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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Bem vindo Inverno :)

Hoje decidimos celebrar o Solstício de Inverno, em gratidão à Mãe Terra, num lugar onde a força da Natureza abraça todos os sentidos e preenche o coração. E Ela reservou-nos um mágico presente. Num dia completamente nebulado e frio, próprio do Inverno que hoje começa, fomos brindados com o brilho de um sol terno, o vasto céu azul e o cintilante borbulhar da água, orlada pelo verdejar da abundante vegetação. E isto só e apenas no lugar onde decidimos dispor-nos a parar e simplesmente desfrutar da Paixão pela Vida com todas as suas nuances, cores e sabores :)
Gratidão plena ao Céu e à Terra que com tanto Amor nos envolve quando tomamos o Tempo para com ela Respirar e Ser.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Pequenas Grandes Coisas

“Para criares a vida que desejas para ti e para todos os outros, têm que ser feitas

algumas grandes coisas. Mas, a boa notícia é que são precisas apenas coisas
pequenas para fazê-lo.
Um sorriso. Um toque. Uma gargalhada. A decisão de perdoar. A vontade de partilhar.
 A habilidade de chorar – e de ouvir o choro dos outros. Confiar no divino. Aceitação dos outros.
A escolha de viver como um só.
A determinação de te atreveres.
Estas são coisas que és capaz de fazer.”

In “The New Revelations”, Neale Donald Walsch (2003) 





quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Poema do Re-Criar

Do meu livro Consciência... à Solta:


Poema do Re-criar


Seja um Jardineiro
que cultiva o seu próprio desabrochar

Seja um Dançarino
que dança nos braços da Vida

Seja um Músico
que toca a melodia do Agora

Seja um Tecelão
que tece a tapeçaria de infinitas possibilidades

Seja um Mágico
que produz o elixir do Ser Eterno

Seja um Alquimista
que transforma seja o que for em Amor Absoluto

Seja o Artista
que em tudo coloca a Alegria de criar

As flores e o jardineiro, a dança e o dançarino, a música e o músico, a tapeçaria e o tecelão, a magia e o mágico, a alquimia e o Alquimista, a arte e o artista... seja absolutamente tudo no nada que cada momento deixa vazio para poder colorir e amar com os traços mais sublimes que possa imaginar!!!












terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A História de Amor/ The Love Story

1º Capítulo do novo livro Ser!... Amor

1st Chapter of the new BE!... Love book

(Nova versão do livro Não Apenas Mais um Livro Sobre O Amor - O LIVRO sobre O AMOR)
(New version of Not Just Another Book About Love - THE BOOK about LOVE)

English version below the Portuguese one


A História de Amor



O dia chegara. Não era um dia qualquer. Era o dia de despertar. Era o dia em que eles iriam conhecer-se pela primeira vez. Bem, não era a primeira vez… mas parecia.

Há muito que sabiam da existência um do outro. Em tempos houvera entre eles muito amor. Por via de circunstâncias inesperadas esse amor sofrera metamorfoses profundas. Passara por mágoas, dores, angústias, tristezas, raivas, vindo mesmo repousar nas margens do ódio. Passou a seu tempo pela rede da indiferença, até que caiu na rejeição veemente que teima em esquecer, trancando as portas do sentir com um ferrolho antigo e enferrujado cuja chave acabara por perder-se nas brumas do tempo.

E eis que cada um seguira o seu trilho, ignorando por completo a existência do outro. O que a princípio era uma ignorância deliberada, passou a ser um hábito de tal forma arreigado que a dado momento nem um nem outro se lembrava de que houvera sequer alguém mais ali.

Cada um assumira por si mesmo o papel de ambos, pensando que seria fácil fazer tudo. E o padrão instalou-se. O padrão de não saber pedir apoio, o padrão de exigir, o padrão de impor, o padrão de rejeitar, julgar, de justificar, argumentar - a intolerância permanente de quem não sabe ouvir… nem comunicar.

