizer – aqui o parque também é grátis.








Quando chega a hora ligo para a Sara e ela explica-nos como chegar e não é que é mesmo onde estivemos a almoçar?!

Após os alegres e sentidos abraços, somos acolhidos na sua casa como rei e rainha. Quão grata estou! A Sara faz questão que durmamos na cama dela porque a outra que há é individual e prepara-nos um gostoso jantar com tanto amor que só pode ser delicioso.

Vemos o site da Sagrada Família mas só há bilhetes para o fim de semana por isso a ida a Barcelona amanhã fica descartada. Veremos o que vamos fazer. A Sara quer levar-nos a uns sítios especiais.

Hoje é dia de sessão de Respiração Consciente por isso ás 21h de cá, 22h de lá, conectamos via Skype, eu e o pessoal que frequenta estas sessões semanais. A internet é mesmo um advento belíssimo, quando a usamos conscientemente. Não há fronteiras e os limites são muito vastos. Hum Respirar no vazio pleno de Ser.

Finalmente chegou a merecida hora de dormir… numa cama. E que cama, e que almofadas. Super, mas mesmo super confortáveis. Ahhhhh que bênção.

Até amanhã! Sonhos doces de maresia e serenidade. 


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Money, Abundance... / Dinheiro, Abundância... Part 1

Money, Abundance, Happiness and Freedom


Dinheiro, Abundância, Felicidade e Liberdade


I’m going to share with you a vision about Money and ultimately Abundance itself.

Picture an immense garden. This garden has all types of flowers all year round, not all blooming at the same time but nevertheless there are always many many flowers available any time.

The ground is healthy, fertile and beautiful beyond description. And it belongs to no one in particular but is accessible to all who allow themselves to see it, who nurture it, who respect and honour it, who trust it, who celebrate it, who enjoy it and thank it, who love it unconditionally.

Money is only one type of flower in this immense garden and it comes in different colours.

You don’t, of course, pick all of the flowers in the garden because they would not spread their seeds if you did and they would dry after a much shorter period of time than when they are left blooming under the warmth of the sun, the soothing moon, the fresh rain and all of the other elements of nature that keep them strong. You know that there are always flowers in this garden and you can go there and pick some to brighten up your home whenever you wish to.

Each and every flower in this garden is as precious, as exquisitely special, as unique and lovable as any other so the flowers that represent money are in no way better or more valuable than the ones that represent pears, apples or the air that you breathe.

So why, you may very well ask, are we not always aware of this garden and of all of these different flowers? Or we might be aware of it but have trouble accessing it, no matter how hard we try?

In the next posts I will share more reasons why but for now here is one:

Stop trying! Each time you try you are making an effort to force something that cannot be forced – only realised and allowed.




***

Vou partilhar contigo uma visão acerca do Dinheiro e em última instância acerca da própria Abundância.

Imagina um jardim imenso. Neste jardim há flores de todos os tipos durante todo o ano. Nem todas florescem ao mesmo tempo mas no entanto há sempre muitas flores disponíveis.

O solo é tão saudável, fértil e belo que não há palavras para o descreverem, e não pertence a ninguém em particular mas está ao alcance de todos os que se permitam vê-lo, nutri-lo, respeitá-lo e honrá-lo, confiar nele e celebrá-lo, que desfrutam dele e lhe agradecem, que o amam incondicionalmente.

O dinheiro é apenas um tipo de flor neste jardim imenso e há flores deste tipo de muitas cores diferentes.  

Claro que não colhes todas as flores do jardim porque se acaso o fizesses, as suas sementes não poderiam espalhar-se e multiplicar-se ao mesmo tempo que secariam mais depressa num vaso do que na terra, onde podem florescer e deleitar-se com o sol morno e a lua suave, com a chuva fresca e todos os outros elementos da natureza que as mantêm fortes e viçosas. Sabes que há sempre flores neste jardim e que podes colher algumas para alegrar a tua casa sempre que queiras.

Todas as flores aqui são preciosas, absolutamente especiais, únicas e adoráveis e as que representam o dinheiro não são de todo mais valiosas do que as que representam peras, maçãs ou o ar que respiras.

Então, perguntas tu, porque é que nem sempre temos consciência deste jardim e de todas as suas diversas flores? Ou talvez tenhamos consciência dele mas é-nos difícil aceder a ele, não importa o quanto tentamos?

