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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O Vento

O Vento


Este fim de semana uma amiga, a Maria Antonieta, partilhou connosco a sua relação com o vento. Era uma relação complexa. Sentia-se incomodada por ele. Identificava-o como violento, furioso. Mas viu-se confrontada com a necessidade de conviver com ele toda a noite e na sua Mestria, fez uma nova escolha. Em vez de rejeitá-lo, decidiu aceitá-lo, deixar-se abraçar por ele, libertá-lo da sua crença. E sabes, sempre que nos permitimos largar o apego a uma estrutura, seja ela uma crença ou outra estrutura qualquer que nos condicione na nossa vivência, ficamos mais livres – ficamos disponíveis para criar uma nova relação com a vida.

Aqui fica a partilha do que o coração dela respondeu ao julgamento da mente dela:

“Fiz as Pazes com o Vento”
“O vento só fala do vento. Se outra coisa ouviste ou sentiste, é MENTIRA. Pura mentira imaginada! E a mentira está em ti!”

Escrito a 9/02/2014 na sequência do Encontro Vivencial Mente e Alma… no meu Corpo (Costa Vicentina – Ilha do Pessegueiro)

Esta partilha preciosa é válida para tudo o que está condicionado em nós. Tal como o vento, esta partilha convida-nos a soprar as nuvens do apego às formas pensamento/padrões/hábitos/estruturas internas que nos fazem sentir presos e permitirmo-nos estabelecer uma nova relação connosco próprios e com tudo o que faz parte da nossa realidade.

Foi o que fiz no dia seguinte. Após uma noite de intensa ventania, o dia nasceu com sol a raiar por entre nuvens dispersas no azul celeste. Ainda que menos intenso, o vento ainda brincava com as árvores lá fora, convidando toda a natureza a bailar. Também me apeteceu bailar com todos os elementos. Apeteceu-me tanto que o frio deixou de influenciar o meu sentir. Tanto que o mar se me apresentou suave ao ponto de me permitir ser beijada por ele. A sensação do vento na pele quando não se rejeita pelo frio, da água fresca circulando qual sangue intenso pelas veias, dos pés na areia gelada massajando todos os poros, do sol morno envolvendo o horizonte, do ar vivo a entrar pelas narinas e a preencher cada recanto do corpo, do riso solto ecoando pelo alegre brincar das ondas, dos braços ao alto em absoluta gratidão… é algo cujo êxtase ultrapassa o domínio restritivo das palavras. Ahhhh quão grata estou ao vento pelo seu convite.

O vento é o vento. O mar é o mar. O sol é o sol. A areia é a areia. O céu é o céu. Nenhum é algo que não é nem poderia ser pois não saberia sê-lo. Assim é o SER. Assim SOU.


Gratidão.





Praia das Furnas, Costa Vicentina - Alentejo (Milfontes)

1 comentário:

  1. Quão sedutora e mágica são as multi-maravilhas, da Mãe-Natureza!!!
    Que cumplicidade de fluxos e refluxos, de encontros e reencontros energeticamente belos nos seus resplandecentes contornos de VIDA!!!
    HUF, Vai um mergulho extensível e emergente nesta Onda Mágica da Natureza?
    Artemis

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