A separação instalou-se nas suas vidas. E com ela a escassez. Passaram a sentir que lhes faltava algo e a buscar incessantemente aquilo que não sabiam ser o que lhes faltava. O dar e o receber ficaram envenenados.
Perderam-se algures por caminhos atribulados. Nada parecia satisfazer a falta. Foram preenchendo o vazio com tudo menos com o que realmente lhes faltava. A outra parte de si mesmos.

A sombra não se revia na luz. A luz não se revia na sombra. Nada do que parecia ser era e nada era o que parecia ser. Em aparente confusão trilhavam rumo a algum lugar que no entanto desconheciam ser exatamente onde já estavam. Cada um para o seu lado. Cada um ao seu jeito. Cada um querendo-se e no entanto esquecendo-se.

Tentaram de tudo. Jogaram. Aperfeiçoaram-se na sua separação.

Não funcionou. Faltava sempre algo.

Um dia chegaria em que ambos parariam por uns instantes. Eternos instantes. Em que os olhos se cruzam e os corpos se tocam de longe, sentindo-se. Reconhecendo-se.

E chegou. Esse dia. Chegou e ambos estremeceram. Havia algo ali. Algo de familiar. Algo que ligava os pontos e preenchia os espaços.

Ela, sensível, percebeu.

Ele, mental, pensou.

Mas ambos sentiram.

De ora em diante, de cada vez que se viam, de cada vez que se ouviam, de cada vez que as suas auras se cruzavam a Alegria do reencontro tomava conta deles.

Ainda assim era difícil admitir algo assim. Era difícil admitir que nada mais faltava. Que enfim poderiam viver inteiros. Que chegara o momento de se descobrirem na verdade do Amor que realmente eram. Era difícil admitir não porque fosse desagradável. Muito pelo contrário. Era perfeito – ainda que perfeito não tenha definição.

Era a simbiose perfeita entre feminino e masculino e estava ali, diante de ambos para aceitar, pegar, descobrir e desfrutar.

Com infinita paciência e delicadeza ela foi-se aproximando, mostrando-lhe pelo seu sentir que ele podia repousar no seu regaço e deixar-se enlear por esse amor, perder-se nesse amor sem barreiras ou restrições. Sem medo. Amar sem medo. Não há outro amor, pois ou há medo ou há amor. Ambos não podem coexistir. Ainda que eles tenham fingido que sim – ele e ela, ao longo de intermináveis eras. Mas apenas provaram que com medo não há amor. Ponto. Há algo similar, uma ilusão de amor – algo condicionado pelo medo e por isso preso numa camisa de forças que contrai a alma.

Ela sabia que chegara o momento de confiar sem limites. E a esse amor se entregou por completo.

Pouco a pouco ele veio. Dançaram. Perceberam. Perceberam-se. Enlearam-se. Criaram algo inteiramente novo. Uniram-se – fundiram-se… e deixaram de ser ele e ela, para apenas SER.

Isto é AMOR.

Nisto que é amor não há qualquer separação entre dar e receber, é uma troca criativa de Ser, na própria realidade física, trazendo à existência novas e inexploradas dimensões. A Nova Energia é a materialização do Amor, na fusão entre feminino e masculino dentro, e por sua vez fora, potenciando interações livres de necessidade, apego, julgamento e tudo o mais que nas páginas seguintes se expressa. E este feminino e masculino não dependem sequer do género humano a que correspondem – são um reflexo apenas do respirar interno, uno em si mesmo.

Ah… e tal como feminino e masculino apenas na Terra existem, assim também o Amor é algo neste planeta criado. Descubramo-lo, pois. De verdade.


The Love Story


The day had come. It was not an ordinary day. It was the day of awakening. It was the day when they would meet for the very first time. Well, it wasn’t really the first time, but it sure seemed to be.