Nos próximos posts partilharei muitos motivos mas por agora aqui fica um:

Para de tentar! De cada vez que tentas, estás a fazer um esforço para forçar algo que não pode ser forçado – apenas permitido.






sábado, 16 de setembro de 2017

O Poder da Escolha Consciente - Eco Trip/ Take 3

Dia 2 – 15 de Agosto 2017


“Hoy es Festivo”


Hum! Que noite tão bem dormida! Adoro acordar com a luz do sol a despontar e sentir-me revigorada e inspirada para mais um belíssimo dia.


E sabes uma coisa fantástica? As casas de banho nesta estação de serviço têm um chuveiro! De água quente! Grátis!!! Sinto-me acarinhada e abençoada pelo sorriso da vida.

Hoje seguimos para Valência e quando chegamos, a calmaria das ruas nesta grande cidade recorda-nos que é feriado – dia da Assunção de Nª Senhora, como aqui em Portugal. Curiosamente a minha escolha para o dia de hoje foi celebrar alegremente a beleza da Vida na Terra – a nossa grande mãe.
Feriado significa parque grátis, nada de trânsito, pouca gente, ar mais limpo… enfim, uma tranquilidade generalizada que espelha perfeitamente o nosso estado de espírito.

Preciso de carregar o telemóvel, por isso decidimos ir à procura de um café agradável onde podemos ficar algum tempo, tomar um pequeno-almoço aconchegante, ver o “mapinhas”, absorver Valência. 

Com esta escolha em mente, seguimos adiante até que nos deparamos com um edifício lindo – é o mercado de Colon – um mercado reabilitado como área de lazer, com muitos cafés à escolha, onde o moderno e o antigo se fundem numa harmonia ampla e airosa. E as casas de banho estão brilhantes de limpo! Sempre com papel higiénico! Pode parecer irrelevante, mas quando se viaja assim sem poiso fixo e sem planos, encontrar casas de banho limpas e com papel é precioso (até agora têm sido todas!). Esqueci-me de trazer o “Pee Safe” – um spray que me deram na Women Economic Forum na Índia que serve para desinfetar a sanita e o tampo – mas na verdade ainda não lhe senti a falta.





Após um pequeno-almoço simples mas agradável (tosta com doce e manteiga e um café) e um pedaço de tempo a desfrutar de fazer nada, damos corda aos sapatos, determinados a dar a volta ao centro histórico. Ai quão grata estou por ter comprado os meus sapatos Rockland (com 50% de desconto ainda por cima!) expressamente para esta viagem, com as suas palmilhas super macias e confortáveis!

O feriado traz-nos inúmeras benesses, incluindo entradas livres em locais que normalmente são pagos – oferta do Município. Reparamos que há aqui muita consciência ambiental e vêm-se muitos outdoors apelando ao uso consciente das embalagens de plástico, ao consumo preferencial de alimentos ecológicos e por aí adiante. Que bom!



Andamos, e andamos e andamos mais um pouco até que decidimos que já vimos o suficiente. Na verdade, demos mesmo a volta ao centro histórico numas 2 horas e tal a pé.






Para o almoço…. Salada! Adivinhaste J Desta vez com courgette e chuchu ralado, milho doce, atum e tomate, cebola, azeite, limão e umas batatas fritas gourmet para aprimorar o palato ;) Tudo embrulhado nos wraps de trigo e espinafres de que te falei ontem.

E onde? Num parque verde e sossegado, em cima da nossa manta de piqueniques, debaixo de uma palmeira. Há momentos a que nenhum restaurante se pode equiparar e não é por serem super económicos que são menos abundantes – muito pelo contrário. Aqui posso descalçar-me e deitar-me em cima da “mesa”!!! Respirar e apreciar o céu azul por entre as folhas da palmeira que me protege do sol e simplesmente ficar vagarosamente rendida a vazio pleno de Ser.





Quando sentimos que é hora de seguirmos o nosso rumo, aí vamos nós, de novo para a estrada, em direção ao Delta do Ebre, a caminho de Tarragona.

Vamos parando de vez em quando até que o sol começa a querer deitar-se no seu leito de estrelas e consideramos ficar num parque de estacionamento junto a uma marina linda e sossegada… mas as melgas fazem-nos mudar de ideias e após um “não sei quê” (fruta, bolachas e tal) para o jantar, decidimos avançar. Lição número 1, 2, 3 e seguintes: "nem tudo é o que parece".



Lindo o verde dos campos de arroz, mais claro que o dos montes lá ao fundo e o azul de mar e ria, diferentes tons de rosa, laranja e cinza carregado pintalgando o céu até que o breu da noite cobre por fim os horizontes de Leste a Oeste, de Norte a Sul sem que se veja mais do que a luz dos carros e das casas espalhadas ao longo do caminho.