They had known about each other’s existence for a long time. In a time long gone there had been much love between them. Nevertheless, unforeseen circumstances has led to a profound metamorphosis of this love. It had undergone hurts, pains, anguishes, sadnesses, spites, coming to rest upon the darkest shores of hatred. In due course it came through the veil of indifference, falling into the trap of adamant rejection. Forgotten, it allowed the doors of feeling to be shut and locked. The lock became old and rusty and its key got lost in the mires of time.

And thus each one had followed a lonely path, completely ignoring the other’s existence. What had begun as a deliberate ignorance, became such a deeply ingrained habit that sooner or later neither one remembered that there had ever been another.

Each one had taken it upon themselves to play both parts, thinking it would be easy to do it all on their own. And the pattern set in. The pattern of not knowing how to ask for help, the pattern of demanding, the pattern of imposing, the pattern of rejecting, judging, justifying, arguing – the permanent intolerance of one who has forgotten how to listen… who cannot communicate.

Separation became their way of life. And with it came lack. They felt there was something missing. They sought ceaselessly, even though they knew not what was missing. The giving and the receiving became poisoned.

They got lost amidst the tangled paths of their searches. Nothing seemed to fulfil the lack. Notwithstanding, they tried and tried to fill the emptiness with all but that which really was missing. The other part of themselves.

The shadow could not recognize itself in the light. The light could not recognize itself in the shadow. Nothing seemed to be what it was and nothing was what it seemed to be. Apparently confused they headed towards a place which they were unaware of being exactly where they already were. Each one for themselves. Each one going their own way. Longing for each other and nevertheless forgetting it.

They tried everything. They played. They perfected their separation.

It didn’t work. Something was always missing.

One day would come when they both would stop for a few moments. Eternal moments. When the eyes meet and the bodies touch from afar, feeling each other. Recognizing each other.

And that day came. Finally. They both shuddered. There was something there. Something familiar. Something that filled in the spaces and joined the dots.

Sensitive, she understood.

Mental, he thought.

But they both felt.

From then on, whenever they saw each other, whenever they heard each other, whenever their auras mingled, the Joy of recognition enveloped them.

Even so, it was hard to accept something like this. It was hard to admit that nothing else was missing. That they could finally live as whole beings. That the moment had come for them to discover themselves in the truth of the Love that they actually were. It was hard to admit not for being terrible. Much on the contrary. It was perfect – even though perfect has no definition.

It was the perfect symbiosis between masculine and feminine and it was right there, before both of them, to accept, to grasp, to discover, to enjoy.

With infinite patience and delicateness, she moved closer, showing him through her feeling, that he could rest in her arms and let himself entwine in this love, get lost in this love with no limits or restraints. Fearlessly. Loving fearlessly. There is no other love, for either there is fear or there is love. They cannot coexist. Oh yes, they did pretend so – him and her, throughout endless ages. But all they came to prove was that with fear there is no love. Full stop. There is something similar, an illusion of love – something which is conditioned by fear, suffocating the soul. 

She knew that the moment to trust was upon them. To trust with no limits. Thus she surrendered completely to this love.

Slowly he came. They danced. They understood. They understood each other. They entwined. They created something totally new. They United – they merged… they ceased to be him and her and became Isness.

This is LOVE.

In this that love is, there is no separation between giving and receiving. It is a creative exchange of BEIng, in physical reality, bringing to existence new and unexplored dimensions. New Energy is the materialization of Love, in the fusion between feminine and masculine within and therefore without. This, inevitably generates interactions which are free from need, attachment, judgment and all of the other love killers which are mentioned in the following pages. Furthermore, this feminine and masculine do not even depend on the human gender they belong to – they are a mere reflexion of the inner breath, unified in itself.

Ah… and in the same way that feminine and masculine exist solely on Earth, so is Love and earthly creation.
 Let’s discover it, shall we? As it truly is.


T. C. Aeelah

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Corpo, Mente e Espírito

Mais um capítulo do trabalho que fiz em 2004 para a disciplina de Psicossociologia, com o título de Programação Positiva (no âmbito de uma pós-graduação em Exercício e Saúde)

CORPO, MENTE E ESPÍRITO


            Como já referi anteriormente, convém nunca esquecer que somos seres tridimensionais de corpo, mente e espírito. Os conflitos nas nossas vidas diárias surgem precisamente do desfasamento entre as escolhas do corpo, mente e espírito. O nosso corpo pode escolher uma experiência que por sua vez a mente, rejeita, por exemplo. E ainda a nível da mente existem outros três níveis: a lógica, a intuição e a emoção. Imagine-se então o conflito gerado se por acaso estamos a tomar decisões e a fazer escolhas diferentes a esses três níveis da mente. Mas existem ainda mais cinco níveis no campo das emoções. São eles as cinco emoções naturais: a angústia, a ira, a inveja, o medo e o amor. Ainda dentro destes existem dois níveis finais: o medo e o amor. Poder-se-há então dizer que o medo e o amor são a raiz de todas as emoções. Mas mais ainda, e a um nível mais básico existe apenas dor e prazer. Tudo o que gostamos dá-nos prazer e o que desgostamos causa-nos dor.
            Se seguirmos a cadeia dos desejos, no fundo somos todos iguais. Queremos ser felizes, queremos sentir-nos realizados. Queremos que as nossas vidas tenham significado e propósito. Queremos sentir-nos ligados a Deus, ou ao Espírito, ou à Fonte, chamem-lhe o que entenderem. Queremos ser amados e respeitados pelos outros. Queremos sentir-nos seguros. Estes são desejos universais, mas os caminhos que tomamos para lá chegar são unicamente nossos, baseados nas nossas experiências individuais, nas nossas memórias. Cada um de nós é um espírito, projectando um ponto de vista particular, mas cada um dos nossos seres é inseparável de tudo o que existe. Compreender esta afirmação pode levar uma vida inteira, embora a sua compreensão tenha um significado extremamente profundo para as nossas vidas.
            Passo a citar um excerto que me parece ilustrar de forma viva e pertinente o que acabo de afirmar. No resumo do livro de Paulo Coelho “O Alquimista” pode ler-se:
“ “Cada homem na face da Terra tem um tesouro que está esperando por ele” disse o seu coração. “Nós, os corações, costumamos falar pouco destes tesouros, porque os homens já não querem mais encontrá-los. Só falamos deles às crianças. Depois deixamos que a vida encaminhe cada um em direcção ao seu destino. Mas infelizmente, poucos seguem o caminho que lhes é traçado, e que é o caminho da Lenda Pessoal e da felicidade. A maioria acha o mundo uma coisa ameaçadora. (…) Então nós, os corações, vamos falando cada vez mais baixo, mas não nos calamos nunca. E torcemos para que as nossas palavras não sejam ouvidas: não queremos que os homens sofram, porque não seguiram os seus corações.”






Voar

“Aproximai-vos da beira”, disse ele.
“Não conseguimos Mestre, temos medo”.
“Aproximai-vos da beira”, disse ele.
“Não conseguimos Mestre, temos medo”.
“Aproximai-vos da beira”, disse ele.
Eles aproximaram-se.
Ele empurrou-os…
Eles voaram.


In “The Journey”, Brandon Bays (1999)




domingo, 13 de dezembro de 2015

Impermanência / Impermanence

Aceitar a impermanência da vida é saber que cada agora é único e irrepetível, seja qual for a sua natureza. Mesmo o que parece repetir-se difere de muitas formas. A génese da consciência muda a forma como o conteúdo é apreendido e pode mudar também o próprio conteúdo.
De que forma escolhes viver o conteúdo único do teu agora?


***

Accepting the impermanence of life is knowing that each NOW is unique and cannot be repeated, whatever its nature. Even what seems to repeat itself differs in many ways. The genesis of consciousness changes one’s approach to the content of each moment and can also change the content itself.