Paramos numa estação de serviço antes de chegar a Tarragona e há um caminho que dá lá para trás, onde se entra para uma hospedaria. Parece ser sossegado e não tem muita luz. Como estamos cansados, rendemo-nos a este lugar e procedemos de novo à metamorfose de carro para “car-van” nuns meros 10 minutos. Hoje fica ainda melhor que ontem.

Estamos nós tranquilos e prontos para adormecer, e eis que alguém do outro lado do muro se lembra de pôr música pimba a tocar, alto e bom som, como se fosse uma festa da aldeia daquelas que duram até de manhã. Por um lado alegra-me saber que esta pessoa está feliz (o tipo de música aponta nesse sentido), por outro escolho silêncio para poder dormir tranquila.

Respiro, respiramos, ficamos, aceitamos… e passado não sei quanto tempo o senhor (era um senhor) lá desliga a música. A questão é que agora ouvem-se ainda mais os carros que passam na estrada um pouco mais à frente. Por entre um e outro eventualmente vamos caindo num sono não muito profundo mas igualmente bem vindo.


Até amnhã ;)

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O Poder da Escolha Consciente - Eco Trip/Take 2: Parte 2

Dia 1 - 14 de Agosto 2017


O Início -  Parte II


Tudo a postos. São horas de arrancar.

Esqueci-me de te dizer que também temos uma tendinha para dois, caso decidamos ficar num camping aqui ou ali.

Por onde passamos não nos cruzamos com o fogo, ou melhor os fogos que ainda assim enegrecem o céu como se de um assombroso pesadelo se tratasse. À medida que adentramos Espanha e deixamos Portugal, os horizontes contrastam – breu atrás e azul à frente – uma parábola real sobre o efeito prático de fazer escolhas conscientes. A nossa é claramente a ausência de Drama e nisso estamos a servir a consciência global com a Paz que nos assiste.

Por falar em escolhas, a minha eleição para este dia é a de receber a magia que ficar entregue à minha Essência sempre proporciona.

Chegados a Cáceres há que procurar parque no centro histórico, gratuito, de preferência.

Quase deixamos a o carro num lugar de cargas e descargas mas damo-nos conta a tempo e seguimos em busca de outro melhor. Damos a volta ao quarteirão sem saber exatamente onde estamos e acabamos por seguir as indicações de Parque Coberto. Quando chegamos à entrada, olhamos para a frente, mesmo ao lado da entrada e… um lugar vago, gratuito, de onde basta descer para chegar ao centro histórico diretamente.

Felizes apreciamos o magnífico estado de conservação do casco histórico em que a harmonia entre edifícios antigos e novos coloridos de ocre recria o ambiente intemporal de épocas em que o Clero e a Nobreza comandavam a fé e os destinos dos povos.


Rapidamente percebemos que muito raramente escolheremos pagar ingressos em monumentos e museus por dois motivos:

·       - Porque requereria muitos mais dias do que os que escolhemos para esta viagem, pois as nossas visitas a cada local seriam muito mais longas.

·       - Porque não caberia no nosso orçamento escolhido.

Uma experiência como esta que decidimos empreender tem muito mais a ver com sentir os sítios por onde passamos, conhecendo-os pela natureza da consciência aí presente, absorvendo-os através dos nossos poros, deixando-os mostrar-nos o que realmente são por detrás dos contornos da forma, do que com ver a fundo com os olhos físicos. 

Começamos a dar-nos conta da expansão do tempo. De cada vez que olhamos para as horas a Mente diz que é impossível que o número seja aquele – não pode ter passado só uma hora depois de tudo o que andámos, vimos, sentimos e observámos. Mas sim, a hora está certa.

A caminho de Toledo passamos por Trujillo onde paramos apenas para verificar o mapa no tablet.

Paramos para almoçar num parque à beira da estrada. Uma das nossas saladas bio: com courgette e cenoura ralada, tomate, ovo cozido, cebola e um pouco de azeite, limão e flor de sal, com sementes de sésamo, chia e abóbora à mistura. Tudo enrolado nos wraps de trigo e espinafres que a Joana nos ofereceu para a viagem. Hum! À altura de um qualquer bom snack natura. Para a sobremesa temos uvas colhidas hoje de manhã. Descobrimos que nos esquecemos do detergente da loiça, mas a necessidade cria o engenho e descobrimos igualmente que com um pouco de limão e depois um pouco de água conseguimos “lavar” a loiça!