In what way do you choose to live the unique content of your NOW?


sábado, 12 de dezembro de 2015

Ser Mulher


SER MULHER



Ser mulher é ter firmeza É ter um doce numa mão e a outra em cima da mesa, Saber ter dúvidas, saber ter a certeza. Ser mulher é ter proeza Ter uma mala na mão, no pulso pulseira de prata, Tratar de mil assuntos, colocar um brinco de pedra Agata. Ser mulher é ter coragem Conseguir saber ser mulher, ser também boa mãe, Ter uma certa pureza, sensualidade também. Ser mulher é ser completa Ter sonhos e imaginação, ter coragem para avançar, Saber ouvir uma boa canção, ter sabedoria e saber estar.


Patrícia Ferreira
Artista

(Aceita encomendas de pintura)


Grata por me permitires partilhar aqui a tua arte Patrícia :)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Sobre morte e renascimento... / About death and rebirth...

Não se pode pedir a um vulcão que seja uma fonte, nem a uma fonte que seja um vulcão. O vulcão destrói e transforma. A fonte regenera e nutre. E cada coisa tem o seu propósito perfeito na dança da criação.
Morte e renascimento entrelaçam-se continuamente no devir constante que a vida respira. Perceber isto, autorizando que os ciclos naturais de luz e sombra se sucedam em equilíbrio, é a plenitude sábia de Ser na matéria, tangível… etérea.
O visível e o invisível, um e o mesmo sem no entanto o parecer.
Não fujas de um nem de outro, morte ou renascimento, pois embora pareçam distintos coexistem em ti. Negar uma parte é anular a integridade da outra. Permitir ambas é aceitar viver, fluir, acontecer.

Cada um de nós é o que acontece no espaço entre o ontem e o amanhã, enquanto o vulcão e a fonte dançam o que são.


***

One cannot ask a volcano to be a fountain, or a fountain to be a volcano. The volcano destroys and transforms. The fountain regenerates and nourishes. And each thing has its own perfect purpose in the dance of creation.
Death and rebirth entwine continuously in the constant change that life breathes. Understanding this, allowing the natural cycles of light and shadow to succeed each other in balance, is the wise fulfilment of Being in form, tangible… ethereal.
The visible and the invisible, one and the same and yet not seeming so.
Don’t flee either from one or from the other, death or rebirth, for though they do not appear to, they both coexist in you. Denying one part is removing the other’s integrity. Allowing both is accepting to live, to flow, to happen.


Each one of us is what happens in the space between yesterday and tomorrow, whilst the volcano and the fountain dance what they are. 



quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A Essência do Espírito

De um trabalho que fiz em 2004 para a disciplina de Psicossociologia, com o título de Programação Positiva

A ESSÊNCIA DO ESPÍRITO -
UMA HISTÓRIA


Segue uma história derivada do Chandogya Upanishad, um dos mais importantes textos Vedânticos. Esta história descreve de forma sublime a natureza do Ser não local.
“Há milhares de anos o grande sábio Uddalaka Aruni enviou o seu filho Svetaketu, de 12 anos, a um grande guru para que o rapaz pudesse aprender aprofundadamente acerca da realidade mais transcendente.
Durante 12 anos Svetaketu estudou com o seu mestre e memorizou todos os Vedas (ciências ou conhecimento). Quando Svetaketu regressou a casa, o seu pai reparou que o filho agia como se tivesse aprendido tudo o que havia para aprender. Então Uddalaka decidiu fazer uma pergunta ao seu filho.
“Meu sábio filho, o que é aquilo que não pode ser ouvido mas que possibilita a audição, que não pode ser visto mas que possibilita a visão, que não pode ser conhecido mas que possibilita o conhecimento, que não pode ser imaginado mas que possibilita a imaginação?”
Svetaketu ficou perplexo e silencioso.
O seu pai disse, “Quando conhecemos uma única partícula do barro, todos os objectos de barro são conhecidos. Quando conhecemos um único grão de ouro, todos os objectos de ouro são conhecidos. A diferença entre uma jóia de ouro e outra reside apenas no seu nome e na sua forma. Na realidade todas as jóias de ouro são apenas ouro, e todos os potes de barro são apenas barro. Podes dizer-me meu filho, o que é essa coisa única cujo conhecimento traz o conhecimento de tudo?”
Svetaketu respondeu, “Infelizmente o meu mestre não me deu esse conhecimento. Podes fazê-lo tu?”
“Muito bem,” disse Uddalaka. “Deixa-me dizer-te. Todo o universo é uma realidade, e essa realidade é a consciência pura. A consciência pura é a existência absoluta. É Um que não é seguido de um Dois. No início o Um disse para si mesmo, “diferenciar-me-ei em muitos, tornando-me assim todos os que vêem e tudo o que se vê”. O Um entrou nos muitos, e tornou-se no Ser de cada um. Os seres de todas as coisas são o Um, e esse Um é a essência subtil de tudo o que existe. Tu és isso, Svetaketu. Desta mesma forma, as abelhas fazem o mel a partir do néctar de muitas flores, mas uma vez que o mel esteja pronto o néctar não pode dizer “eu sou desta flor, ou daquela”. De igual forma, quando te unes ao teu Ser virtual unificas-te com o Ser de tudo o que existe. Este é o verdadeiro Ser de tudo, e Svetaketu, tu és isso”.

O jovem respondeu, “Elucida-me mais, meu pai”.
Uddalaka fez uma pausa antes de falar novamente. “ O rio Ganges flui para leste. O rio Indo flui para oeste. No entanto, em última instância, ambos se transformam no mar. Tendo-se tornado no mar, não pensam mais “eu sou o Ganges” ou “eu sou o Indo”. Do mesmo modo meu filho, tudo o que existe tem a sua fonte no Ser não local, e esse Ser é a essência mais subtil de tudo. É o verdadeiro Ser. Svetaketu, tu és isso.”
“Quando o rio seca e morre, o Ser não morre. O fogo não consegue queimá-lo, a água não consegue molhá-lo, o vento não pode secá-lo, as armas não podem despedaçá-lo. É inato, sem início nem fim. Está para além das fronteiras do espaço e do tempo, permeando todo o universo. Svetaketu, tu és isso.”
“Elucida-me mais, pai,” replicou entusiasticamente Svetaketu.
Uddelaka disse, “traz-me uma fruta da árvore nyagrodha”.
Svetaketu trouxe a fruta.
“Abre-a”.
Svetaketu assim fez.
“O que vês, meu filho?”
“Pequenas sementes, meu pai”.
“Desfaz uma agora”.
Svetaketu desfez a pequena semente.
“Que vês, meu filho?”
“Vejo que nada resta, meu pai”.
“Aquilo que não vês é a essência subtil, e toda a árvore nyagrodha provém daí. Da mesma forma o universo emerge do Ser não local”.
Finalmente Uddelaka pediu a Svetaketu que colocasse um cubo de sal num balde de água. No dia seguinte o sábio pediu ao seu filho para que este lhe desse o cubo de sal de volta.
“Não posso dar-to de volta”, respondeu o jovem. “Dissolveu-se”.
Uddelaka pediu ao seu filho que provasse a superfície da água. “Diz-me, como está?”
“Está salgada, meu pai.”
“Prova-a no meio e vê como está”.


“Está salgada, meu pai”.
Prova-a no fundo e diz-me como está”.
“Está salgada, meu pai”.
“Tal como o sal está localizado no cubo e disperso na água, assim também está o teu Ser simultaneamente localizado no teu corpo e disperso no universo inteiro”.
“Meu querido filho”, disse Uddelaka, “não percebes o Ser no teu corpo, mas sem ele a percepção não seria possível. Não consegues compreender o Ser, mas sem ele a compreensão não seria possível. Não consegues imaginar o Ser, mas sem ele a imaginação não seria possível. No entanto, quando te tornas no Ser e vives a partir do nível não local do Ser, estarás ligado a tudo o que existe, pois o Ser é a fonte de tudo o que existe. A verdade, a realidade, a existência, a consciência, o absoluto – chama-lhe o que quiseres, esta é a última realidade, o solo de toda a existência. E tu és isso, Svetaketu.”
“Vive a partir deste nível, Svetaketu, e todos os teus desejos realizar-se-ão, pois não são apenas os teus desejos pessoais, estarão alinhados com os desejos de tudo o que existe.”
Svetaketu praticou tudo o que tinha aprendido e tornou-se num dos maiores mestres da tradição Vedântica.