A dada altura o carro também precisa de alimento. O Pedro decide sair da autovia (gratuita) para seguir pela nacional por ser mais direto e porque a probabilidade de encontrar combustível a preços mais acessíveis é maior. Logo na primeira localidade por onde passamos há uma bomba de gasolina de uma marca que ainda não tínhamos visto com o diesel a 1,02€! O mais baixo que já vimos até agora – aliás, o mais baixo que viemos a ver nesse dia. 

Chegados a Toledo quase paramos num local mas decidimos dar a volta ao quarteirão e mais uma vez a magia acompanha-nos. O parque é pago mas entre as 14h e as 17h não, pelo que a primeira meia hora é gratuita e pagamos 1€ entre as 17h e as 18h30. O mais caricato, no entanto, é o facto de termos parado mesmo diante de uma indicação de escada rolante que é do outro lado da rua e que nos leva até ao cimo do monte onde se concentra o núcleo histórico. E ainda para mais o carro fica à sombra, o que protege a nossa “despensa” - sorrimos, gratos.

Damos voltas e mais voltas – há tanto para apreciar. Sentamos, respiramos, desfrutamos de cada instante. Sem pressa, sorvendo a arte das janelas, portas, pórticos, arcos, torres, ruas, frisos, varandas, estátuas. Tanto engenho criativo!



Depois de um delicioso gelado e de uma sandes de presunto à boa maneira espanhola, decidimos regressar ao carro. Quando olhamos para as horas só passou 1 hora e meia! Chegamos ao carro 30 minutos antes do fim do ticket!

O sol já está a baixar e a aproximar-se a nossa primeira noite por paragens desconhecidas. Decidimos fazer como os camionistas e procurar uma estação de serviço com espaço e bom ar para montar a “caravana”.

Após uma ou duas tentativas encontramos a ideal. Tem um café 24 horas, com casas de banho e até tem hospedaria mas temos o nosso próprio “hotel”.

O parque de estacionamento é enorme e lá ao fundo não há carros, nem luzes fortes pelo que estacionamos no meio de dois abetos e montamos o “estaminé”.

O meu entusiasmo é como o de uma criança que vai dormir dentro da sua casa de bonecas, aconchegada e fofinha.



Bebemos um chá no café e como a saqueta de chá de mirtilo ainda tem muito para dar, embrulho-a num guardanapo para experimentar colocá-la dentro de uma das garrafas de água e eis que temos mais de um litro de delicioso chá frio.

Reparo antes de me deitar na nossa cama super confortável que o nome do café/restaurante/hospedaria é DILAMOR – o que me lembra de Deal Amor (meio inglês e meio português – um bom pacote de Amor).

Bons Sonhos!

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O Poder da Escolha Consciente - Eco Trip/ Take 2: Parte 1

Dia 1 – 14 de Agosto, 2017


O Início 


A manhã espreita pelas frestas da portada de madeira. Sabemos que é hora de despertar. O dia adivinha-se longo e inesperado e há ainda que verificar se está tudo a postos para a grande viagem.

Com alegria no olhar e leveza no coração damos conta da nossa “despensa”: frutas do pomar e vegetais e legumes da horta, frutos secos, azeite, aveia e muesli, atum, feijão, água da fonte e mais umas coisitas para as refeições dos primeiros dias. Não pode faltar o ralador e uma caixa de plástico para as saladas, uns copos e pratos de piquenique, 2 garfos e 2 colheres, o canivete, a mala térmica que sempre refrigera por um dia ou dois, o rolo de cozinha e… parece que está tudo. O “quarto” também tem os seus 4 colchões tripartidos, 2 sacos de cama e 2 lençóis para quando o calor aperta, 3 almofadas (dá sempre jeito mais uma) a manta de piquenique, as proteções para os vidros de trás e da frente e já está. As toalhas terão que servir de cortinas laterais, à falta de outra solução mais convencional. A “sala” tem uns “sofás” bem confortáveis o que vem bem a propósito porque será onde possivelmente passaremos mais tempo. Casa de banho não temos, mas também não é preciso, pois sabemos que quando for preciso teremos o necessário à nossa disposição. Vai no entanto o papel higiénico caso seja necessário – a julgar pelas nossas casas de banho públicas, ás vezes têm e outas vezes não. Uma pequena bolsa para a higiene diária para cada um e de casa de banho estamos tratados.

Uma malita pequena com roupa para cada um – a minha é um bocadito maior, mas ainda assim é daquelas que pode ir para a cabine do avião. O computador também vai, ainda que não venha a ter muito uso e o tablet para os mapas e pesquisas breves.