A Alma

“ “Ser” é uma expressão da alma e da mente. “Fazer” é uma
expressão do corpo. Todas as experiências do corpo advêm de
experiências da alma ou da mente. Tu escolhes de qual deles.(…)
A alma sente sempre felicidade, pois a alma é felicidade.
A alma sente sempre amor, pois a alma é amor.
A alma sente-se sempre ligada com a magnificência da vida, pois a alma
é a magnificência da vida, exprimida.”


In “The New Revelations”, Neale Donald Walsch (2003)


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015


Se é possível, porque não?

Aqui ficam as minhas Reflexões Finais, inseridas no Manual a entregar aos pais e educadores durante o workshop "Como Lidar com Filhos Hiperativos - seja a mudança que espera deles" facilitado por Tânia Castilho e Joana Ferreira (um workshop  do programa Focus School, da Linda's School, Instituto de Línguas; próxima data 19/12, 15h às 18h, no Instituto de Línguas do Centro em Abrantes) -mais info em www.institutolindaschool.com ou na página Facebook https://www.facebook.com/lindasschool/


A era da informação, junto com toda a evolução tecnológica a ela associada, abriu-nos portas nunca antes imaginadas, expandindo sem fim os nossos potenciais.
Vivemos hoje uma abundância enorme de tudo. Ainda assim, vivemos a ilusão de que somos escassos.
Chegámos a uma encruzilhada na senda da humanidade e cabe a cada um de nós reavaliar a nossa ordem de prioridades, discernir o que realmente nos importa, o que realmente necessitamos, o que realmente queremos e quem realmente somos.
É nesta reavaliação que assenta o mundo dos nossos filhos, adultos de amanhã, líderes de um futuro que se mostra incerto mas pleno de possibilidades.
Comecemos por estar gratos por estarmos aqui, por tudo o que temos e por tudo o que é possível, por podermos escolher e por podermos amar, decidindo claramente qual é o rumo da nossa própria caminhada.
A cada momento o medo do que não queremos puxa-nos e prende-nos, mas podemos igualmente escolher libertar-nos no amor do que sabemos querer.
Eis um trecho do famoso livro de Paulo Coelho, “O Alquimista”, com mais de 30 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, e que ilustra estas minhas reflexões:
“(…) - Não te entregues ao desespero – disse o Alquimista, com uma voz estranhamente doce. – Isso faz com que tu não consigas conversar com o teu coração.
- Mas eu não sei transformar-me em vento.
- Quem vive a sua Lenda Pessoal, sabe tudo o que precisa de saber. Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar.
- Não tenho medo de fracassar. Apenas não sei transformar-me em vento.
- Pois terás que aprender. A tua vida depende disso.
- E se eu não conseguir?
- Vais morrer por teres vivido a tua Lenda Pessoal. É muito melhor do que morrer como milhões de pessoas, que jamais souberam que a Lenda Pessoal existia. Mas não te preocupes. Geralmente a morte faz com que as pessoas fiquem mais sensíveis à vida. (…)”
E assim é que podemos, se assim o escolhermos, ser exemplos vivos daquilo que gostaríamos realmente que os nossos filhos aprendessem, hoje, tornando o nosso mundo coerente, bem como o deles, e multiplicando exponencialmente a quantidade de mundos coerentes… mas acima de tudo, aumentando radicalmente a possibilidade de um mundo mais coerente para todos e com todos.