Só para saberes, estou a falar de um carro ligeiro – nem sequer é uma station (é um Peugeot 308). Mas decidimos chamar-lhe de car-van J e com um pouco de imaginação conseguimos perceber que tem tudo o que é necessário para nos acomodar nesta livre aventura que designámos de eco-trip. O giro é que sempre sonhei ter uma autocaravana e descobri que afinal sempre tive! Quer dizer, sempre tive desde que tenho carro que dê para rebater os bancos traseiros, só que nunca me tinha dado esta “panca” de fazer do carro uma car-van!

A “Trip” é Eco por vários motivos que passo a citar:

1.       Porque temos um orçamento de 500€ a 550€ cada um para 3 semanas (21 dias) de viagem entre Portugal e a Itália (ida e volta) – ou seja, é uma viagem super económica
2.       Porque vamos utilizar o combustível de forma consciente
3.       Porque vamos fazer tão pouco lixo quanto for possível
4.       Porque não vamos desperdiçar a nossa energia com preocupações, planos e obrigações, nem com cogitações, complicações, desentendimentos, notícias ou dramas de qualquer espécie
5.       Porque vamos comer e beber de forma simples e sem excessos
6.       Porque vamos usar os recursos que já existem por essa europa fora ao dispor de todos nós e vamos ser ágeis, flexíveis e adaptáveis ás circunstâncias de cada lugar e momento
7.       Porque vamos desfrutar da viagem sem apegos ou consumismo
8.       Não me lembro de mais nada para acrescentar aqui… ;)

Hoje há por aí fogos, muitos com certeza, porque o carro está cheio de cinza. Mas sabemos que não vamos ser impedidos de seguir o nosso caminho porque as nossas escolhas principais para esta viagem são muito claras:

1.       Ausência total de dramas
2.       Confiança total na magia que as nossas Essências nos proporcionam quando estamos entregues a simplesmente Ser
3.       Certeza de que teremos sempre absolutamente tudo o que for necessário, momento a momento
4.       A convicção de que estamos sempre 100% seguros quando ouvimos a voz do coração e nos abrimos para receber o caminho sem expetativas, sabendo que Deus está em cada folha, cada pedra, cada olhar

Continua…




terça-feira, 5 de setembro de 2017

O Poder da Escolha Consciente - Eco Trip / Take 1

Dia 0 e 22 :)



Uma licença sabática, um retiro ativo, uma senda espiritual, uma descoberta interior – poderia chamar-lhe qualquer destes nomes mas decidi ficar-me por Eco Trip.

» 21 dias de viagem por Portugal, Espanha, França e Itália
» 6655 km percorridos
» Mais de 80 localidades visitadas
» + de 100 horas de carro numa média de cerca de 300 km por dia
» + de 200 km a pé
» 555€ x 2 pessoas

Uma viagem sui generis, sem horários, planos fixos ou expetativas. Sem desentendimentos, preocupações ou apegos. Sem sobrecargas, excessos ou rigidez. Uma descoberta constante de entrega, em confiança e abertura, com a inocente admiração própria da criança que aborda o caminho de coração aberto e mente atenta, ávida de cada novo espreitar por recantos ainda virgens do nosso olhar.

Pela primeira vez desde os meus tempos de escola, permiti-me sair por completo do sendeiro do trabalho por mais que uma ou duas semanas seguidas, e mergulhar numa experiência de longo desprendimento dos afazeres de um dia-a-dia ainda que não rotineiro, ainda assim familiar.

Ao longo dos próximos posts partilharei contigo as experiências diárias de escolha consciente, em que se pretendeu desperdiçar o menos possível e desfrutar tanto quanto pudemos abarcar nas nossas almas infinitas.

Ainda que tenhamos gasto muito pouco dinheiro, combustível e poupado o ambiente do nosso lixo da melhor maneira que soubemos, bem como poupado o mundo de dramas e pensamentos nefastos com a nossa contínua alegria, confiança e certeza de que o nosso caminho está, esteve e sempre estará pleno de magia – vivemos tamanha abundância que em certos momentos ficámos sem fôlego, tal era a enormidade de dádivas que em cada lugar recebemos.

Tornou-se muito claro, como se não o fosse já anteriormente, que quando nos acercamos do caminho de braços abertos, coração livre e mente serena, todo o universo se reúne para nos celebrar em cada respiração – dando-nos de volta muito mais que o dobro do nosso fôlego investido.

Nos dias que correm, em que o consumo assume as rédeas da economia global, parece utópica a possibilidade de gastar pouco e usufruir muito, mas na verdade não só é possível como simples.

Obrigada é só o que tenho a dizer.


No próximo post começo a contar-te a história…